segunda-feira, 18 de julho de 2011

SHOPPING E CIDADE FANTASMA NA CHINA


Shopping-fantasma na China tem 99% das lojas vazias

Esse desastre comercial é pequeno perto de outro fenômeno do país: as cidades-fantasmas da China. O país constrói 10 novas cidades ou mega-bairros por ano.
O Fantástico leva você a um lugar cheio de prédios luxuosos, ruas asfaltadas e um shopping gigantesco, o maior do mundo. Só tem um problema: ninguém quer viver por lá.

O convite parece irresistível: fazer compras no maior shopping center do mundo. Pela entrada não parece grande coisa, mas vamos dar uma voltinha. São quilômetros de corredores vazios, escadas rolantes que não rolam e ninguém à vista, nem mesmo para vigiar o que sobrou das lojas. No térreo, algumas ainda funcionaram em 2005. Foram abandonadas com a pressa de quem foge de uma catástrofe.

Passamos pelo primeiro e segundo andar. Vamos subindo, e o shopping vai se desmanchando. Em cima, a obra nem recebeu acabamento, e o estacionamento nunca viu carro nenhum. O South China Mall, ou Shopping do Sul da China, foi inaugurado há seis anos, na cidade de Dongguan, e definitivamente tem alguma coisa errada com ele.

O maior shopping do mundo tem 2.350 lojas à espera dos clientes, dos vendedores, dos produtos, das prateleiras, de tudo. E 99% das lojas estão vazias. O maior shopping do mundo é o maior deserto de concreto do mundo.

A decoração do lugar deveria nos fazer lembrar a cidade de Veneza. Ainda é possível dar uma volta de gôndola sem sair do shopping, são 20 minutos de passeio pelo nada, até encontrar o sorriso simpático do chinês que tem um dos empregos mais tranquilos do mundo.

Nas poucas lojas que ainda existem, dá para ver que as vendedoras não estão esperando nenhum freguês. Uma diz que, de segunda a sexta, não aparece absolutamente ninguém para comprar. Só no fim de semana, ela às vezes vende alguma coisa na loja de brinquedos.

Tempo de sobra para o badminton, o jogo de duas raquetes e uma peteca. “Jogo o dia inteiro no corredor. Estou ficando boa nisso”, diz a vendedora.

Especialistas apontam a principal razão para esse imenso fracasso: o shopping foi construído no lugar errado. O acesso a Dongguan é complicado, só se chega de carro. Por isso, ela perde visitantes para duas cidades bem próximas e maiores: Cantão e Shenzhen.

Por lá, já não há mais esperança de que o shopping gigante decole algum dia. Se hoje, por milagre, começasse a funcionar, já precisaria de uma reforma. Mas esse desastre comercial ainda é pequeno perto de outro fenômeno: as cidades-fantasmas da China.

O país constrói 10 novas cidades ou mega-bairros por ano. Nas imagens de satélite, parecem símbolos do crescimento chinês. Lugares com capacidade para receber 1 milhão de moradores, como o novo distrito de Zhengzhou.

Quando olhamos do chão, o que encontramos é uma floresta de prédios vazios. São condomínios gigantescos e luxuosos onde não mora ninguém e ruas inteiras de portas fechadas, onde o vento é o único visitante.

Nesses lugares, é possível se sentir solitário no país de mais de 1 bilhão de pessoas. Pertinho dali, a apenas 20 quilômetros, no centro antigo da cidade, está a imagem da China que o mundo se acostumou a ver.

Funciona assim: o governo em Pequim manda e os governos regionais saem construindo para manter a economia crescendo. Mas nem mesmo a super população da China está conseguindo acompanhar esse ritmo de crescimento. Especialistas dizem que neste momento, na China, 64 milhões de apartamentos estão vazios, esperando um comprador.

As cidades-fantasmas ainda estão longe de tudo, e o único argumento do corretor é que ninguém vai ter problemas com a vizinhança. Os especialistas dizem que os preços ainda estão muito altos para o que a maioria da população pode pagar. Alguns economistas temem o estouro de uma bolha imobiliária de conseqüências terríveis para a economia do mundo inteiro.

Para outros, é só o crescimento natural de um país gigante. Ao olhar para o futuro da China, o mundo se divide: encantado e assustado com toda essa imensidão.

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