quarta-feira, 7 de março de 2012

IMPOTÊNCIA MASCULINA

Impotência não é sinônimo de falta de amor; saiba como lidar com a disfunção do parceiro

Bárbara Stefanelli
Do UOL, em São Paulo
Casos de impotência sexual são bastante comuns. No Brasil, segundo o urologista Carlos Bezerra, membro da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), de 45% a 50% dos homens acima de 18 anos sofrem a disfunção em algum grau (mínimo, moderado ou grave). Seja por causa da chegada da idade ou de problemas psicológicos, como depressão e nervosismo, muitas mulheres têm de lidar com a questão. E, segundo terapeutas sexuais, o papel delas pode ser fundamental na cura ou melhora do problema.
Conforme afirma o sexólogo Theo Lerner, nos homens abaixo dos 50 anos, “as principais causas da impotência são de fundo emocional e causadas pela ansiedade, impedindo a ereção”. O psicólogo ainda explica que, normalmente, o homem impotente nem sempre está preocupado com questões que envolvem o seu comportamento sexual ou desempenho na cama.
A inquietação pode ser causada pelo trabalho, por exemplo, segundo Miriam Barros, psicóloga clínica e psicodramatista. “Normalmente, os acontecimentos na vida do homem, que o fazem se sentir diminuído ou com baixa autoestima, podem contribuir para a dificuldade de ereção. Questões ligadas à área profissional, como perder o emprego ou se sentir fracassado, colaboram para a impotência, assim como os momentos de muita pressão e ansiedade.”
No entanto, por mais que a impotência não tenha a ver com o casal, as parceiras costumam achar que a disfunção é sinônimo de desinteresse sexual ou emocional do homem, como explica Lerner.  “Muitas vezes, as mulheres acham que a impotência é sinal de falta de amor. Ela passa a insistir que o homem mostre desempenho, para provar que é apaixonado por ela. No entanto, para ele, não é nada disso e essa atitude só piora a situação”, explica o terapeuta sexual.
Atitudes positivas da mulher
Segundo Theo Lerner, se a mulher for compreensiva e realmente quiser investir na relação, ela pode ter um papel fundamental na melhora do desempenho do parceiro. No entanto, o especialista em assuntos sexuais não recomenda um diálogo sobre o assunto logo de primeira. “Sentar e discutir a relação imediatamente só vai aumentar o problema. Se persistir, aí, sim, é bom chamar o parceiro para uma conversa e incentivá-lo a procurar ajuda”, explica.

Como a mulher não deve
agir com o parceiro?

- Não exija desempenho do homem. A cobrança gera mais ansiedade e só piora o problema;
- Se a relação não vai bem por outros motivos, não use a disfunção para atingir o parceiro;
- Não confunda ereção com amor. Dar prazer para a parceira não pode se tornar mais um problema para o homem; 
- Não tente resolver o problema sozinha. Insistir muitas vezes na ereção pode deixar o parceiro mais nervoso.
Fontes: Miriam Barros e Theo Lerner

Lerner ainda afirma que o ponto principal para encontrar uma solução é, por mais simples que pareça, saber que a disfunção existe. “Muitos homens recorrem ao auxilio químico [de remédios que tratam a impotência] e, por muito tempo, conseguem esconder a situação da parceira. Se ela souber que existe o problema, elimina essa situação de o homem ter que fingir que está tudo bem e isso com certeza facilitará o processo de cura”, diz. Um fator bastante comum, que pode indicar a impotência, é a falta de interesse sexual do homem que, envergonhado, passa a evitar o sexo.  
Paciência, por parte da mulher, também é fundamental no processo, diz a psicóloga Miriam Barros. “Compreendendo o lado do parceiro e se ele concordar, ela pode falar sobre o tema, mas de uma forma respeitosa. Quando for conversar, tem de tocar no assunto com muito cuidado, para que o homem não se sinta humilhado, pois é a masculinidade dele que está em jogo.”
Ajuda profissional
Se o homem perceber que o problema realmente saiu de controle e não é algo temporário, o ideal é procurar ajuda especializada. Segundo o urologista Carlos Bezerra, por mais que a maioria das causas da impotência seja de fundo psicológico, em primeiro lugar, é preciso procurar um médico. O especialista vai obter o diagnóstico, descobrir se o motivo é psicológico ou físico e encaminhar o paciente para o tratamento mais adequado.

Se for encaminhado para um terapeuta, dependendo da participação do paciente, os tratamentos não costumam ser demorados. “Além da conversa com o psicólogo, a terapia sexual reúne um conjunto de técnicas e exercícios que o especialista propõe para as pessoas fazerem em casa. Essas atividades ajudam a diminuir a ansiedade e fazem com que os homens voltem a ter controle sobre a ereção. A intenção é transformar a relação em um ato mais completo, em que a pessoa participa como pessoa e não apenas como órgão sexual”, explica Lerner.
No entanto, por mais que a companheira possa ajudar, participando das sessões ou colaborando em casa, a solução realmente está nas mãos do próprio homem. “A mulher pode ser uma aliada, uma pessoa que vai estar ao lado, acompanhando e dando apoio. Mas não é ela quem vai curar a disfunção”, finaliza a psicóloga Miriam.


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