sábado, 29 de setembro de 2012

LUÍS GOMES, ENGº PORTUGUÊS RECLAMA DA BUROCRACIA NO BRASIL


28/09/2012 - 06h30

"Tudo no Brasil é muito difícil", diz engenheiro português há 11 meses no Rio


MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

Há 11 meses morando no Brasil, o português Luís Gomes, 30, ficou impressionado com a burocracia em atividades quase corriqueiras no país. "Abrir uma conta bancária, alugar uma casa, tudo no Brasil é muito difícil! Não entendo o sentido de certas exigências e há impostos para tudo", diz o estrangeiro.
Encontrar um trabalho foi a parte fácil. Engenheiro civil, especialista em obras estruturais como para contenção de encostas, Gomes encontrou emprego em dois meses no Brasil. Tem visto de trabalho, carteira assinada, tudo certo. Mas não pode assinar pelos seus trabalhos. Seu diploma não é reconhecido no Brasil.
Apesar de seis anos e meio de formado em uma das melhores escolas de engenharia da Europa, o Instituto Superior Técnico, e chefiando obras nos Estados do Rio, São Paulo e Minas Gerais, Gomes tem que pedir a chefes e parceiros brasileiros para assinar os trabalhos.
Leonardo Wen/Folhapress
O engenheiro português Luis Gomes, no Rio; Luis enfrenta dificuldades para ter seu diploma reconhecido no país
O engenheiro português Luis Gomes, no Rio; Luis enfrenta dificuldades para ter seu diploma reconhecido no país
A "burobarreira", expressão criada pelo ministro de negócios estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, afeta portugueses que deixaram o país em busca de emprego, devido à crise, e que encontraram no Brasil farto mercado de trabalho. A falta de engenheiros virou mantra de 10 em cada 10 empregadores do país.
Quando perguntam se ele está "roubando" empregos de brasileiros, Gomes responde: "Na minha área, pelo menos, não existe mão de obra para esta fase de expansão das construtoras", diz. "Eu mesmo estou a buscar engenheiros para minha equipe e ainda não encontrei um candidato com formação ideal ao preço que estamos dispostos a pagar."
Gomes não foi o único estrangeiro a descobrir o Brasil. Ele conta que, de 40 currículos que recebeu de um site de empregos, 25% eram de portugueses e 10% de sul-americanos. "Não faz sentido a barreira neste momento, é um obstáculo ao desenvolvimento das empresas."
O engenheiro conta que espera que o acordo entre Portugal e Brasil para o reconhecimento dos diplomas de engenheiros portugueses no país possa começar a valer até o fim do ano. Hoje, diz Gomes, o processo de reconhecimento é demorado e não há certeza de que dará certo.
"Conheço engenheiros experientes que tiveram que fazer disciplinas no Brasil e outros que não conseguiram resposta ao pedido de reconhecimento. Não é algo objetivo e em muitos casos não é concedida a validação [do diploma]", diz Gomes.


  1. Gustavo Campos (3)
    ontem às 06h45
    Bem feito! Agora os portugueses estão vendo o que os brasileiros sentiam (e ainda sentem) em Portugal ao longo de décadas! Sou médico e vivo em Portugal e a novela para revalidar o diploma segue igualzinha à descrita pelo indignado engenheiro português. E chega a ser ridículo o cidadão reclamar sobre burocracia aí. Eles aqui exigem vistos, carimbinhos, assinaturas, novos vistos e tudo o mais o tempo inteiro... lembram MUITO o Brasil na década de 70. (continua)
    O comentário não representa a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem
  2. antonio lima (1345)
    ontem às 07h00
    ué.....tivemos bons professores para isso, se é que me entendem.....nossa burocaracia não é diferente da portuguesa.
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  3. Zé Bolha (546)
    ontem às 08h01
    "difícil por aqui"??? então porque saiu de portugal?

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