Nossa Região
Jornal O VALE
December 30, 2012 - 01:09
Carlinhos projeta novo ciclo de desenvolvimento para São José dos Campos
Carlinhos Almeida Foto: Warley Leite
Petista assume a prefeitura na terça-feira prometendo devolver competitividade ao município; para isso, aposta na criação de um distrito industrial e até em doações de terrenos para atrair novas empresas
Beatriz Rosa
São José dos Campos
“São José inicia uma nova fase com Carlinhos”, resume o prefeito eleito de São José dos Campos, Carlinhos Almeida (PT), como será sua gestão à frente do Paço nos próximos quatro anos.
Carlinhos assume na próxima terça-feira o comando da prefeitura convencido de que a cidade precisa retomar sua capacidade de atrair investimentos e se tornar mais competitiva.
O petista avalia que São José vem tendo um desempenho industrial pior que o de outros municípios no Estado e, por isso, tem uma fatia cada vez menor no bolo do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), principal fonte de recursos da prefeitura.
Para reverter esta tendência, Carlinhos fala em implantar um novo distrito industrial e avaliar incentivos fiscais e doações de área para empresas que gerem cadeia produtiva. Ele também propõe criar um ambiente melhor de negociação para evitar demissões na GM.
Em relação a suas primeiras medidas na prefeitura, Carlinhos volta a enfatizar a necessidade de mutirões na Saúde e promete acelerar a implantação dos corredores exclusivos de ônibus.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista. Se preferir assistir, confira na reportagem da TV O VALE.
São José dos Campos
“São José inicia uma nova fase com Carlinhos”, resume o prefeito eleito de São José dos Campos, Carlinhos Almeida (PT), como será sua gestão à frente do Paço nos próximos quatro anos.
Carlinhos assume na próxima terça-feira o comando da prefeitura convencido de que a cidade precisa retomar sua capacidade de atrair investimentos e se tornar mais competitiva.
O petista avalia que São José vem tendo um desempenho industrial pior que o de outros municípios no Estado e, por isso, tem uma fatia cada vez menor no bolo do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), principal fonte de recursos da prefeitura.
Para reverter esta tendência, Carlinhos fala em implantar um novo distrito industrial e avaliar incentivos fiscais e doações de área para empresas que gerem cadeia produtiva. Ele também propõe criar um ambiente melhor de negociação para evitar demissões na GM.
Em relação a suas primeiras medidas na prefeitura, Carlinhos volta a enfatizar a necessidade de mutirões na Saúde e promete acelerar a implantação dos corredores exclusivos de ônibus.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista. Se preferir assistir, confira na reportagem da TV O VALE.
Que nova fase é essa?
A cidade viveu um ciclo de 16 anos onde aconteceu muita coisa positiva, mas ficaram algumas limitações. Uma delas é o desenvolvimento econômico, e agora está no momento da cidade viver uma nova etapa no seu desenvolvimento. O desenvolvimento econômico é importante para fazer a cidade voltar a ser competitiva para novos investimentos.
A cidade viveu um ciclo de 16 anos onde aconteceu muita coisa positiva, mas ficaram algumas limitações. Uma delas é o desenvolvimento econômico, e agora está no momento da cidade viver uma nova etapa no seu desenvolvimento. O desenvolvimento econômico é importante para fazer a cidade voltar a ser competitiva para novos investimentos.
Como recuperar a receita da cidade? Na sua avaliação, há uma mudança no modelo de arrecadação?
Há uma dificuldade na economia industrial no Brasil, e ela acompanha uma tendência mundial de países que vão melhorando sua economia com espaço cada vez maior para outras áreas, como serviços, em relação à indústria. O problema é que São José nessa área teve um desempenho pior que os outros municípios do Estado, e isso se mede através do ICMS. Então, quando o ICMS cai para todo mundo, quer dizer que caiu a atividade industrial para todo mundo.
E como é possível reverter esse cenário?
Acho que há espaço para recuperar na área industrial, mas eu concordo com o prefeito Eduardo Cury que a gente precisa trabalhar mais as questões de serviço. O ISS hoje é um importante tributo para o município e representa uma boa parte da nossa arrecadação. A gente pode incrementar mais isso. Por isso a criação da Secretaria de Turismo, ela vai ter a tarefa de atrair investimentos para a cidade.
Como estimular a vinda de novas indústrias a São José? O senhor pretende encaminhar uma nova lei de incentivos fiscais à Câmara? A doação de área pode ser um atrativo?
Eu acho que temos que ter um distrito industrial, que é uma forma de baratear o preço do terreno. A política de doar terreno não pode ser uma política generalizada. Acho que se tiver um investimento de peso, não só da produção, mas de geração de emprego e de cadeia produtiva, pode abrir exceção e fazer doação de terreno, mas eu não adotaria como uma política constante.
O senhor pretende reformular a lei de incentivos fiscais que está parada na Câmara?
Acho que o incentivo fiscal é positivo, mas não resolve todos os problemas. Se a lei está lá e não foi votada é porque algum problema existe. Então, vamos ter que reavaliar.
O senhor irá se deparar com a crise da GM logo que assumir. É possível reverter essas demissões?
Temos que fazer tudo para reverter, pelo menos para adiar e ganhar mais tempo, porque vai ser um trauma muito grande para a cidade, não só pelo que representa agora de impacto social, mas pelo que irá representar de perspectiva futura. Dificulta muito a nossa vida futura, então nós precisamos que a GM invista mais em São José e traga novos projetos para cá. Eu falei durante a campanha: a função da prefeitura, nesse caso, é tentar facilitar o dialogo entre as partes.
Quais serão as primeiras ações práticas que a população irá sentir no início do seu governo?
O principal foco é fazer esse mutirão de saúde. Agora, teremos os meses de janeiro e fevereiro para fazer a montagem do governo e vamos enfrentar as chuvas com suas conse-quências, que é uma coisa preocupante. Nós vamos colocar nossa equipe para fazer rapidamente análises sobre situações das áreas de risco.
Em que outras áreas a cidade irá avançar?
Na modernização da mobilidade urbana, com ênfase no transporte público. Investir em educação, especialmente na escola integral e no aumento das creches, e por fim inovar e melhorar a gestão da saúde pública.
Que mudanças concretas a população irá sentir na área da mobilidade?
Temos que investir nos corredores e em tecnologia, colocar instrumentos na internet, não só horários e itinerários, mas o ponto onde está um determinado ônibus que a pessoa espera, com totens com informações sobre as linhas. Devo fazer porque não foi feito. Os corredores são minha prioridade.
A atual administração já desenvolveu projetos para instalação dos corredores exclusivos de ônibus, terminais de pré-embarque e painéis eletrônicos. O senhor pretende utilizar esses projetos ou irá refaze-los?
As coisas foram muito bem estudadas. Existe pesquisa de origem e destino e pode-se fazer alguma adequação, mas também não vamos fazer retrabalho, até porque tudo isso é feito com dinheiro público. Vamos fazer aquilo que avaliarmos que está bem feito.
O prefeito Eduardo Cury aponta a evolução na educação como um de seus principais legados. Onde você planeja mexer nessa área?
São José é uma cidade acima da média nacional, e isso faz muito tempo. Primeiro, a fase sanatorial exigiu de São José uma preocupação com o planejamento e com condições sanitárias. Depois tivemos a implantação do CTA, que trouxe para São José uma massa de conhecimento decisiva no desenho urbano da cidade e no planejamento. Então, é natural que a gente tenha um bom Ideb, mas a gente não pode se acomodar. Temos que trabalhar para melhorar, e acho que isso a gente faz com escola integral, utilizando o que tiver de inovação e sobretudo valorizando o professor.
Onde o senhor pretende avançar nessa área?
O nosso principal foco na Educação, no início, será a valorização dos professores e as medidas necessárias para implantar a escola integral e a creche, que é um desafio que já estamos tratando com o Ministério da Educação e que nós queremos resolver o problema do atual déficit. Também vamos ampliar o ensino técnico e profissional em São José.
Mutirão resolve o problema da Saúde em São José?
Em São José temos que dar conta da nossa demanda. Para isso, temos ações emergenciais, temos parcerias e temos ações estruturais de médio e longo prazo. Então, a equipe da Saúde tem muita clareza disso. De imediato, temos que minimizar o sofrimento dessas pessoas que aguardam atendimento. Para isso nós temos que fazer mutirão, não há outra forma.
Quais as outras ações necessárias?
Vamos pegar o processo do Samu, corrigir os defeitos do projeto e reenvia-lo para o Ministério da Saúde. Nós queremos e vamos tentar implantar o Samu durante o primeiro ano do nosso governo, além de buscar outras parcerias com o governo federal. Com a ajuda dos servidores municipais, queremos identificar os problemas de gestão que temos, avaliar onde existem desperdícios e retrabalho para otimizar os recursos aplica-los na Saúde. Com os parceiros e contratados, como SPDM, Santa Casa, Antoninho da Rocha Marmo e Pró-visão, nós temos que ter uma relação de parceria e de transparência. Por exemplo, a SPDM tem um contrato com São José e esse contrato será honrado. Agora, nós queremos que a SPDM melhore a qualidade do atendimento.
O PSDB sempre criticou a atuação dos movimentos sociais que seriam ligados ao PT. Como avalia?
Diálogo como os movimentos sociais eu sempre terei. O meu governo está orientado a dialogar, independentemente de partido. Então, se houver alguma liderança de movimento social ligado ao PSDB nós vamos buscar o diálogo, porque na democracia é assim que funciona. Vamos sempre buscar soluções negociadas. Quando for preciso, vamos exercer autoridade na defesa dos interesse da cidade, que é uma obrigação do prefeito. Eu não posso abrir mão disso.
A gestão do prefeito Eduardo Cury foi marcada como uma administração de leis e regras. Você pretende manter o mesmo perfil?
Veja: administração pública, diz o direito, só pode fazer aquilo que a lei expressamente determina. Diferente da área privada, onde as pessoas podem fazer qualquer coisa, desde que a lei não proíba. Então, todo governante tem que seguir as leis e as regras e você tem que ter um ordenamento na cidade isso, é fundamental. Agora, esse ordenamento pode ser construído de forma autoritária, de cima para baixo, ou pode ser construído de uma forma democrática, com mais diálogo e entendimento.
Há uma dificuldade na economia industrial no Brasil, e ela acompanha uma tendência mundial de países que vão melhorando sua economia com espaço cada vez maior para outras áreas, como serviços, em relação à indústria. O problema é que São José nessa área teve um desempenho pior que os outros municípios do Estado, e isso se mede através do ICMS. Então, quando o ICMS cai para todo mundo, quer dizer que caiu a atividade industrial para todo mundo.
E como é possível reverter esse cenário?
Acho que há espaço para recuperar na área industrial, mas eu concordo com o prefeito Eduardo Cury que a gente precisa trabalhar mais as questões de serviço. O ISS hoje é um importante tributo para o município e representa uma boa parte da nossa arrecadação. A gente pode incrementar mais isso. Por isso a criação da Secretaria de Turismo, ela vai ter a tarefa de atrair investimentos para a cidade.
Como estimular a vinda de novas indústrias a São José? O senhor pretende encaminhar uma nova lei de incentivos fiscais à Câmara? A doação de área pode ser um atrativo?
Eu acho que temos que ter um distrito industrial, que é uma forma de baratear o preço do terreno. A política de doar terreno não pode ser uma política generalizada. Acho que se tiver um investimento de peso, não só da produção, mas de geração de emprego e de cadeia produtiva, pode abrir exceção e fazer doação de terreno, mas eu não adotaria como uma política constante.
O senhor pretende reformular a lei de incentivos fiscais que está parada na Câmara?
Acho que o incentivo fiscal é positivo, mas não resolve todos os problemas. Se a lei está lá e não foi votada é porque algum problema existe. Então, vamos ter que reavaliar.
O senhor irá se deparar com a crise da GM logo que assumir. É possível reverter essas demissões?
Temos que fazer tudo para reverter, pelo menos para adiar e ganhar mais tempo, porque vai ser um trauma muito grande para a cidade, não só pelo que representa agora de impacto social, mas pelo que irá representar de perspectiva futura. Dificulta muito a nossa vida futura, então nós precisamos que a GM invista mais em São José e traga novos projetos para cá. Eu falei durante a campanha: a função da prefeitura, nesse caso, é tentar facilitar o dialogo entre as partes.
Quais serão as primeiras ações práticas que a população irá sentir no início do seu governo?
O principal foco é fazer esse mutirão de saúde. Agora, teremos os meses de janeiro e fevereiro para fazer a montagem do governo e vamos enfrentar as chuvas com suas conse-quências, que é uma coisa preocupante. Nós vamos colocar nossa equipe para fazer rapidamente análises sobre situações das áreas de risco.
Em que outras áreas a cidade irá avançar?
Na modernização da mobilidade urbana, com ênfase no transporte público. Investir em educação, especialmente na escola integral e no aumento das creches, e por fim inovar e melhorar a gestão da saúde pública.
Que mudanças concretas a população irá sentir na área da mobilidade?
Temos que investir nos corredores e em tecnologia, colocar instrumentos na internet, não só horários e itinerários, mas o ponto onde está um determinado ônibus que a pessoa espera, com totens com informações sobre as linhas. Devo fazer porque não foi feito. Os corredores são minha prioridade.
A atual administração já desenvolveu projetos para instalação dos corredores exclusivos de ônibus, terminais de pré-embarque e painéis eletrônicos. O senhor pretende utilizar esses projetos ou irá refaze-los?
As coisas foram muito bem estudadas. Existe pesquisa de origem e destino e pode-se fazer alguma adequação, mas também não vamos fazer retrabalho, até porque tudo isso é feito com dinheiro público. Vamos fazer aquilo que avaliarmos que está bem feito.
O prefeito Eduardo Cury aponta a evolução na educação como um de seus principais legados. Onde você planeja mexer nessa área?
São José é uma cidade acima da média nacional, e isso faz muito tempo. Primeiro, a fase sanatorial exigiu de São José uma preocupação com o planejamento e com condições sanitárias. Depois tivemos a implantação do CTA, que trouxe para São José uma massa de conhecimento decisiva no desenho urbano da cidade e no planejamento. Então, é natural que a gente tenha um bom Ideb, mas a gente não pode se acomodar. Temos que trabalhar para melhorar, e acho que isso a gente faz com escola integral, utilizando o que tiver de inovação e sobretudo valorizando o professor.
Onde o senhor pretende avançar nessa área?
O nosso principal foco na Educação, no início, será a valorização dos professores e as medidas necessárias para implantar a escola integral e a creche, que é um desafio que já estamos tratando com o Ministério da Educação e que nós queremos resolver o problema do atual déficit. Também vamos ampliar o ensino técnico e profissional em São José.
Mutirão resolve o problema da Saúde em São José?
Em São José temos que dar conta da nossa demanda. Para isso, temos ações emergenciais, temos parcerias e temos ações estruturais de médio e longo prazo. Então, a equipe da Saúde tem muita clareza disso. De imediato, temos que minimizar o sofrimento dessas pessoas que aguardam atendimento. Para isso nós temos que fazer mutirão, não há outra forma.
Quais as outras ações necessárias?
Vamos pegar o processo do Samu, corrigir os defeitos do projeto e reenvia-lo para o Ministério da Saúde. Nós queremos e vamos tentar implantar o Samu durante o primeiro ano do nosso governo, além de buscar outras parcerias com o governo federal. Com a ajuda dos servidores municipais, queremos identificar os problemas de gestão que temos, avaliar onde existem desperdícios e retrabalho para otimizar os recursos aplica-los na Saúde. Com os parceiros e contratados, como SPDM, Santa Casa, Antoninho da Rocha Marmo e Pró-visão, nós temos que ter uma relação de parceria e de transparência. Por exemplo, a SPDM tem um contrato com São José e esse contrato será honrado. Agora, nós queremos que a SPDM melhore a qualidade do atendimento.
O PSDB sempre criticou a atuação dos movimentos sociais que seriam ligados ao PT. Como avalia?
Diálogo como os movimentos sociais eu sempre terei. O meu governo está orientado a dialogar, independentemente de partido. Então, se houver alguma liderança de movimento social ligado ao PSDB nós vamos buscar o diálogo, porque na democracia é assim que funciona. Vamos sempre buscar soluções negociadas. Quando for preciso, vamos exercer autoridade na defesa dos interesse da cidade, que é uma obrigação do prefeito. Eu não posso abrir mão disso.
A gestão do prefeito Eduardo Cury foi marcada como uma administração de leis e regras. Você pretende manter o mesmo perfil?
Veja: administração pública, diz o direito, só pode fazer aquilo que a lei expressamente determina. Diferente da área privada, onde as pessoas podem fazer qualquer coisa, desde que a lei não proíba. Então, todo governante tem que seguir as leis e as regras e você tem que ter um ordenamento na cidade isso, é fundamental. Agora, esse ordenamento pode ser construído de forma autoritária, de cima para baixo, ou pode ser construído de uma forma democrática, com mais diálogo e entendimento.
Foto: Warley Leite