a) A expedição de Cabral
Depois que Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para as índias, o rei de Portugal, D. Manuel, resolveu mandar ao Oriente uma esquadra poderosa para estabelecer relações comerciais com as índias e fundar um império colonial. Para comandar essa esquadra era necessário um homem habituado com a vida da corte e que soubesse lidar com os príncipes orientais. Por isso o soberano escolheu para tão alto posto um fidalgo, Pedro Álvares Cabral.
Além de uma tripulação de 1200 homens, a esquadra, formada de 13 navios, levava vários frades franciscanos, chefiados por frei Henrique Soares, da cidade de Coimbra, e degredados, isto é, condenados que o rei enviava para as terras distantes. Também participavam da expedição grandes marinheiros, que já se haviam distinguido em viagens anteriores: Nicolau Coelho, companheiro de Vasco da Gama na expedição que descobriu o caminho para as índias, Bartolomeu Dias, o descobridor do Cabo da Boa Esperança, e seu irmão Diogo Dias.
Pedro Álvares Cabral.
A esquadra partiu de Portugal a 9 de março de 1500, mas não seguiu exatamente o caminho que Vasco da Gama havia percorrido: afastando-se muito da costa da África, os navios aproximaram-se de terra a 21 de abril. Nesse dia foram avistados ervas que os marinheiros chamam botemos e rabos-de-asno; no dia seguinte, que era uma quarta-feira, apareceram outros sinais: bandos de aves conhecidas pelo nome de fura-buchos e, à tarde, encontrou-se afinal terra, sendo visto primeiramente um monte alto e redondo, que foi chamado Pascoal.
No dia seguinte, 23 de abril, exploraram a costa próxima e encontraram um bom porto para abrigar a esquadra e que atual-mente sé chama baía Cabrá-lia. Estabeleceram-se também, por meio de sinais, as primeiras relações com os índios que aos poucos se aproximavam do litoral: eram índios da nação ou grupo dos tupis e pertenciam à tribo dos tupiniquins.
No domingo, dia 26 de abril, frei Henrique Soares rezou a primeira missa, num ilhéu, o da Coroa Vermelha. Em seguida, resolveram enviar a Portugal um navio, o que era comandado por Gaspar de Lemos, para levar ao rei a carta de Pêro Vaz de Caminha.
A 1.° de maio foi rezada, ainda per frei Henrique Soares, a segunda missa, desta vez em terra firme e diante de uma grande cruz de madeira, construída por dois carpinteiros da esquadra.
No dia seguinte a esquadra partiu para as Índias, deixando no Brasil dois degredados. Quando se aproximava do Cabo da Boa Esperança enfrentou violento temporal: quatro navios afundaram, morrendo Bartolomeu Dias, comandante, de um deles.
b) Questões sobre o descobrimento do Brasil
Há historiadores que afirmam ter sido por casualidade que a esquadra de Cabral tocou na costa brasileira: houve um grande desvio da rota para evitar as calmarias (falta de vento) ou porque os navios fossem arrastados por corrente marítima. Os que não aceitam essa explicação afirmam que o desvio não devia ser tão grande a ponto de a esquadra atravessar o oceano Atlântico e, se os navios fossem levados pela corrente, teriam chegado a um trecho do litoral muito mais ao norte.
Atualmente, a opinião mais aceita é a da intencionalidade: antes de partir para as índias, Pedro Álvares Cabral teria recebido ordens secretas para chegar à costa brasileira. Nesse caso, os portugueses já tinham conhecimento ou desconfiavam da existência do Brasil, mas só depois de garantir a sua posse pelo Tratado de Tordesilhas (1494), é que resolveram fazer seu descobrimento oficial.
Outra questão relativa ao descobrimento é a de saber-se quem esteve no Brasil antes de Cabral. Ê o que se chama questão da prioridade. Está provado que em janeiro de 1500 o espanhol Vicente Pinzón percorreu a costa norte do Brasil, descobriu a foz do Amazonas, que chamou Mar Dulce, e chegou à do Oiapoque, rio que durante muito tempo teve o nome de Vicente Pinzón. Pouco depois, outro espanhol, Diogo de Lepe, percorreu o mesmo caminho de Pinzón.
Também se afirma que portugueses estiveram no Brasil antes de Cabral. Um deles seria Duarte Pacheco Pereira cuja viagem foi feita em 1498. Muitos" pensam, porém, que Pacheco Pereira esteve apenas no litoral da América do Norte.
Outra questão refere-se aos nomes dados ao Brasil. O primeiro foi o de Ilha da Vera Cruz que. está escrito na carta de Pêro Vaz de Caminha. Pouco depois o rei era informado de que as terras brasileiras ficavam num continente: daí o nome de Terra de Santa Cruz que substituiu o de Ilha da Vera Cruz. Também em alguns mapas o nosso país aparece com o nome de Terra dos Papagaios. Mas logo se tornou definitivo o de Brasil, em virtude da madeira, encontrada em grande trecho da costa, chamada pau-brasil, cuja tinta avermelhada servia para tingir panos
.
Quanto ao nome brasileiro convém saber que a princípio ele era aplicado apenas aos que tinham a profissão de comerciar com aquela madeira, pois na língua portuguesa o sufixo eiró designa profissão ou ofício como nas palavras pedreiro, carpinteiro. Somente mais tarde é que o termo brasileiro passou a denominar os que nasciam no Brasil.
Finalmente há a questão da data certa do descobrimento. Pensou-se, durante muito tempo, que o Brasil tivesse sido descoberto no dia 3 de maio por ser dia de Santa Cruz, um dos nomes dados ao Brasil. Naquele tempo os portugueses costumavam dar aos acidentes geográficos, como baías, ilhas, o nome do santo do dia que era comemorado na ocasião do descobrimento. Entretanto, a carta de Caminha, encontrada no século passado, corrigiu o engano: nesse documento está escrito que o Monte Pascoal foi avistado a 22 de abril de 1500.
c) A carta de Caminha
Pêro.Vaz de Caminha tornou-se figura importante no descobrimento do Brasil por haver escrito uma carta ao rei D. Manuel relatando todos os acontecimentos ocorridos com a expedição desde a partida da Europa até o dia 1.° de maio de 1500, quando a esquadra já se preparava para deixar o Brasil em sua viagem com destino à Ásia.
Esse importante documento, escrito em forma de diário, foi guardado em Lisboa, na Torre de Tombo, onde, durante muito tempo, permaneceu ignorado dos historiadores. Somente em 1817 é que a carta de Caminha foi publicada, pela primeira vez, no livro chamado Corografia Brasílica, escrito pelo padre Aires do Casal.
Caminha dedica a maior parte de sua carta em descrever os índios que os portugueses encontraram no litoral da Bahia. Conta que eles assistiram à missa, rezada em terra firme, com muita atenção e respeito e, por isso, aconselha ao rei D. Manuel mandar missionários para converte-los.
A carta diz ainda que não foram encontradas riquezas minerais mas a fertilidade da terra é muito grande e deve ser aproveitada para a atividade agrícola. Outra observação importante de Caminha é a de que o Brasil, por sua posição geográfica, poderá abastecer os navios com destino à Ásia.
A carta corrigiu dois erros graves sobre o descobrimento do Brasil: o da data, que todos pensavam ser a 3.de maio e o do porto encontrado por Cabral, que não é o atual Porto Seguro mas a Baía Cabrália, pois nessa baía está o ilhéu onde foi rezada a primeira missa.
Elevação da Cruz, em Porto Seguro.
(Quadro do Pe. José Pinto Peres).
RESUMO Descobrimento do Brasil
a) A expedição de Cabral
O plano de D. Manuel: fundar um império colonial nas Índias.
Composição da esquadra: tripulação de 1200 homens, degredados, frades franciscanos, Nicolau Coelho, Bartolomeu Dias e Diogo Dias.
Sinais de terra: botelhos e rabos-de-asno (dia 21 de abril) e fura-buchos (22 de abril, pela manhã).
As missas: primeira missa no ilhéu da Coroa Vermelha (26 de abril) e em terra firme (1." de maio).
b) Questões sobre o descobrimento do Brasil
Principais questões: casualidade ou intencionalidade, prioridade, a questão dos nomes dados ao Brasil e a questão da data.
Prioridade espanhola: Vicente Pinzón e Diogo de Lepe.
Os nomes.: Ilha da Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Terra dos Papagaios e Brasil.
c) A carta de Caminha:
O conteúdo da carta: desde a partida de Portugal até 1.° de maio de 1500. A divulgação da carta: em 1817, no livro Corografia Brasílica, de Aires do Casal.
As observações de Caminha. sobre os índios, a inexistência de riquezas minerais p a posição do Brasil para o abastecimento dos navios que se destinam às Índias.
"Primeira Missa no Brasil". (Quadro de Victor Meirelles). Trata-se da primeira missa em terra firme, rezada por Frei Henrique de Coimbra, em 1° de maio de 1500. A primeira, no Brasil, fora rezada num ilhéu.
http://www.consciencia.org/resumo-sobre-o-descobrimento-do-brasil
A EDIÇÃO ELETRÔNICA DO © MOBRAUN - MOVIMENTO BRASILEIROS UNIDOS É REGIDA PELOS PRINCÍPIOS DO CONHECIMENTO COMPARTILHADO ( COPYLEFT), QUE VISAM ESTIMULAR A AMPLA CIRCULAÇÃO DE IDÉIAS E PRODUTOS CULTURAIS. A LEITURA E REPRODUÇÃO DOS TEXTOS É LIVRE, NO CASO DE PUBLICAÇÕES NÃO COMERCIAIS. A CITAÇÃO DA FONTE É BEM VINDA. MAIS INFORMAÇÃO SOBRE AS LICENÇAS DE CONHECIMENTO COMPARTILHADO PODEM SER OBTIDAS NA PÁGINA BRASILEIRA DA CREATIVE COMMONS. NÃO EXALTAMOS RAÇA ALGUMA COMO SUPERIOR A OUTRA.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário