Após protestos, vereadores restringem acesso a galerias
São José dos Campos
A Câmara de São José dos Campos montou um megaesquema de segurança para a sessão de hoje à tarde, em que pode ser votado o aumento de 80% sobre os salários dos vereadores.
O Legislativo solicitou o apoio da Guarda Civil Municipal e da Polícia Militar para conter possíveis tumultos e controlar o acesso de manifestantes às galerias --apenas 150 pessoas poderão acompanhar a sessão.
Estudantes, sindicalistas e líderes de movimentos populares prometem novos protestos contra o aumento, que pode elevar os subsídios dos vereadores a R$ 15 mil a partir de 2013.
Na quinta-feira passada, manifestantes lotaram a Câmara para pressionar os parlamentares a desistir do projeto. No dia seguinte, uma passeata contra o projeto chegou a parar a via Dutra.
“Após a manifestação hostil da semana passada, fui aconselhado a pedir o apoio da guarda e da PM”, disse o presidente da Casa, Juvenil Silvério (PSDB).
“É justa a manifestação, mas eu tenho que resguardar a segurança dos presentes e do prédio público.”
Projeto. Silvério voltou a afirmar que não irá retirar o projeto de aumento da pauta. “Não precisamos retirar o projeto porque a correção irá acontecer. Só não sabemos com qual índice. O teto de R$ 15 mil está superado, o valor será outro.”
Vice-presidente da Câmara, Miranda Ueb (PPS) afirmou que o esquema especial de segurança é preventiva.
“É para evitar os abusos de alguns manifestantes e depredações no bem público.”
Segundo Cristóvão Gonçalves (PSDB), na última sessão os manifestantes exageraram.
“Foi uma coisa ofensiva e desnecessária no meio de um protesto justo.”
Mobilização.Estudantes, sindicatos e representantes movimentos populares pretendem realizar hoje novos protestos contra o aumento.
“Os vereadores estão com medo da população, mas não têm vergonha de propor um aumento de 80%. Quem faz baderna são os vereadores ao propor um salário absurdo.
Eles devem retirar o projeto da pauta”, disse o presidente do diretório municipal do PSTU, Antonio Donizete Ferreira, o Toninho.
Segundo ele, cerca de 200 manifestantes irão comparecer à sessão de hoje, que começa às 17h30.
Passeata. Estudantes se reúnem hoje a partir das 16h na praça da Matriz para uma passeata pelas ruas da cidade em protesto contra os supersalários dos vereadores.
Ontem, eles distribuiram boletins na porta das escolas convocando mais estudantes.
“Nosso manifesto continua por meio da internet e de panfletos. E estaremos em maior número na sessão”, disse o estudante Luciano Skiter Delmondes, 23 anos.
“Somos contrários a qualquer reajuste. Queremos que os vereadores tirem o projeto de votação”, concluiu.
Grupo articula outro índice de aumentoSão José dos Campos
Vereadores articulam consenso para votar o aumento salarial na sessão de hoje.
O vereador Jairo Santos (sem partido) solicitou à economistas da Câmara e da prefeitura para projetar um reajuste baseado na reposição da inflação dos últimos três anos dos servidores somada a antecipação da inflação até 2016.
“Buscamos um índice com base no gatilho do servidor com projeções futuras para que o salário não fique defasado. Espero que o estudo fique pronto amanhã (hoje) para protocolarmos como emenda.”
Mas os vereadores ainda estão divididos.
“Ainda se discute se será apenas a inflação ou se haverá antecipação da correção dos próximos anos. Para mim, a inflação é o suficiente”, disse o vereador Cristóvão Gonçalves (PSDB).
Miranda Ueb (PPS) também irá votar pela reposição da inflação. “A grande maioria está pela inflação semelhante ao gatilho dos servidores.”
O número de vereadores contrários ao reajuste aumentou. Além dos quatro vereadores do PT, o vereador Walter Hayashi (PSB) e agora Macedo Bastos (DEM).