Senado
Revista VEJA
Nascimento fará defesa tardia na tribuna do Senado
Ex-ministro dos Transportes deverá se defender das denúncias de corrupção, mas precisará poupar presidente Dilma Rousseff se quiser manter aliança de pé
Gabriel Castro
O pronunciamento de Alfredo Nascimento tem tudo para se transformar numa mera prestação de contas (Ana Amaral/DA Press)
Em seu retorno ao Senado, o ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, fará na tribuna um discurso cujo teor é mantido em segredo. Eleito pelo PR do Amazonas, o ex-ministro deve interpretar o tradicional papel de vítima dos políticos pegos em flagrante. Qualquer eventual crítica ao governo deve vir seguida de um elogio ainda mais enfático. O ministro caiu depois que VEJA revelou a existência de um grande esquema de corrupção nos Transportes.
Há uma margem estreita na qual Nascimento pode se movimentar sem deixar sequelas em seu partido ou na base aliada: se criticar a presidente Dilma Rousseff pela propalada "faxina" no ministério, ele coloca em risco a aliança do PR, legenda da qual é presidente, com o Planalto. Se não demonstrar-se indignado com as acusações, acabará passando a imagem de que a demissão foi merecida.
Postura - Não há sinais de que Nascimento vá transformar-se em delator. A postura do PR, até agora, foi a de priorizar a aliança com o governo. Mesmo após a demissão do ministro, quando não havia garantias de que o ministério continuaria com o partido, o discurso predominante era de cautela, sem ameaças ao governo.
Não que os integrantes da legenda estejam satisfeitos com as demissões: é que o PR precisa mais do governo do que o governo do PR. Sem os cargos, os orçamentos vultosos e os dividendos políticos de participar do governo, sobraria pouca coisa a manter a legenda viva.
Representantes do PR garantiram ao governo que não haverá novas denúncias nem ameaças na fala de Alfredo Nascimento. Faz sentido: de uma forma ou de outra, o bilionário Ministério dos Transportes continua nas mãos do partido.
Paulo Sérgio Passos, o substituto de Nascimento, não é só filiado ao PR como também era secretário-executivo da pasta e substituiu o ministro anterior por diversas vezes. Por isso, o pronunciamento de Alfredo Nascimento tem tudo para se transformar numa mera prestação de contas tardia.
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