sexta-feira, 20 de julho de 2012

MÉDICOS MONITORADOS COM CHIPS NO JALECO


Médicos reclamam de chip instalado nos jalecos

Medida tomada para controlar a frequência de profissionais da UPA de Mesquita constrange funcionários

UPA de Mesquita é a primeira a instalar chips nos jalecos de médicos. A decisão polêmica foi criticada pelo Cremerj
A UPA de Mesquita já inaugurou com polêmica. A Secretaria de Saúde instalou na unidade um sistema no qual médicos carregam sob a roupa um microchip que monitora os seus passos. E não são apenas eles. Todos os profissionais de saúde andam com chip na roupa. Sensores espalhados em vários pontos da unidade detectam quem sai e quem entra, ajudando no controle da frequência e, principalmente, da permanência. Porém, os médicos têm se sentido constrangidos com o monitoramento. O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) e o Sindicato dos Médicos reprovaram a decisão.
“O Cremerj entende que isso é um sistema invasivo e que há outras maneiras de se fazer esse controle de presença que sejam menos constrangedores. O chip no controle de material é uma ótima, mas para o controle de pessoal não é necessário. Esse dinheiro poderia ter sido gasto de outra maneira”, explicou, em nota, o Cremerj.
O Sindicato dos Médicos informou que vai entrar na Justiça para tentar impedir o uso dos chipes.
Por outro lado, o Secretário Estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, defendeu o uso dos sistemas, inclusive nos profissionais da UPA.
— Em 2009, ousamos quando colocamos o ponto biométrico e estamos ousando novamente agora colocando o chip para monitorar frequência e permanência na UPA, além de controlar patrimônio. Nossa preocupação é com a população, para que ela não seja desassistida. Vamos implantar todos os mecanismos de controle necessários para a população ter atendimento ainda melhor – disse Sérgio Côrtes, durante a inauguração da unidade, na última terça-feira.
O sistema, que será instalado também nas UPAs de Queimados e Nova Iguaçu I (Cabuçu) e II (Três Corações), permitirá ainda um acompanhamento mais efetivo dos protocolos de higiene, a fim de reduzir a infecção hospitalar. Isso porque, se o profissional de saúde passar por uma das portas da UPA vestindo jaleco, o sensor apitará e acenderá uma luz vermelha, sinalizando que ele deve retirá-lo para ir à rua. Além dos jalecos, os lençóis e produtos de limpeza receberão chipes.
- Material de limpeza usado na sala vermelha, onde estão pacientes graves, não pode ser levado para outras áreas. Evita contaminação. Se o balde entrar na área errada, o sensor apita – explica Carlos Antônio da Silva, gerente de tecnologia da Atro Rio Service, empresa que instalou o sistema na UPA.
Medida controversa
Mesmo com toda a polêmica causada em cima da medida, há quem não se imposte em ser monitorado de perto. É o caso do enfermeiro Tiago Alan Ferraz de Souza, de 21 anos,
— Na verdade, nem lembro que há um chip na minha roupa. Se chego próximo da porta e o sensor começa a apitar, custo a lembrar que é o meu chip. Acho o sistema bom porque evita sumir material. Já trabalhei em unidades onde desaparecia tudo.
Na quarta-feira, Tiago Oliveira, de 27 anos, reclamava da demora de quase quatro horas para o irmão ser atendido na UPA de Mesquita, mas gostou de saber que os médicos são monitorados:
— Pelo menos, o médico que faltar vai ser descontado ou punido. Vemos muito descaso com os pacientes.
A tecnologia
O sistema de identificação por radiofrequência, RFID (na sigla, em inglês), lê a informação gravada no chip. Esses dados gravados criam o DNA do jaleco, dizem quantas vezes ele foi lavado, quem o está vestindo naquele dia e se o portador pode deixar a unidade portando o uniforme.
Na porta do almoxarifado, há um leitor de digital. Quando o funcionário sai do setor, sensores fazem a baixa automática do que foi retirado ou incluem o que foi deixado lá. O sistema cruza informações e mostra quem retirou o quê.
Para Fernando Pedroso, diretor médico do Instituto Data Rio, OS que administra a UPA de Mesquita e as outras três já previstas para receber o sistema, esse controle dá mais segurança ao planejamento do estoque de medicamentos.
Fonte: O Globo

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