quarta-feira, 25 de abril de 2012

A CONSTRUTORA DELTA QUEBRA???


Política

Fernando Cavendish deixa comando da Delta

Construtora de Cavendish está no centro das investigações que apuram denúncias de uma rede de corrupção encabeçada por Carlinhos Cachoeira

Fernando Cavendish, presidente da Delta Construções
O empresário, Fernando Cavendish, dono da Delta: "Eu vou quebrar" (Eduardo Knapp/Folhapress)
Fernando Cavendish, presidente da construtora Delta, vai se afastar do comando da empresa juntamente com o diretor executivo Carlos Pacheco. A decisão será anunciada nesta quarta-feira, em Brasília, em carta da Delta à Controladoria Geral da União (CGU), anunciando também o início de uma auditoria feita por uma empresa independente. A direção da construtora, durante a investigação, ficará a cargo do engenheiro Carlos Alberto Verdini, que está na empresa desde 2003. 
A Delta está no centro das investigações que apuram denúncias de uma rede de corrupção encabeçada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. As suspeitas da Polícia Federal são de que a construtora alimentou doações eleitorais repassadas por Cachoeira.
Empurrão do governo – Cavendish conseguiu um feito raro: em dez anos, fez o faturamento de sua empresa saltar de 67 milhões de reais para 3 bilhões de reais. Conforme levantamento da ONG Contas Abertas, apenas em obras contratadas pelo governo federal, a Delta arrecadou nesse período 4 bilhões de reais. Na segunda metade da década, o empresário – que já exibia a peculiar habilidade de manter bons relacionamentos com gestores públicos, sobretudo no Rio – transformou-se no “príncipe do PAC” ao arrebatar a grande maioria dos contratos de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento lançado pelo governo em 2007. Ao final de 2011, a Delta era a principal fornecedora do programa, com contratos avaliados em mais de 2 bilhões de reais.
Risco de quebra – A elevada dependência no faturamento da Delta da realização de obras públicas, que estão no centro do escândalo, pode deixar de ser um feito digno de comemoração para se tornar a ruína de seus negócios. Acuada pelas denúncias, a Delta já começou um movimento de abandono de grandes obras, como a sua participação nos consórcios que tocam a reforma do Maracanã, a construção da TransCarioca e do polo petroquímico de Comperj. Com 25 000 empregados diretos e 5 000 indiretos, a empresa tenta agora evitar o efeito dominó que atingirá outros projetos. Se houver uma sequência de novos cancelamentos, a empresa, conforme as palavras do próprio Cavendish em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, corre o risco de quebrar.
Em entrevista, dono da Delta nega conhecer DemóstenesComunicado – Em nota enviada à imprensa, a Delta confirma que Fernando Cavendish e Carlos Pacheco decidiram se afastar da empresa “como demonstração da isenção com que se pretende que sejam conduzidos os procedimentos da auditoria”.  A empresa também confirma que a direção da Delta ficará à cargo de Carlos Verdini.
O comunicado atribui a Cláudio Abreu, ex-diretor Delta no Centro-Oeste, o envolvimento no esquema de corrupção comandado por Carlinhos Cachoeira. “Foi determinada pela administração da companhia a realização de uma ampla auditoria nos assentamentos da empresa para averiguar todas as práticas de responsabilidade da diretoria do Centro-Oeste. O objetivo é o de verificar, com base nos dados imediatamente disponíveis à empresa, em que extensão essas ações foram executadas, burlando os procedimentos de controle praticados na companhia”, diz o comunicado. 
Cláudio Abreu, afastado da Delta em março, logo após a polícia deflagrar a Operação Monte Carlo, foi preso na manhã desta quarta-feira pela preso pela Polícia Civil do Distrito Federal em Goiânia. A prisão ocorreu durante a Operação Saint Michel, um desdobramento da Operação Monte Carlo, que desmontou o esquema de jogos ilegais no país comandado por Cachoeira, preso desde fevereiro. A ação é comandada pelo MPDFT e pela Polícia Civil do Distrito Federal e foi deflagrada na madrugada desta quarta-feira.
A Delta encerra o comunicado assegurando que continuará a cumprir os contratos “assumidos com seus fornecedores e clientes, com a habitual regularidade”. 
(com Agência Estado)

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