19/08/2011
às 22:18 \ Direto ao PontoCOLUNA DO AUGUSTO NUNES
REVISTA VEJA
REVISTA VEJA
O assaltante de bancos que foi libertado pela inventiva irmã do novo ministro
Nomeado aos 28 anos secretário de Justiça do Rio Grande do Sul, Jorge Alberto Ribeiro Filho foi um dos mais jovens ocupantes do posto. Foi também um dos mais fugazes. Começou a perdê-lo assim que se soube da utilização de presos em canteiros de obras particulares. Apressou o desemprego em novembro de 1983, quando o governador Jair Soares topou com a reportagem de VEJA reproduzida na seção Feira Livre. O texto relata a participação de uma irmã de Jorginho, como era conhecido no começo da carreira política o ex-presidente da Arena Jovem, na fuga do assaltante de bancos Celso Ricardo Leite Muller, o “Dentinho”.
Chefe do Serviço de Atendimento Gratuito aos Apenados, Teresinha Mendes Ribeiro Bopp, então com 32 anos, resolveu promover Dentinho a cobaia de um imaginoso experimento no ramo da recuperação de delinquentes. Em troca de alguns dias em liberdade na casa da irmã do secretário, o hóspede de alta periculosidade providenciaria, de graça, a instalação de uma porta de ferro no endereço provisório.
O serviço nem começou. A caminho do local de trabalho, Dentinho driblou a vigilância de dois agentes escalados para escoltá-lo e sumiu, pronto para retomar o ofício de ladrão. “É uma coincidência desagradável”, lastimou Teresinha. “Agora, um lindo trabalho irá por água abaixo”. O irmão tentou durante dias seguidos explicar-se com o governador. Não conseguiu.
Quase 30 anos depois do incidente que lhe custou o emprego, Jorginho mudou de nome, de partido e de status. Para aproveitar a popularidade do pai, um radialista e político extraordinariamente popular no Rio Grande do Sul, virou Mendes Ribeiro Filho. Para eleger-se deputado federal sem sobressaltos, filiou-se ao PMDB. E acaba de tornar-se ministro, graças à vaga aberta pelo despejo de Wagner Rossi. Logo se saberá se criou juízo suficiente para matar no berço maluquices inventadas por parentes próximos.
Padrinho do escolhido, o vice-presidente Michel Temer tem fama de cauteloso. Talvez já tenha lembrado a Mendes Ribeiro que os presídios agrícolas não estão sob a jurisdição do Ministério da Agricultura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário