segunda-feira, 12 de março de 2012

CUIDADO COM OS BANCOS QUE ADMINISTRAM SEU CARTÃO DE CRÉDITO


Aumentam as queixas por concessão irregular de crédito

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CAROLINA MARCELINO
O administrador Marcos César Teixeira Barbosa, de 41 anos, ficou surpreso quando soube que o limite do seu cartão American Express, operado pelo Bradesco, foi elevado de R$ 2 mil para R$ 240 mil, sem que ele houvesse pedido. Barbosa entrou em contato com o banco, que cancelou a alteração. “Não foi um erro do sistema. Alguém fez essa solicitação”, disse.
Porém, ele foi surpreendido mais uma vez: recebeu a fatura com uma compra que não havia feito, de R$ 10 mil em lojas de móveis e decoração. Foi quando descobriu que seu cartão havia sido clonado. A dor de cabeça do administrador só não foi maior porque ele conseguiu reverter o limite de R$ 240 mil liberado pelo banco sem sua autorização antes que os golpistas gastassem mais em nome dele. Barbosa acabou recebendo seu dinheiro de volta, mas cancelou o cartão e hoje é correntista de outra instituição financeira.
O caso engrossa o número de reclamações referentes à concessão de crédito sem a apresentação de documentos que só nos últimos três meses subiu 51%, segundo dados do Banco Central (BC). Foram 160 queixas no período. A situação enfrentada pelo administrador deixa evidentes as falhas na segurança dos bancos nas operações de concessão de crédito.
Barbosa conseguiu reverter o prejuízo. E nem deveria ser diferente. De acordo com o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), a administradora do cartão é responsável por todo e qualquer prejuízo causado ao consumidor em razão da falha na prestação do serviço como, por exemplo, clonagem ou falsificação grosseira de assinatura por terceiros, furto, roubo ou extravio. O artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) dá a base legal para tanto: o fornecedor é responsabilizado quando o serviço oferecido é defeituoso e não fornece a segurança que o cliente espera.
Houve também, nos últimos três meses, um aumento de 61,5% no número de reclamações por concessão de crédito com documentação falsa: em novembro do ano passado foram 13 queixas. Já em janeiro deste ano foram 21, segundo dados do BC.
O auxiliar técnico Anderson da Silva Viana, de 24 anos, sabe bem o que é isso. Ele recebeu uma carta da Caixa Econômica Federal referente a um empréstimo que nunca realizou. “Me cobravam parcelas de R$ 112, R$ 105 por mês, sendo que não tenho conta nesse banco”, disse. A Caixa afirmou que não encontrou os dados dele no sistema e Viana também conseguiu resolver o problema.
Para o advogado especialista em defesa do consumidor e consultor do JT, Josué Rios, a demanda relativa a problemas dessa natureza pede soluções preventivas e urgentes. “Os marginais da astúcia se valem da insegurança e facilidades oferecidas pelos próprios bancos e se fazem passar pelos verdadeiros titulares de dados e documentos falsificados, a fim de realizar as mais diversas contratações”, afirmou Rios.
O presidente da Associação Brasileira do Consumidor, Marcelo Segredo, ressalta a importância de o consumidor ficar atento. “Sempre fique de olho no seu cartão. Não deixe que o lojista desapareça da sua vista quando estiver com o seu cartão, por exemplo”, recomenda Segredo.
O consumidor que tiver algum problema com cartão deve procurar o BC, pelo telefone 0800-979-2345 ou acessar o site www.bcb.gov.br. Casos mais graves devem ser levados à Delegacia do Consumidor, que fica na Avenida São João, 1.247, centro. O telefone da delegacia é (11) 3337-0155. Instituições especializadas em defesa do consumidor e o Juizado Especial Cível também podem ajudar.

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