Decisão de Orlando Silva de deixar governo faz depoimento de PM ser cancelado na Câmara
Publicada em 26/10/2011 às 15h14m
Gerson Camarotti, Maria Lima e Carolina Brigido (opais@oglobo.com.br)BRASÍLIA - A decisão do ministro do Esporte Orlando Silva de entregar a carta de demissão acabou esvaziando o depoimento do policial militar João Dias Ferreira, delator das denúncias de supostas irregularidades no ministério. Ele desistiu de comparecer à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara na tarde desta quarta-feira. A desistência foi anunciada pelo presidente da comissão, deputado Sérgio Brito (PSC-BA). O motorista Célio Soares também não deve comparecer. O cancelamento do depoimento frustrou a oposição.
Já Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado do ministro Orlando já havia informado antes do cancelamento que acompanharia os depoimentos na Câmara relacionados às denúncias de corrupção no ministério. Kakay disse que fará isso atendendo a um pedido do próprio ministro. Ele também anunciou que, em caso de acusações "levianas e irresponsáveis", entrararia imediatamente com queixas-crime contra os detratores.
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Ao entregar o cargo, Orlando Silva vai reafirmar sua inocência à presidente e dizer que a sua saída do comando da pasta será melhor para o Brasil. O nome de consenso do PCdoB para substituí-lo é o do deputado federal Aldo Rebelo, ex-ministro de Relações Institucionais do governo Lula. Além de Aldo, o nome que passa a ser citado por integrantes da legenda é o da deputada e ex-prefeita de Olinda Luciana Santos (PE). Também concorre à vaga o maranhense Flávio Dino, atual presidente da Embratur, advogado, ex-juiz e ex-deputado do PCdoB, segundo o blog de Ancelmo Gois .
Logo após a reunião da bancada do partido, o presidente da legenda Renato Rabelo negou que tenham sido discutidos nomes para substituir Orlando. Rabelo informou que não poderia adiantar nada a respeito, uma vez que ainda vão se encontrar com a presidente Dilma no final da tarde.
Ele também elogiou Orlando Silva, que é filiado ao partido e está sendo acusado de desviar recursos do programa Segundo Tempo, por meio de ONGs de fachada.
- Não posso adiantar nada, porque nós vamos ainda encontrar a presidente. Por uma questão de ética, eu não posso falar - disse, acrescentando:
- Até o encontro com a Dilma, ele continua ministro. Não vamos colocar o carro na frente dos bois. É o governo que vai dizer se ele sai, não é ele quem vai dizer que sai.
Abertura de inquérito no STF foi gota d´água para o ministroA decisão foi tomada durante reunião no Palácio do Planalto, pela manhã, para discutir o agravamento de sua situação, com a abertura do inquérito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar as denúncias de desvio de verbas do Programa Segundo Tempo . Participaram da reunião o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, além dos líderes do partido na Câmara, Osmar Júnior, e no Senado, Inácio Arruda.
Após o encontro, Orlando postou no Twitter que hoje ele tem um almoço especial. "Hoje meu almoço é especial, com D. Vanda, minha mãe, aniversariante. E ela veio da Bahia só para isso. Mulher guerreira, grande exemplo", escreveu.
Antes da reunião, o presidente do PCdoB teve uma longa conversa com Orlando, já para avaliar o cenário contra o ministro. Na segunda-feira, a avaliação do Planalto era de que o partido deveria conduzir saída do ministro .
O partido divulgou nesta manhã de quarta-feira em seu site um manifesto de apoio ao partido assinado por 124 intelectuais, economistas e militantes. A carta critica o que chamou de uma "onda de histeria macarthista deflagrada nos últimos dias contra o Partido Comunista do Brasil", e tem a assinatura de nomes como o dos economistas Luiz Gonzaga Belluzo, do presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas (IPEA), Marcio Pochmann e do economista João Quartim de Moraes .
Em reunião da cúpula do PCdoB na terça-feira à noite, na casa do deputado Aldo Rebelo (SP), os integrantes do partido jogaram a toalha e decidiram que não havia mais como sustentar a permanência de Orlando Silva. Depois de muita discussão com o presidente do partido e outros líderes, o nome de consenso para substituir Orlando era o do ex-ministro Aldo Rebelo.
- A unanimidade da bancada concluiu que a situação era insustentável e estava atingindo o partido como um todo. Num primeiro momento, a decisão era se unir em torno do nome de Orlando porque todo mundo achava que era tudo mentira, e ainda acha. Mas ele perdeu todas as condições políticas de continuar no cargo. Na reunião a coisa se afunilou para o nome do Aldo - contou um dos parlamentares presentes à reunião.
Gurgel diz que saída de Orlando não altera necessidade de investigação
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse nesta quarta-feira que a saída de Orlando Silva do comando do Ministério do Esporte não anula a necessidade de investigação. Nesse caso, Orlando Silva perderá a prerrogativa de ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e o inquérito aberto contra ele será enviado para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde já há uma investigação contra o ex-ministro e atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Segundo Gurgel, há indícios de sérios problemas no programa Segundo Tempo.
- A gente tem que investigar independentemente. A saída eventual dele (Orlando Silva) do ministério não altera a necessidade de investigação, porque a primeira aparência é a de que todo esse programa Segundo Tempo tem sérios problemas de irregularidades em todo o país.
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