quinta-feira, 27 de outubro de 2011

MJ VICIADO EM ANALGÉSICO DERIVADO DO ÓPIO


Cultura

Michael Jackson seria viciado em analgésico por usar Botox

Especialista recrutado pela defesa do médico Conrad Murray, acusado de homicídio culposo do cantor, aposta na dependência química do astro do pop como fator decisivo para a overdose de propofol

Michael Jackson no Madison Square Garden, em Nova York
Michael Jackson no Madison Square Garden, em Nova York (Dave Hogan/Getty Images)
O astro do pop Michael Jackson estava "provavelmente viciado" em um analgésico derivado do ópio que seu dermatologista receitava para tratá-lo com Botox nos meses anteriores à sua morte. A informação surgiu nesta quinta-feira da boca de um especialista em dependência química convocado pelos advogados de defesa de Conrad Murray. Médico responsável pelo acompanhamento de Michael Jackson na turnê This Is It, que ele programava fazer em 2009, Murray é acusado de homicídio culposo - sem intenção de - do cantor. O astro morreu de overdose de propofol, medicamento tomado para dormir. 
Um dos sintomas de abstinência deste opiáceo, de nome Demerol, é a insônia, problema que Jackson enfrentava quando faleceu, em 25 de junho de 2009, disse o médico Robert Waldman, na Corte Superior de Los Angeles. Jackson "era dependente de Demerol, provavelmente viciado", afirmou Waldman, quando o advogado de defesa Ed Chernoff mostrou na corte cerca de trinta registros médicos que atestavam as altas doses do opiáceo tomadas por Jackson.
Segundo o especialista, "o vício é um comportamento repetitivo que pode causar consequências adversas", enquanto "uma dependência é a necessidade física de uma substância". Waldman baseou sua afirmação nos registros do dematologista Arnold Klein, de Beverly Hills, a quem Jackson consultava várias vezes por semana, e em alguns períodos diariamente, para tomar injeções de Botox e fazer tratamentos contra as rugas.
Entre o começo de março e o final de maio de 2009, Jackson recebeu de forma crescente de 100 a 300 mg de Demerol e doses menores de Midazolam, um ansiolítico, para aliviar a dor quando tomava Botox e outras injeções similares. O cantor chegou a tomar doses de até 775 mg de Demerol em três dias seguidos. "Baseado na minha experiência, este curso de tratamento indica que Jackson provavelmente era viciado no opiáceo", afirmou Waldman.
São números "muito acima da dose média", explicou o médico. "Um indivíduo não familiarizado com o ópio recebe 50 mg de opiáceo." Em consequência, provavelmente o artista, que teria desenvolvido tolerância, ficaria adormecido, letárgico e possivelmente incapaz de reagir.
Michael Amir Williams, assistente de Jackson, disse no início do julgamento que o cantor costumava ir ao consultório de Klein nos meses anteriores à sua morte e que sempre saía dali atordoado e falando muito lentamente. Depois, também na corte, foi ouvida a gravação de uma conversa entre Jackson e Murray, na qual o astro soava muito drogado e desconexo. 
"Quando um indivíduo é dependente de opiáceos, que tipo de problemas físicos apresenta?", questionou o advogado Chernoff. "Ansiedade, insônia, agitação", disse o especialista. "A insônia é muito comum, pode durar de semanas a meses."
Murray alega que tentava curar a insônia crônica do paciente, bem como reduzir sua dependência ao propofol, anestésico ao qual o cantor se referia como seu "leite" e que acabou provocando sua morte.
Em seguida, Waldman foi interrogado pela promotoria, em uma mudança tensa e acalorada na qual Waldman, irascível, se viu forçado a dizer que "provavelmente não" poderia diagnosticar Jackson como viciado, mas como dependente, baseando-se apenas nestes registros médicos. Mas ele disse que os registros, combinados com outras evidências que surgiram no julgamento e o que o público sabe do "rei do pop" o levam a crer que era viciado.
A defesa começou a apresentar suas testemunhas na última segunda-feira, depois de quatro semanas em que a promotoria exibiu um panorama terrível para o doutor Murray, acusado por várias testemunhas de ter cometido graves erros profissionais. Se for considerado culpado, Murray pode ser condenado a até quatro anos de prisão.
(Com agência France-Presse)

Nenhum comentário: