NOSSA REGIÃO
Jornal O VALE
August 28, 2011 - 04:00
Sessão que aprovou $uper$alário foi irregular
victor moriyama
Alteração que fixou subsídio dos vereadores de São José em R$ 13 mil não foi lida em plenário; segundo especialistas, manobra é ilegal já que fere o princípio constitucional da publicidade
Beatriz RosaSão José dos Campos
A sessão de Câmara que aprovou o aumento do salário dos vereadores de São José em 55,13% foi irregular.
Os vereadores feriram o princípio da publicidade e excluiram a leitura da emenda que fixou o valor do novo subsídio em R$ 12.907 a partir de janeiro de 2013. A manobra evitou a revolta dos manifestantes que acompanhavam a votação.
Com o acesso limitado, somente 150 pessoas foram autorizadas a participar da sessão. Outras 400 protestaram do lado de fora.
A emenda ao projeto que fixa o subsídio foi incluída no final da sessão e votada em menos de cinco minutos. Em seguida, após uma solicitação do vereador Cristóvão para acompanhar um evento em Brasília, a sessão foi encerrada.
Passados 15 minutos do término da votação, os manifestantes tiveram conhecimento do que foi votado e começaram a criticar o reajuste, mas o plenário já estava vazio.
Princípios. Especialistas em direito administrativo e direito eleitoral afirmam que a supressão da leitura do projeto fere o principio da publicidade e pode abrir brecha para uma avalanche de processos pedindo a anulação da votação.
“Tem que ler tudo. Em tese, essa sessão poderia ser anulada. Como as pessoas que acompanharam poderiam saber o que estava sendo votado? As sessões não são secretas ou ocultas”, disse a professora de direito administrativo da USP, Odete Medauar.
Para ela, a falta da leitura de um tema polêmico como o subsídio é irregular. “Foi uma maneira de enganar a população. A emenda faz parte do processo e deveria ter tido publicidade. É a regra.”
Para o especialista em direito eleitoral, João Fernando Lopes de Carvalho, a manifestação de algum vereador que tenha se sentido prejudicado pela discussão abreviada da matéria pode abrir brecha para a anulação da sessão.
“A discussão abreviada nas sessões é frequente nas Câmaras de todo o país, mas em projetos de menor importância. Se algum vereador entender que foi prejudicado, pode pedir a anulação da aprovação e a discussão em uma nova sessão”, afirmou.
Segundo ele, a população também pode questionar o rito de aprovação do projeto.
“O resultado irá depender da demonstração de prejuízo. Se a votação ferir o regimento da Casa, pode ser objeto de ação popular.”
Rito. O presidente da Câmara de São José, Juvenil Silvério (PSDB) afirmou que o rito seguiu as normas regimentais da Câmara. “O projeto foi lido quando entrou na Casa. Não houve nenhuma tentativa de esconder a votação. Ao ver o número do projeto as pessoas já sabem o conteúdo. É um processo automático.”
Segundo ele, todo o processo correu de forma transparente. “O projeto foi protocolado e seguiu todos os prazos regimentais e a sociedade se manifestou. Não houve votação acelerada ou no apagar das luzes.”
Silvério não teme ações judiciais. “Não vejo motivo para barrar a votação que aconteceu de forma transparente e legítima”, disse.
Integrante da Mesa Diretora, Luiz Mota (DEM) disse que não haveria necessidade de ler a emenda. “O corpo do projeto já identificava o teor do assunto. As pessoas em plenário podiam desconhecer o valor, mas não o projeto. E como estavam protestando não ficaram atentos a votação. Não há nada de irregular na votação. Já os vereadores não podem alegar desconhecimento. Todos sabiam o que estava sendo votado.”
Regimento. O assessor jurídico da presidência, Adriano Ramires, descartou irregularidades. “O regimento interno da Câmara determina que a emenda seja apresentada com 11 assinaturas para ser incluída na votação, sem a necessidade de leitura.”
A sessão de Câmara que aprovou o aumento do salário dos vereadores de São José em 55,13% foi irregular.
Os vereadores feriram o princípio da publicidade e excluiram a leitura da emenda que fixou o valor do novo subsídio em R$ 12.907 a partir de janeiro de 2013. A manobra evitou a revolta dos manifestantes que acompanhavam a votação.
Com o acesso limitado, somente 150 pessoas foram autorizadas a participar da sessão. Outras 400 protestaram do lado de fora.
A emenda ao projeto que fixa o subsídio foi incluída no final da sessão e votada em menos de cinco minutos. Em seguida, após uma solicitação do vereador Cristóvão para acompanhar um evento em Brasília, a sessão foi encerrada.
Passados 15 minutos do término da votação, os manifestantes tiveram conhecimento do que foi votado e começaram a criticar o reajuste, mas o plenário já estava vazio.
Princípios. Especialistas em direito administrativo e direito eleitoral afirmam que a supressão da leitura do projeto fere o principio da publicidade e pode abrir brecha para uma avalanche de processos pedindo a anulação da votação.
“Tem que ler tudo. Em tese, essa sessão poderia ser anulada. Como as pessoas que acompanharam poderiam saber o que estava sendo votado? As sessões não são secretas ou ocultas”, disse a professora de direito administrativo da USP, Odete Medauar.
Para ela, a falta da leitura de um tema polêmico como o subsídio é irregular. “Foi uma maneira de enganar a população. A emenda faz parte do processo e deveria ter tido publicidade. É a regra.”
Para o especialista em direito eleitoral, João Fernando Lopes de Carvalho, a manifestação de algum vereador que tenha se sentido prejudicado pela discussão abreviada da matéria pode abrir brecha para a anulação da sessão.
“A discussão abreviada nas sessões é frequente nas Câmaras de todo o país, mas em projetos de menor importância. Se algum vereador entender que foi prejudicado, pode pedir a anulação da aprovação e a discussão em uma nova sessão”, afirmou.
Segundo ele, a população também pode questionar o rito de aprovação do projeto.
“O resultado irá depender da demonstração de prejuízo. Se a votação ferir o regimento da Casa, pode ser objeto de ação popular.”
Rito. O presidente da Câmara de São José, Juvenil Silvério (PSDB) afirmou que o rito seguiu as normas regimentais da Câmara. “O projeto foi lido quando entrou na Casa. Não houve nenhuma tentativa de esconder a votação. Ao ver o número do projeto as pessoas já sabem o conteúdo. É um processo automático.”
Segundo ele, todo o processo correu de forma transparente. “O projeto foi protocolado e seguiu todos os prazos regimentais e a sociedade se manifestou. Não houve votação acelerada ou no apagar das luzes.”
Silvério não teme ações judiciais. “Não vejo motivo para barrar a votação que aconteceu de forma transparente e legítima”, disse.
Integrante da Mesa Diretora, Luiz Mota (DEM) disse que não haveria necessidade de ler a emenda. “O corpo do projeto já identificava o teor do assunto. As pessoas em plenário podiam desconhecer o valor, mas não o projeto. E como estavam protestando não ficaram atentos a votação. Não há nada de irregular na votação. Já os vereadores não podem alegar desconhecimento. Todos sabiam o que estava sendo votado.”
Regimento. O assessor jurídico da presidência, Adriano Ramires, descartou irregularidades. “O regimento interno da Câmara determina que a emenda seja apresentada com 11 assinaturas para ser incluída na votação, sem a necessidade de leitura.”
SAIBA MAIS - $UPER$ALÁRIOS
SubsídioOs vereadores de São José aprovaram no dia 25 projeto que fixa o subsídio dos parlamentares em R$ 12.907,05 a partir de janeiro de 2013
Aumento
ÍndiceO índice de reajuste foi de 55,13% baseados na reposição da inflação e na antecipação da inflação até 2016
SubsídioOs vereadores de São José aprovaram no dia 25 projeto que fixa o subsídio dos parlamentares em R$ 12.907,05 a partir de janeiro de 2013
Aumento
ÍndiceO índice de reajuste foi de 55,13% baseados na reposição da inflação e na antecipação da inflação até 2016
Sessão
VotaçãoA emenda que determinava o valor do subsídio foi protocolada no final da sessão e não foi lida antes da votação
Placar
ProjetoForam 14 votos a favor e 6 contra. Votaram contra os 4 petista, Walter Hayashi (PSB) e Alexandre da Farmácia (PP). Mas, somente Tonhão Dutra (PT) e Walter Hayashi (PSB) se comprometeram a devolver a diferença
Brecha
Efeito cascataPor lei federal, os vereadores de São José podem ganhar até 75% do subsídio dos deputados estaduais, que hoje é de R$ 20 mil por mês
VotaçãoA emenda que determinava o valor do subsídio foi protocolada no final da sessão e não foi lida antes da votação
Placar
ProjetoForam 14 votos a favor e 6 contra. Votaram contra os 4 petista, Walter Hayashi (PSB) e Alexandre da Farmácia (PP). Mas, somente Tonhão Dutra (PT) e Walter Hayashi (PSB) se comprometeram a devolver a diferença
Brecha
Efeito cascataPor lei federal, os vereadores de São José podem ganhar até 75% do subsídio dos deputados estaduais, que hoje é de R$ 20 mil por mês