quinta-feira, 18 de julho de 2013

MYRIAN RIOS E OS GASTOS DESCARADOS

Enviado por Ancelmo Gois -
16.7.2013
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17h46m

O COMBUSTÍVEL DA ALERJ

'Myrian Rios não convenceu', diz corregedor da Alerj

Para se livrar da acusação de uso indevido do cartão-combustível da Alerj, a deputada Myrian Rios, em seu depoimento hoje, afirmou que o seu cartão foi clonado e que ficava sob a responsabilidade de seu ex-motorista Anderson Souza da Silva. É ele quem a acusa de usar a verba pública para abastecer o carro particular em atividades particulares. O corregedor da Alerj, deputado Comte Bittencourt, reforçou que o fato mais grave na denúncia, revelada pelo Blog Ancelmo Gois, é o suposto reembolso que a parlamentar pedia na rádio católica Canção Nova, em Cachoeira Paulista, em São Paulo.
Segundo o ex-motorista, a deputada abastecia seu carro com o cartão-combustível e ia para a sede da rádio gravar seu programa religioso. Lá, Myrian pedia para ser reembolsada pelo gasto que teve com combustível.
- Isso é gravíssimo. Este é o centro da nossa investigação. O motorista foi muito seguro em suas afirmações - comenta Bittencourt.
O corregedor da Alerj rebateu a informação dada por Myrian Rios sobre a clonagem do cartão-combustível. Segundo ele, o cartão da deputada foi clonado em abril deste ano. Mas as denúncias são referentes a agosto, setembro e outubro de 2011.
- Nessa época, não houve clonagem. Portanto, este argumento não é válido. A deputada Myrian Rios não convenceu. Mas todas as informações passadas serão apuradas. Estamos pensando em convocar, em breve, a deputada e o ex-motorista para uma oitiva entre os dois já que contradições - comenta o corregedor, acrescentando que também vai apurar a nova denúncia feita, hoje, por Anderson Silva.
Até hoje, entre outras coisas, a deputada não esclareceu como seu cartão-combustível foi usado três vezes num mesmo dia, gastando valores que, somados, eram suficientes para abastecer dois tanques e meio de um Bora, o carro oficial dos deputados do Rio. Após a publicação da primeira matéria, a assessoria de imprensa da parlamentar procurou a coluna para negar as acusações.
- Descobrimos que um posto é perto da casa da deputada. Outro é perto da casa do ex-motorista e o terceiro posto é perto da casa do outro motorista. Mas ela nega que tenha feito qualquer irregularidade e diz que o Anderson era responsável pelo controle do cartão - conta o deputado Comte Bittencourt.
Em entrevista ao Blog Ancelmo Gois, Anderson Silva contou que o cartão-combustível só era usado com permissão da deputada ou da irmã dela, Maria Helena.
- Vamos convocar outras pessoas do gabinete, inclusive gente que trabalhava na época e não trabalha mais lá - acrescentou o corregedor.


Em seu depoimento, hoje, na Corregedoria da Assembleia Legislativa do Rio, Anderson Souza da Silva, de 35 anos, ex-motorista da deputada Myrian Rios, confirmou as acusações publicadas no blog da turma da coluna e fez uma nova denúncia. Segundo ele, um outro motorista, identificado apenas como Davi, funcionário do gabinete da parlamentar, ficava à disposição dos filhos da deputada. Anderson afirma ainda que, sob ordens de Myrian, Davi abastecia o carro da parlamentar com o cartão-combustível da Alerj para levar os filhos dela ao colégio.
- Levava ao colégio, à praia, curso, dentista... E para ele não pegar ônibus, já que ele chegava cedo, a deputada deixava ele usar o cartão para abastecer o carro dele. Ele abastecia três vezes na semana.
O depoimento de Anderson foi dado aos deputados Comte Bittecourt, corregedor da Alerj, e Luiz Paulo Corrêa da Rocha.
- Eles me fizeram muitas perguntas, perguntaram muito, muito. Fiquei lá cerca de uma hora - conta o ex-motorista.
Como a coluna publicou, no mês passado, Anderson Silva afirmou que a deputada Myrian Rios usou verba pública para abastecer o carro particular dela e até o da irmã, Maria Helena, em atividades que não tinham relação com o mandato parlamentar.
Além disso, o blog da turma da coluna publicou dados de uma planilha com os gastos do cartão-combustível da deputada, referentes aos meses de agosto, setembro e outubro de 2011. Naquele trimestre, houve dia em que o cartão foi usado três vezes e a soma dos gastos permitiria comprar mais combustível do que pode comportar o tanque de 55 litros de um Bora, o carro oficial dos deputados.
Alerj não revela gastos dos outros deputados
No dia 12 de abril, O GLOBO protocolou dois requerimentos de informações sobre o antigo e o novo contrato de gerenciamento do sistema de abastecimento da frota da Alerj. O contrato anual é de R$ 2,6 milhões. Cada um dos 70 parlamentares tem direito a R$ 2,7 mil por mês para gastar com combustível.

O prazo, previsto na Lei de Acesso à Informação, expirou em maio. Mas até hoje, cerca de dois meses depois, a Alerj não enviou nenhum e-mail sobre o assunto, nem para informar sobre a tramitação. Uma análise sobre esses relatórios poderia revelar se outros parlamentares usaram indevidamente o cartão-combustível.

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