sexta-feira, 8 de julho de 2011

EX-FUNCIONÁRIO DA URBAM E " ATUAL FUNCIONÁRIO DA PREF. MUN. DE TAUBATÉ/SP" - LEIAM!!!


REGIÃO
Jornal O VALE
Julho 8, 2011 - 04:00

Assessor ‘fantasma’ recebe R$ 5 mil por mês na prefeitura

Assessor fantasma da prefeitura de Taubaté
Victor Moriyama
Pedreiro diz ter descoberto vínculo por acaso, ao requerer benefício para filha na Previdência; administração nega fraude
Bruno Castilho
Simone Gonçalves
Taubaté

A Prefeitura de Taubaté mantém em sua folha de pagamento um funcionário que nunca deu expediente em qualquer setor da administração municipal.

Waldinei Oliveira Araújo, 48 anos, é pedreiro e vive em uma casa simples com a mulher e quatro filhos na periferia de São José dos Campos.

Na lista de vencimentos do governo Roberto Peixoto (PMDB), porém, ele apareceria com um salário de R$ 5.000 por mês --ocuparia cargo de confiança.

O vínculo de Araújo com a prefeitura é confirmado pelo INSS. De acordo com o cadastro da Previdência, o pedreiro foi “contratado” pela administração em 2001 como servidor temporário. Em 2008, passou à condição de funcionário de carreira.

Susto.Araújo diz ter descoberto seu vínculo com a Prefeitura de Taubaté por acaso no começo deste ano, quando foi ao INSS requerer um auxílio financeiro para uma filha que é portadora de deficiência física.

Na agência de São José, recebeu a informação de que o dinheiro não foi aprovado por ter um salário incompatível com o perfil de quem recebe esse benefício.

“Me disseram que eu estava empregado na Prefeitura de Taubaté e que recebia um salário de R$ 5 mil”, disse o pedreiro. “Até o começo deste ano, nunca tinha nem pisado em Taubaté.”

Araújo diz ter procurado a prefeitura em março deste ano para tentar esclarecer o caso. Após passar em várias salas, recebeu de um funcionário um documento para ser assinado.

“Eu não assinei. Disse que não poderia assinar sem saber sobre o que se tratava.”

Fraude. Ainda assim, o funcionário que atendeu o pedreiro teria confirmado que a situação estava resolvida --o que não ocorreu. Araújo tentou novamente o benefício, sem sucesso, e decidiu procurar a ajuda de um advogado.

O representante, José Omir Veneziani Júnior, disse que os fatos apontam para um uso indevido do nome do pedreiro.

“Tudo nos leva a crer que a identidade dele foi usada para que alguém receba o salário, porque até o RG e CPF dele constam na prefeitura.”

Júnior apresentou o caso à Polícia Federal de São José, para possível investigação.

“Não quero indenização, nem me beneficiar de nada. Só quero o auxílio para a minha filha”, disse Araújo, que diz sustentar a família com uma renda entre R$ 800 e R$ 1.000, obtida como autônomo.

Outro lado. O assessor para assuntos políticos da prefeitura, Jacir Cunha, negou a existência do “servidor fantasma” na folha de pagamento da administração.

“Procuramos em todo o cadastro e não temos ninguém com esse nome”, disse.
O ex-prefeito José Bernardo Ortiz (PSDB), que governou Taubaté entre 2001 e 2004, disse desconhecer o caso.

“Por nome não me lembro, mas acho difícil que isso tenha acontecido porque todos os novos funcionários passavam pelo meu gabinete”, afirmou.

“Podem ter feito essa contratação depois do fim do meu governo e colocado uma data anterior.”

ONG promete denunciar caso ao MP
Taubaté

O caso do pedreiro ‘fantasma’ levantou suspeitas de que a situação de Waldinei Oliveira de Araújo não seja única na Prefeitura de Taubaté.

A vice-presidente da Câmara, vereadora Maria das Graças (PSB), afirmou que a situação é grave e que deverá ser investigada.

“Vamos procurar informações. Se está confirmado que o RG e o CPF são dele, é muito grave. Temos que verificar se podem existir outros casos semelhantes”, disse ela, que afirmou ainda não ter recebido informações sobre o caso.

Representantes da ONG Transparência Taubaté pretendem denunciar o caso à Câmara e ao Ministério Público.

“"Há indícios de mais um grande esquema de desvio de recursos públicos, agora as custas de pessoas humildes”, disse o presidente da entidade, Joffre Neto.

A ONG também pretende identificar o funcionário que teria sugerido ao pedreiro a assinatura de um documento para regularizar a situação.

Documentos.Para verificar qual é o salário supostamente pago a Araújo, o advogado dele, José Omir Veneziani Júnior, pediu ao INSS informações sobre as contribuições feitas pela prefeitura. “Se ele era contratado, a prefeitura teve que recolher no INSS. Pedimos estes dados para verificar.”

O levantamento poderá apresentar os valores de contribuição até 2008, período em que Araújo ‘foi’ celetista. Servidores estatutários recolhem ao IPMT (Instituto de Previdência Municipal de Taubaté).

Entenda o caso
Descoberta
Previdência
Waldinei Araújo procurou o INSS em janeiro para tentar um benefício. Ele foi informado que era um funcionário da prefeitura

Vínculo
Estatutário
De acordo com o INSS, Araújo é servidor celetista do governo desde 2001. Em 2008, ele passou para celetista (concursado). Ao procurar a administração em março, ele teria recebido a informação de que tinha salário de R$ 5 mil por mês

Governo
O que diz Peixoto
Araújo nega que tenha atuado na prefeitura --ele afirma que sequer conhecia Taubaté até março deste ano. O governo também negou que o pedreiro componha o quadro de servidores da administração 

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