sábado, 15 de setembro de 2012

VEJA X PT= SERÁ CAPAZ DE ABALAR A REPÚBLICA E ATINGIR POLITICAMENTE LULA?


PT negociou com revista Veja e foi passado para trás


Divulgação

"Lula era o chefe", diz Valério (em off) a Veja

Bomba anunciada pela revista Veja contra o ex-presidente Lula não traz propriamente uma entrevista de Marcos Valério à publicação. São declarações ditas a supostos interlocutores próximos, reproduzidas pela revista. "Off the records", como se diz no jargão jornalístico. Ou seja: nada está gravado, ou declarado oficialmente. Mas Veja faz pairar no ar a ameaça de uma delação premiada contra Lula

NO AUGE DA OPERAÇÃO MONTE CARLO, FABIO BARBOSA, PRESIDENTE DA ABRIL, PROCUROU JOSÉ DIRCEU E FEZ DOIS PEDIDOS: A NÃO CONVOCAÇÃO PELA CPI DE ROBERTO CIVITA, QUE SE TRATAVA DE UM CÂNCER, E TAMBÉM DO JORNALISTA POLICARPO JÚNIOR, QUE ERA CHAMADO DE “CANETA” POR CARLOS CACHOEIRA. O RESULTADO ESTÁ AÍ: UMA “ENTREVISTA” EM OFF COM MARCOS VALÉRIO, CAPAZ DE ABALAR A REPÚBLICA E ATINGIR LULA. ERA PREVISÍVEL

15 de Setembro de 2012 às 12:45
247 – A reportagem de capa desta semana de Veja conta uma história interessante – e bombástica, se verdadeira. A de que o ex-presidente Lula e o empresário Marcos Valério de Souza, pivô do mensalão, fizeram uma espécie de pacto de não agressão, tendo como testemunha Paulo Okamotto, braço direito do ex-presidente. O ex-presidente do Sebrae e secretário de Lula teria se encontrado diversas vezes com Valério levando uma mensagem. “Prometeram não exatamente absolver, mas diziam: vamos isso, vamos aquilo... amenizar”.
Não se sabe se Valério disse ou não tal frase porque toda a “entrevista” do empresário a Veja, na verdade, não existiu. Veja coloca entre aspas frases que Valério teria dito a supostos interlocutores próximos a ele – e que seus repórteres teriam recuperado. Pode ser verdade, pode ser mentira e há até a possibilidade de que Valério tenha falado em off (sem se identificar) a Veja, para transmitir recados, agora que está condenado.
Se for verdade, algo muito parecido envolveu a própria revista Veja. Meses atrás, no auge da Operação Monte Carlo, o presidente da Editora Abril, Fábio Barbosa, foi enviado a Brasília com uma missão especial: a de convencer os membros da CPI do caso Cachoeira a não convocar o empresário Roberto Civita, dono da Abril, e o jornalista Policarpo Júnior, que era chamado de “caneta” pelo bicheiro Carlos Cachoeira – um personagem que está na origem da denúncia do mensalão (o vídeo em que Maurício Marinho recebe uma propina de R$ 3 mil nos Correios).
Fabio Barbosa teve encontros com líderes de vários partidos e também com o ex-ministro José Dirceu, de quem é amigo pessoal. No primeiro governo Lula, Barbosa foi conselheiro da Petrobras, representando os acionistas minoritários. O argumento pela não convocação de Civita tinha até apelo humanitário – o dono da Abril vinha se tratando de um câncer. Em relação a Policarpo, pediu-se o mesmo. O vice-presidente Michel Temer foi também visitado por João Roberto Marinho, da Globo, que fez o mesmo apelo pela não convocação de jornalistas e de empresários de mídia pela CPI do caso Cachoeira.
Dias depois, inexplicavelmente, o relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), passou a evitar o assunto. E as convocações dos dois personagens passaram a ser demandadas com ênfase apenas pelo senador Fernando Collor (PTB-AL) e, algumas semanas depois, pelo deputado Doutor Rosinha (PT-MG).
O tempo passou, Veja tratou o caso como uma tentativa de “vingança” de Collor contra a imprensa livre que o derrubou e o resultado da negociação está aí. Assim como Marcos Valério foi condenado, José Dirceu está prestes a ter destino parecido. E Veja, cada vez mais animada com o encarceramento do PT, agora parte para cima do ex-presidente Lula.
Era previsível.

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