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Sir Bani Yas Island, Emirados Árabes Unidos (Reuters) –
Historicamente praticada por Beduinos, a falcoaria é agora um hobby popular em Abu Dhabi, um dos sete emirados dos EAU. (Michael Green, Photolibrary)
Falcões, há muito usados para a caça no Oriente Médio e como um símbolo de status, agora estão sendo adaptados para um problema mais moderno: controle de pragas.
A aparência de aço e vidro brilhante dos arranha-céus nos emirados de Abu Dhabi e Dubai, onde apenas existia deserto há poucas décadas atrás, associada à longa tradição de criação de aves de rapina, fez do falcão um instrumento para um negocio próspero de controle de pragas, já que os proprietários de edifícios tentam impedir os pombos de residirem e sujarem as suas impecáveis fachadas.
"Os pombos são ratos voadores que entram nos edifícios e suas estruturas para construírem ninhos”, disse Richard Ellis, um falcoeiro da Real Shaheen Events.
"Usar falcões é uma maneira ecológica para controlar as populações de pombos", disse ele enquanto vedava os olhos dos pássaros como parte dos preparativos para transportá-los para outra zona infestada de pombos para caça.
Real Shaheen, uma empresa de falcoaria baseada no emirado de Ras al-Khaimah, faz até a metade de sua receita do controle de pragas em Sir Bani Yas Island, um destino turístico onde animais selvagens importados vagueiam em um parque de safári.
Os Falcões, alguns capazes de mergulhar com velocidades superiores a 320 km/h, não matam os pombos, mas são treinados para afugentá-los para longe de locais públicos. Mas ainda assim, nem todo mundo aprova esse uso para um pássaro que é tão amplamente reverenciado no Golfo.
Há séculos na região, beduínos tem usado falcões - "Saqr" em árabe - para caçar animais no inverno, quando os únicos alimentos disponíveis eram o leite de camelo e o pão. O falcão é o símbolo nacional dos sete Emirados Árabes Unidos, caracterizado em sinais de trânsito e na moeda nacional.
Mohammed Salem al-Kabi, falcoeiro emirati que mantém 17 falcões no oásis do deserto de Al Ain, disse que usar falcões como controladores de pragas é uma ofensa para um pássaro tão majestoso que também não gosta deste tipo de trabalho.
"Existem formas mais eficientes, como as mediações para tornar pombos sonolento ou o uso de ultra-som para afastá-los", disse Kabi, reunido com amigos em uma tenta com ar condicionado e assistindo vídeos de falcões em uma TV de tela plana.
No entanto, o uso de falcões para o controle de pragas já foi implementado em muitas cidades e praças no mundo, como a Piazza San Marco em Veneza ou Trafalgar Square em Londres que são famosas por suas gigantescas populações de pombos.
"Cerca de 25 empresas na Grã-Bretanha usam falcões para o controle de pragas, é algo que funciona claramente e é rentável", disse Nick Fox, diretor da Wildlife Consultants International Limited no País de Gales.
Fox disse que o edifício do parlamento da Grã-Bretanha e um estádio em Cardiff também foram protegidos por falcões treinados.
Falcões também têm sido utilizados nos campos de ténis de Wimbledon para manter o campeonato mundial livre de pombo. Os animais também foram usados em diversos aeroportos no mundo para afugentar gansos e gaivotas do espaço aéreo onde podem causar graves acidentes se sugados pelas turbinas dos aviões a jato nas aterrisagens e decolagens.
Negócio Próspero
David Stead, proprietário da Al Hurr Falconry nos Emirados Árabes Unidos, disse que o negócio da falcoaria está em pleno vou. "O mercado é enorme, e há espaço para mais empresas".
"Nós voamos em todos os hotéis do grupo Jumeirah em Dubai, como Burj Al Arab, Emirates Towers, Madinat Jumeirah", disse David sobre seu maior cliente.
O Aeroporto do emirado de Ras al-Khaimah, a Universidade de Al Ain, bem como hotéis em Fujairah, demonstraram interesse em empregar falcões, disse Peter Bergh diretor da Shaheen Real.
A patrulha por falcões pode custar de US$ 10 mil a US$ 20 mil por mês.
Independentemente da oposição ao uso da ave no controle de pragas, a reprodução e a criação de falcões é um negocio em alta no deserto de diversos países do golfo.
"A falcoaria agora está se expandindo. Costumava ser algo exclusivo de pessoas ricas e xeiques", disse Abdulla Lootah, um proprietário de uma fazenda em Dubai, que cria em torno de 50-60 falcões a cada ano.
Cerca de 18.000 falcões estão atualmente registradas nos Emirados Árabes Unidos, disse Abdulrad al-Hamiri, vice-diretor da Agência do Meio Ambiente em Abu Dhabi.
Todos os anos, cerca de 800 falcoeiros do Golfo, incluindo cerca de 300 dos Emirados Árabes, se reúnem para competições de corridas de velocidade entre aves, embora só a realeza e os ricos podem pagar para ir em grandes expedições de caça no exterior em países como a Rússia e Cazaquistão, onde o custo pode chegar a US $ 300.000.
"É muito caro. Você tem que alugar a terra em primeiro lugar e ter uma licença para a caça", disse Lootah, que mantém 120 falcões de reprodução em espaços climatizados no deserto que passa dos 40 graus Celsius no verão.
Comércio Ilegal
O crescente interesse em usar as aves para negócios, bem como um passatempo tem, no entanto criado um outro problema. Alguns falcoeiros e colecionadores preferem falcões selvagens às aves criadas em cativeiro o que impulsiona o comércio ilegal da espécie.
"Com o desmembramento da URSS em 1993, grandes áreas da Ásia foram abertas para a captura de falcões selvagens, algumas das quais tinham quotas legais, como a Mongólia, mas uma parte é ilegal", disse Fox.
"A China e o Cazaquistão costumavam ter uma quota de exportação, mas pararam o comércio nos últimos anos. A falta de fontes legais direcionou grande parte do mercado para a ilegalidade", disse ele.
A caça de animais selvagens, incluindo falcões foi proibida nos Emirados Árabes Unidos em 1978, disse Hamiri. Uma nova lei que foi criada em 2002 para regular o comércio de espécies ameaçadas e falcões tem diminuído drasticamente o comércio ilegal.
"Em relação aos Emirados Árabes Unidos, temos aumentado os esforços para combater o contrabando, interceptamos um pequeno número de indivíduos por ano principalmente em aeroportos e passagens fronteiras terrestres", disse Hamiri.
Cada temporada cerca de 600 falcões entram nos Emirados Árabes Unidos, um dos maiores mercados do Golfo, que instituiu o “passaporte para falcões” que regula o transporte das aves pelas companhias aéreas.
Estes dias, falcoeiros estão dispostos a pagar até $ 270.000 por aves raras de caça, bem acima dos cerca de 30 dólares ao final de 1940.
"É caro em termos de valor, mas é precioso aos nossos corações", disse Kabi, que mantém um viveiro para seus falcões favoritos em seu quarto.
(Reportagem adicional de Martin Dokoupil, Edição de Paul Casciato) |
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