A empresa Foxconn é conhecida por fazer a montagem de eletrônicos como o iPhone, o iPad e o Xbox 360
26-09-2012 14:20
A Foxconn é conhecida por fazer a montagem de eletrônicos como o iPhone, o iPad e o Xbox 360. Além disso, também fez fama por oferecer péssimas condições de trabalho aos operários, que obedecem à meta de fabricação de 57 milhões de unidades de iPhones por ano e os rígidos prazos impostos pela Apple - o que, para o jornalista, foi o aspecto mais impactante de sua experiência.
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No segundo dia, todos os novos operários precisaram assinar os contratos logo após de tomar café da manhã em um refeitório lotado. Os documentos continham cláusulas específicas sobre a confidencialidade das informações adquiridas na fábrica, porém deixava de abordar questões importantes como horas extras, acidentes de trabalho ou salubridade do ambiente.
Nos dias seguintes, o jornalista infiltrado participou de treinamentos e ficou impressionado com a naturalidade com que os superiores tratavam mal seus empregados. Segundo o diário, era comum os supervisores dizerem que, embora os funcionários não gostassem do que ouviam, o tratamento era assim pelo bem de todos. Para aliviar o estresse, os operários se reuniam em uma área livre da fábrica para “gritarem tudo o que não podiam gritar no centro de produção”.
No oitavo dia, os novatos finalmente foram levados à linha de produção do iPhone 5. Ao entrar na área, considerada de segurança máxima, todos foram revistados e passaram por detectores de metais. No local não eram permitidos quaisquer materiais metálicos, sejam eles fivelas de cintos, brincos, e muitos menos aparelhos eletrônicos como câmeras e celulares. O diário do jornalista, inclusive, descreve que, certa vez, um operário foi demitido pois levara consigo um cabo USB para dentro da linha de produção.
Com a costumeira truculência, os supervisores alertavam a todos que, ao sentar em seus lugares, não poderiam fazer nada além de obedecer ordens. A linha de produção para onde o jornalista foi levado era responsável por colocar películas protetoras na entrada do fone de ouvido e do conector do iPhone 5. Assim, no processo de pintura a tinta não entraria nos orifícios. Segundo o relato, todos paravam às 23h para jantar e voltavam para trabalhar novamente à meia-noite.
As horas de trabalho eram extenuante, e os operários ganhavam somente cerca de 8 reais a cada duas horas extras, mesmo nas madrugadas. O estresse e a raiva eram tão grandes que, na ausência dos supervisores, os trabalhadores socavam as partes de iPhone contra as esteiras e xingavam.
Segundo o diário, somente 2 dos 36 operários que entraram na Foxconn junto com o jornalista conseguiram obter condições melhores de trabalho, pois foram designados ao departamento de inspeção de controle de qualidade. Nesse setor eram permitidos 10 minutos de descanso a cada 2 horas trabalhadas. O jornalista não aguentou a rotina e abandonou a fábrica no 10º dia.
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