sábado, 22 de outubro de 2011

COMO DESLIGAR A INTERNET DE UM PAÍS INTEIRO


Líbia: como Gaddafi "desligou", por alguns dias, a Internet de um país inteiro?

Uma das principais armas dos rebeldes simplesmente desapareceu daquele país por um período. Como isso foi feito?
21 de Outubro de 2011 | 04:24h


Reprodução
Internet
Igor Lopes


OLHAR DIGITAL

Durante a guerra civil e o regime ditatorial que tomou conta da Líbia nos últimos 42 anos, uma das maneiras encontradas pelo Governo de Gaddafi para silenciar as vozes dos rebeldes foi desligar a internet em todo o país. Afinal de contas, em 2011, um tweet ou um post no Facebook valem mais do que muitas palavras ditas entre amigos. Além disso, pelo fato da internet ser uma rede mundial, as denúncias dos rebeldes ganhavam ecos internacionais. Mas a pergunta que fica no ar é: já que o mundo é tão conectado e a internet é uma rede mundial, como um governo consegue desligá-la dentro de seu país? É necessário cortar, fisicamente, algum cabo? Basta desligar algum equipamento? Existe uma "chavinha" no gabinete do Presidente? É possível silenciar, por completo, toda uma nação? E mais, o governo brasileiro poderia desligar a internet por aqui?

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O governo brasileiro poderia desligar nossa internet, como aconteceu na Líbia?

Um governo só tem capacidade de "derrubar" a internet em toda a nação se ele tiver um controle sobre os ISPs (Internet Service Providers) - ou, em português, um controle sobre os próprios provedores de internet. Estamos falando de cada uma das empresas espalhadas por todo o Brasil, que fornecem a internet para você. Alguns países têm um controle muito forte desses ISPs (é o caso da Líbia, Irã e Egito, só para citar alguns problemas recentes). Na China, por exemplo, o controle sobre os ISPs é tão forte e frequente que o governo é capaz de proibir o acesso a certos sites - como o Google, por exemplo - sempre que julgar necessário.

Quando um Governo pede aos provedores para desabilitar algum serviço, é necessário lançar mão de alguns recursos específicos. É possível desligar alguns equipamentos (literalmente, "tirar o plug") e, dessa forma, minar recursos necessários para que aquele serviço seja oferecido. Outra forma é modificar o roteamento - ou o caminho - de alguns sites. Isso promoveria um "assassinato digital", ou seja: aqueles endereços específicos, condenados pelo Governo, não poderiam mais ser acessados, enquanto outros seguiriam seu caminho normal pela rede e visualizados normalmente. Fazendo uma analogia, é como se a internet funcionasse como o serviço dos Correios, e o governo simplesmente demitisse o carteiro que entrega as correspondências naquele lugar.

No caso da Líbia, uma única empresa controlada pelo governo - Libya Telecom & Technology - é responsável pelo acesso de toda a nação à internet. Seu presidente era um dos filhos de Gaddafi, então, foi fácil "desligar" o provedor e, consequentemente, a web daquele local. Não só a internet, mas também o serviço de telefonia móvel da Líbia é controlado pelo governo. Se quisessem agir também na telefonia, o estrago poderia ser ainda maior. É que as operadoras de telefonia também têm acesso à internet e esta é uma porta aberta para o mundo exterior. Empresas multinacionais podem utilizar intranets, que também podem ter acesso direto a outros países. Estas são algumas formas de burlar a proibição de um governo tirano. Com o mundo cada vez mais conectado e com uma rede cada vez mais entrelaçada, essa tarefa de silenciar uma nação está cada vez mais difícil de ser executada.

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