Guns n’ Roses encerra Rock in Rio com chave de merda…
Por Regis Tadeu | Na Mira do Regis – 3 horas atrásPois é... O Rock in Rio 2011 acabou. No final de semana passado, como sempre, assisti ao evento do sofá da minha casa, tranqüilo e sossegado, morrendo de pena das pessoas que, às cinco da manhã de hoje, saíram ensopadas depois de ver ao terrível show do...
Ah, "pera lá!" Vou escrever aqui as minhas opiniões a respeito da etapa final do festival e deixar o "melhor" para o final do texto. E nem me pergunte sobre outras apresentações, pois não consegui assistir a qualquer show do Palco Sunset, o que certamente me livrou de qualquer traço de irritação adicional.
30/09 — Sexta-feira
O show do Marcelo D2 não fugiu à regra: foi divertido, repleto de canções legais, bem tocadas por uma ótima banda e com convidados bem legais — com destaque para o impagável Fernandinho Beat Box -, que realçou ainda mais a excelente mistura de hip hop e samba que o cara faz. Não foi à toa que o público interagiu e cantou junto uma série de refrãos...
Na hora em que o Jota Quest subiu ao palco, confesso que me armei do melhor dos espíritos para tentar gostar de uma apresentação dos caras, mas não teve jeito. As músicas são muito ruins, a voz do Rogério Flausino é uma das coisas mais irritantes da história da música brasileira e nem mesmo a competência dos instrumentistas consegue dar algum motivo para que eu assista a uma apresentação da banda até o fim.
Ivete Sangalo foi muito esperta. Aproveitou a péssima repercussão da apresentação e das declarações de sua eterna imitadora/concorrente Cláudia Leitte e mostrou um show diametralmente da loira arrogante: vestida com classe e esbanjando sua tradicional simpatia, ela desfilou uma série de canções conhecidas de seu público, mas com uma textura sônica muito mais encorpada que o habitual. Não chegou a ser rock, mas passou perto em vários momentos, principalmente pela habilidade e peso de sua excelente banda. Ela continua cantando mal, mas diverte todo mundo, principalmente pela cara de pau demonstrada no momento em que anunciou que iria "fazer algo que tinha muita vontade naquela hora, fora do script", que foi cantar e tocar a horrenda "More Than Words" do Extreme, só com o violão. Só trouxas caíram nesta presepada...
Tenho que confessor que gosto muito das canções e dos discos do Lenny Kravitz. Por isto, ao contrário do que vai dizer a "mídia indie ishhhpéeerrtta", afirmo com todas as letras: o show do cara foi muito, mas muito bom! A banda de apoio se mostrou competentíssima — com destaque para seu velho companheiro de guitarras, Craig Ross, e a ex-baixista de David Bowie, a ótima Gail Ann Dorsey — e o repertório foi muito bem montado, lotado de hits e canções bacanas, incluindo algumas do bom e recente disco, Black and White America.
Tudo bem, a Shakira é uma delícia, coisa e tal, mas o show dela não dá para assistir, principalmente agora que ela incorporou uma mistura de Beyoncé com Gwen Stefani com sotaque portunhol, com músicas simplesmente pavorosas. Sem contar o festival de playbacks que rolou por baixo da voz dela, que canta para valer mesmo em apenas alguns momentos. Até o som da banda se mostrou pré-gravado em inúmeras canções, o que deixou tudo com cara de karaokê. E tudo piorou ainda mais quando ela chamou Ivete Sangalo para, juntas, estragarem "País Tropical", do Jorge Benjor. Para quem é leigo, foi aí que ficou evidente a diferença entre o som da banda tocando realmente e oplayback que rolou quase o tempo todo anteriormente. Na boa: não dá para ver isto sem uma sensação de constrangimento...
01/10 — Sábado
As apresentações do Frejat e do Skank tiveram muito em comum: ambos desfilaram um caminhão cheio de canções conhecidas, todas bem tocadas e bem aceitas pelo público, sem qualquer ousadia. Tudo muito correto e sem sobressaltos de adrenalina.Nada além do que eles fazem normalmente...
Agora eu entendo porque existem tantos mexicanos tentando entrar nos Estados Unidos, muitas vezes arriscando a vida na empreitada: é bem provável que eles estão fugindo do Maná, um dos grupos mais insuportavelmente chatos da música atual. Os caras parecem uma banda de formatura fazendo show em alguma embaixada latino-americana, cheio de "canções engajadas pela saúde do planeta e pelo amor ao próximo" e outras patetices do gênero. Deus nos livre deste troço! Alguém deveria organizar uma ONG para proteger a gente de porcarias como esta.
O Maroon 5 é daquelas bandas que todo mundo que é "bonzinho" e que não sabe porra nenhuma de música adora. Sabe aquela gente que gosta de ler/ver entrevista do Luciano Huck? Pois é... O som é um pastiche de soul de araque, rock insípido e pop inofensivo da pior estirpe, e isto fica ainda mais acentuado quando os caras vão para o palco — tinha que ser o contrário, né? Deve ser a banda preferida do comentarista Caio Ribeiro quando ele quer brincar de "air guitar" na sala de casa. Credo!
Sempre gostei muito mais do Coldplay em discos do que nos shows, pois nunca vi os caras injetarem uma energia extra nas boas canções que fazem. Felizmente, esta opinião foi parcialmente desfeita nesta apresentação. Os caras entraram em um nível de adrenalina maior que o habitual, o que acabou transformando o bom repertório em uma sucessão de ótimos momentos — inclusive quando apresentaram várias faixas do ainda inédito disco, Mylo Xyloto, que deve sair só no final do ano. Até mesmo o Chris Martin estava mais solto e cantando melhor. Resumindo: os caras mandaram muito bem!
02/10 — Domingo
Por um problema de horário, não vi os shows do Detonautas e da Pitty, o que me impede de tecer qualquer comentário a respeito da apresentação dos caras — não vou fazer isto vendo vídeo no YouTube, né? De qualquer forma, selecionei dois vídeos para você:
Confesso que fiquei meio surpreso com o show do Evanescence, tanto pela ousadia de basear o show quase que totalmente em cima de um disco novo - que leva o nome da banda e que será lançado daqui a algumas semanas — como pela qualidade da banda, com destaque para o ótimo baterista Will Hunt, que já passou pelo Black Label Society. Claro que o som continua aquela presepada do tipo "trilha sonora para meninas adolescentes que se masturbam enquanto sonham com namorados vampiros galãs" — o que costumo chamar de "gótico universitário" -, mas a vocalista/pianista Amy Lee até que não derrapou muitas nas semitonações e as músicas novas até que soaram interessantes.
Como eu já havia avisado, o show do System of a Down foi impressionante. Quase sem intervalo, a banda soltou uma saraivada de canções bastante influenciadas pela música folclórica da Armênia e arredores, só que todas absurdamente complexas, pesadas e excepcionalmente bem arranjadas e ensaiadas. Todos os integrantes mandaram muito bem em seus respectivos instrumentos, notadamente o doidíssimo guitarrista Daron Malakian, cuja alternância de dinâmicas, efeitos e licksera de entortar o cérebro. Sensacional!
Deixei o "melhor" para o final. Na verdade, foi o pior do que poderia acontecer... O show que Axl Rose e seu Guns n' Roses de araque, só com músicos contratados, foi um dos troços mais constrangedores da história do festival. Não bastasse parecer como uma mistura do Hulk Hogan com o GG Alin, o Dick Tracy e o Paul Senior da série American Chopper, o vocalista mostrou que não apenas a sua voz foi para o vinagre, mas também o seu carisma e sua presença de palco. Desafinando como se tivesse o cadáver de um gambá no lugar das cordas vocais, ele praticamente assassinou todas as canções.
Ao seu lado, um bando de músicos que oscilaram entre o "medíocre" e o "patético", com exceção do ótimo baterista Frank Ferrer e do normalmente excelente guitarrista Ron "Bumblefoot" Thal, que ontem foi contaminado pela mediocridade reinante. Para você ter uma ideia, um dos três guitarristas, um tal de DJ Ashba, se tivesse levado uma chibatada toda vez que errou um bend, sairia do show com as costas em carne viva. Aliás, é inacreditável a banda ter três caras para fazer o que Slash tocava sozinho, com uma mão amarrada nas costas e fazendo embaixadinhas com uma laranja. Um horror!
Bem, foi isto. Só lamento que milhares de pessoas tiveram que passar por um "perrengue" de proporções babilônicas para assistir a apresentações medíocres. Que esta multidão tenha melhor sorte na próxima vez. Ou que resolvam comprar um sofá enorme e bem confortável como o meu...
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