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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"FAMIGLIA" SARNEY, A VERGONHA NACIONAL


4/10/2011
 às 19:11 \ História em Imagens

Sarney tenta reagir à surra moral imposta pela multidão e é nocauteado de novo

Participante involuntário da apresentação da banda Capital Inicial no Rock in Rio, o senador José Sarney desta vez passou recibo: em vez de fingir que não ouviu o que disse o vocalista Dinho Ouro Preto, nem conseguiu decifrar a mensagem berrada pela multidão, Madre Superiora resolveu contra-atacar em duas frentes. Enviou a Dinho uma carta em que se apresenta como responsável pela promoção do diplomata Afonso Ouro Preto, que se tornou embaixador durante o governo Sarney. E escalou o deputado estadual Magno Bacelar, do PV maranhense, para outro numerito no picadeiro. Num discurso na Assembleia, Bacelar afirmou que “muitos dos metaleiros” presentes ao show do Capital Inicial são “drogados e maconhados”.
A estratégia bisonha resultou em mais dois naufrágios espetaculares. Como até os crachás da portaria do Itamaraty sabem que não cabe ao presidente promover ou rebaixar diplomatas, o palavrório endereçado a Dinho Ouro Preto só serviu para ampliar o vastíssimo acervo de mentiras. E o falatório do porta-voz da Famiglia foi implodido por Tico Santa Cruz, vocalista dos Detonautas, e pela reapresentação do coro que estreou com o Capital Inicial. Tico nem mencionou o presidente do Senado. Por decisão da gigantesca plateia do Rock in Rio, o nome de José Sarney foi associado para sempre ao insulto desmoralizante. Depois da tremenda surra moral, o símbolo do país da impunidade foi nocauteado de novo. Confira.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

ROCK IN RIO


Na Mira do Regis

Guns n’ Roses encerra Rock in Rio com chave de merda…

Pois é... O Rock in Rio 2011 acabou. No final de semana passado, como sempre, assisti ao evento do sofá da minha casa, tranqüilo e sossegado, morrendo de pena das pessoas que, às cinco da manhã de hoje, saíram ensopadas depois de ver ao terrível show do...
Ah, "pera lá!" Vou escrever aqui as minhas opiniões a respeito da etapa final do festival e deixar o "melhor" para o final do texto. E nem me pergunte sobre outras apresentações, pois não consegui assistir a qualquer show do Palco Sunset, o que certamente me livrou de qualquer traço de irritação adicional.
30/09 — Sexta-feira
O show do Marcelo D2 não fugiu à regra: foi divertido, repleto de canções legais, bem tocadas por uma ótima banda e com convidados bem legais — com destaque para o impagável Fernandinho Beat Box -, que realçou ainda mais a excelente mistura de hip hop e samba que o cara faz. Não foi à toa que o público interagiu e cantou junto uma série de refrãos...
Na hora em que o Jota Quest subiu ao palco, confesso que me armei do melhor dos espíritos para tentar gostar de uma apresentação dos caras, mas não teve jeito. As músicas são muito ruins, a voz do Rogério Flausino é uma das coisas mais irritantes da história da música brasileira e nem mesmo a competência dos instrumentistas consegue dar algum motivo para que eu assista a uma apresentação da banda até o fim.
Ivete Sangalo foi muito esperta. Aproveitou a péssima repercussão da apresentação e das declarações de sua eterna imitadora/concorrente Cláudia Leitte e mostrou um show diametralmente da loira arrogante: vestida com classe e esbanjando sua tradicional simpatia, ela desfilou uma série de canções conhecidas de seu público, mas com uma textura sônica muito mais encorpada que o habitual. Não chegou a ser rock, mas passou perto em vários momentos, principalmente pela habilidade e peso de sua excelente banda. Ela continua cantando mal, mas diverte todo mundo, principalmente pela cara de pau demonstrada no momento em que anunciou que iria "fazer algo que tinha muita vontade naquela hora, fora do script", que foi cantar e tocar a horrenda "More Than Words" do Extreme, só com o violão. Só trouxas caíram nesta presepada...
Tenho que confessor que gosto muito das canções e dos discos do Lenny Kravitz. Por isto, ao contrário do que vai dizer a "mídia indie ishhhpéeerrtta", afirmo com todas as letras: o show do cara foi muito, mas muito bom! A banda de apoio se mostrou competentíssima — com destaque para seu velho companheiro de guitarras, Craig Ross, e a ex-baixista de David Bowie, a ótima Gail Ann Dorsey — e o repertório foi muito bem montado, lotado de hits e canções bacanas, incluindo algumas do bom e recente disco, Black and White America.
Tudo bem, a Shakira é uma delícia, coisa e tal, mas o show dela não dá para assistir, principalmente agora que ela incorporou uma mistura de Beyoncé com Gwen Stefani com sotaque portunhol, com músicas simplesmente pavorosas. Sem contar o festival de playbacks que rolou por baixo da voz dela, que canta para valer mesmo em apenas alguns momentos. Até o som da banda se mostrou pré-gravado em inúmeras canções, o que deixou tudo com cara de karaokê. E tudo piorou ainda mais quando ela chamou Ivete Sangalo para, juntas, estragarem "País Tropical", do Jorge Benjor. Para quem é leigo, foi aí que ficou evidente a diferença entre o som da banda tocando realmente e oplayback que rolou quase o tempo todo anteriormente. Na boa: não dá para ver isto sem uma sensação de constrangimento...
01/10 — Sábado
As apresentações do Frejat e do Skank tiveram muito em comum: ambos desfilaram um caminhão cheio de canções conhecidas, todas bem tocadas e bem aceitas pelo público, sem qualquer ousadia. Tudo muito correto e sem sobressaltos de adrenalina.Nada além do que eles fazem normalmente...
Agora eu entendo porque existem tantos mexicanos tentando entrar nos Estados Unidos, muitas vezes arriscando a vida na empreitada: é bem provável que eles estão fugindo do Maná, um dos grupos mais insuportavelmente chatos da música atual. Os caras parecem uma banda de formatura fazendo show em alguma embaixada latino-americana, cheio de "canções engajadas pela saúde do planeta e pelo amor ao próximo" e outras patetices do gênero. Deus nos livre deste troço! Alguém deveria organizar uma ONG para proteger a gente de porcarias como esta.
Maroon 5 é daquelas bandas que todo mundo que é "bonzinho" e que não sabe porra nenhuma de música adora. Sabe aquela gente que gosta de ler/ver entrevista do Luciano Huck? Pois é... O som é um pastiche de soul de araque, rock insípido e pop inofensivo da pior estirpe, e isto fica ainda mais acentuado quando os caras vão para o palco — tinha que ser o contrário, né? Deve ser a banda preferida do comentarista Caio Ribeiro quando ele quer brincar de "air guitar" na sala de casa. Credo!
Sempre gostei muito mais do Coldplay em discos do que nos shows, pois nunca vi os caras injetarem uma energia extra nas boas canções que fazem. Felizmente, esta opinião foi parcialmente desfeita nesta apresentação. Os caras entraram em um nível de adrenalina maior que o habitual, o que acabou transformando o bom repertório em uma sucessão de ótimos momentos — inclusive quando apresentaram várias faixas do ainda inédito disco, Mylo Xyloto, que deve sair só no final do ano. Até mesmo o Chris Martin estava mais solto e cantando melhor. Resumindo: os caras mandaram muito bem!
02/10 — Domingo
Por um problema de horário, não vi os shows do Detonautas e da Pitty, o que me impede de tecer qualquer comentário a respeito da apresentação dos caras — não vou fazer isto vendo vídeo no YouTube, né? De qualquer forma, selecionei dois vídeos para você:
Confesso que fiquei meio surpreso com o show do Evanescence, tanto pela ousadia de basear o show quase que totalmente em cima de um disco novo - que leva o nome da banda e que será lançado daqui a algumas semanas — como pela qualidade da banda, com destaque para o ótimo baterista Will Hunt, que já passou pelo Black Label Society. Claro que o som continua aquela presepada do tipo "trilha sonora para meninas adolescentes que se masturbam enquanto sonham com namorados vampiros galãs" — o que costumo chamar de "gótico universitário" -, mas a vocalista/pianista Amy Lee até que não derrapou muitas nas semitonações e as músicas novas até que soaram interessantes.
Como eu já havia avisado, o show do System of a Down foi impressionante. Quase sem intervalo, a banda soltou uma saraivada de canções bastante influenciadas pela música folclórica da Armênia e arredores, só que todas absurdamente complexas, pesadas e excepcionalmente bem arranjadas e ensaiadas. Todos os integrantes mandaram muito bem em seus respectivos instrumentos, notadamente o doidíssimo guitarrista Daron Malakian, cuja alternância de dinâmicas, efeitos e licksera de entortar o cérebro. Sensacional!
Deixei o "melhor" para o final. Na verdade, foi o pior do que poderia acontecer... O show que Axl Rose e seu Guns n' Roses de araque, só com músicos contratados, foi um dos troços mais constrangedores da história do festival. Não bastasse parecer como uma mistura do Hulk Hogan com o GG Alin, o Dick Tracy e o Paul Senior da série American Chopper, o vocalista mostrou que não apenas a sua voz foi para o vinagre, mas também o seu carisma e sua presença de palco. Desafinando como se tivesse o cadáver de um gambá no lugar das cordas vocais, ele praticamente assassinou todas as canções.
Ao seu lado, um bando de músicos que oscilaram entre o "medíocre" e o "patético", com exceção do ótimo baterista Frank Ferrer e do normalmente excelente guitarrista Ron "Bumblefoot" Thal, que ontem foi contaminado pela mediocridade reinante. Para você ter uma ideia, um dos três guitarristas, um tal de DJ Ashba, se tivesse levado uma chibatada toda vez que errou um bend, sairia do show com as costas em carne viva. Aliás, é inacreditável a banda ter três caras para fazer o que Slash tocava sozinho, com uma mão amarrada nas costas e fazendo embaixadinhas com uma laranja. Um horror!
Bem, foi isto. Só lamento que milhares de pessoas tiveram que passar por um "perrengue" de proporções babilônicas para assistir a apresentações medíocres. Que esta multidão tenha melhor sorte na próxima vez. Ou que resolvam comprar um sofá enorme e bem confortável como o meu...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

ROCK IN RIO


Na Mira do Regis

Até agora, muita porcaria no Rock in Rio 2011

Antes de você começar a ler estas mal-traçadas linhas, saiba que este é o relato do que assisti na primeira etapa do Rock in Rio 2011 estando no melhor lugar do mundo: o enorme e espaçoso sofá da minha sala.
Sim, porque hoje eu, já um 'tiozinho', posso me dar a este luxo depois de ter trabalhado na cobertura de inúmeros eventos deste tipo nos anos 90. E acredite no que eu vou lhe contar: "festivais de música" são verdadeiras 'roubadas', por melhor que sejam as atrações musicais presentes.
Talvez você ainda seja jovem e tenha muitos hormônios dentro de seu corpinho, o que facilita a "pagação de mico" que é suportar ficar espremido no meio de uma multidão pouco civilizada, no meio de um descampado, depois de passar horas preso em um engarrafamento para chegar ao local, desembolsar uma pequena fortuna para estacionar seu carro, enfrentar 84 filas para fazer qualquer coisa — beber cerveja em temperaturas vulcânicas, comer coisas não identificáveis, mijar em cabines de plástico fétidas, entre outras "diversões". Se este for o seu caso, beleza. Desculpe, não é o meu.
Por isto, o que você vai ler a seguir são as minhas impressões daquilo que vi e ouvi pela TV, o que é uma vantagem, já que pude prestar atenção a muitas coisas que talvez passassem despercebidas caso eu estivesse mais preocupado com a possibilidade de ter a minha carteira surrupiada no meio da 'muvuca' de uma platéia cheia de gente suada. Bem, vamos lá...
Sexta, 23/9
A abertura do evento não poderia ter sido mais constrangedora. Adoraria saber quem foi o "gênio isssshhhhhhppppéeerto " que achou que colocar um Milton Nascimento completamente desafinado para cantar "Love of My Life", do Queen, seria uma "grande sacada" para homenagear o Freddie Mercury e o passado do festival. Minha Nossa Senhora do Pau Arcado! Cantando como se tivesse engolido um vaso de xaxim e com uma pronúncia digna de um curso de Inglês picareta, Milton manchou a sua brilhante carreira — pelo menos aquela dos anos 70, quando gravou discos sensacionais — com uma interpretação canhestra. Até mesmo o Stevie Wonder taparia os olhos e ouvidos para não presenciar isto...
A seguir veio a união entre os Paralamas do Sucesso e os Titãs, ao lado da maravilhosaOrquestra Sinfônica Brasileira. Nenhuma surpresa. Às vezes soando embolado por conta de arranjos pouco enxutos — que chegaram até a encobrir totalmente o som da orquestra -, o showtranscorreu com um desfile de hits óbvios das duas bandas, com vocais bastante irregulares, principalmente por parte de Herbert Viana — bem, vamos dar um desconto a ele, certo? Por incrível que pareça, Maria Gadú até que se saiu bem cantando "Lourinha Bombril" em um tom bem alto.
Como mulher, ela é espetacular: linda e muito gostosa. Agora, como artista, Claudia Leitte fez uma apresentação que é bem o retrato de sua carreira em cima do palco: uma aula de aeróbica ao ar livre em que desafina horrores em cima de canções que têm tanta percussão que parece que estamos ouvindo a mesma canção por horas. Sem contar os 485 bailarinos que só estão ali para desviar a atenção, para que ninguém perceba o quanto as canções são realmente terríveis — melhor seria se Claudia repetisse o involuntariamente hilário vôo descontrolado por cima do palco. Nos momentos mais... ahn... "intimistas", como em "Pensando em Você", sua deficiência como cantora ficou ainda mais evidente. Quando emendou a pavorosa "Beijar na Boca" com "Satisfaction", dos Rolling Stones, Cláudia apenas evidenciou o seu desejo de ser aceita por diferentes públicos por meio de uma baianidade de TV, plástica e fajuta. E isto é algo que jamais irá acontecer. Acredite em mim, babe...
Tenho que tirar o chapéu para a Katy Perry pelo fato de ela ter abandonado a maioria dos playbacksque costuma usar em suas apresentações no exterior. Isto deixou ainda mais evidente o quanto ela canta mal, mas MUITO mal. Para piorar ainda mais as coisas, a cenografia e o próprio conceito infantilizado do show deixou tudo com cara de Criança Esperança. Juro por Deus: achei que a qualquer momento o Renato Aragão e a Xuxa entrariam no palco para pedir doações por telefone. Bem, ela chamou um zé-ruela da platéia para pagar mico em "I Kissed a Girl", o que deu na mesma, né? A única coisa positiva foi a banda de apoio, que segurou bem a onda. De resto, foi uma chatice atroz, já que as músicas, além de horríveis, ainda receberam os gritos de Perry, que espantariam até mesmo o mais raivoso dos King Kongs...
O show de Rihanna, que começou com um indesculpável atraso de quase duas horas, teve apenas uma coisa boa: a banda de apoio, cujo destaque foi o guitarrista Nuno Bettencourt — sim, aquele mesmo do Extreme, que estava lá para garantir uns trocados no fim do mês. Fora isso, o que se viu foi uma cantora muito gostosinha e linda, mas bem fraquinha na hora em que abria a boca para cantar de verdade — é, o lip synching estava muito bem sincronizado e ensaiado. E as canções são alguns dos piores arremedos desta porcaria de r&b que infesta os Estados Unidos nos dias de hoje. Para não dizer que tudo foi descartável, ela mandou bem no único momento em que todo mundo ali cantou e tocou pra valer, que foi na sensacional "Shut Up and Drive". Agora, ouvir porcarias como "Don't Stop the Music", "California King Bed" e "Umbrella" é de provocar aneurismas cerebrais em uma manada de rinocerontes...
Pode falar o que quiser, mas Elton John ainda sabe fazer um show do jeito que tem que ser. Ainda que não tenha sido diferente das apresentações que fez recentemente no Brasil, o que ele tocou no festival fez jus a sua fama: um caminhão de hits maravilhosos, a surpreendente inclusão de uma canção do disco The Union, "Hey Ahab", que gravou em parceria com Leon Russel -, e uma execução perto do soberbo. Para melhorar ainda mais, ele estava muito bem humorado, distribuindo sorrisos tanto para a sua ótima banda de apoio, que conta com dois integrantes de seu ótimo grupo dos anos 70 - o baterista Nigel Olsson e o guitarrista Davey Johnstone - durante curtas improvisações em "Rocket Man", como para o momento em que um sósia subiu ao palco e tentou lhe entregar um bilhete. Show de e para gente grande em todos os sentidos.
24/09 — sábado
Ao ver o show do NX Zero, constatei que: a) os caras melhoraram muito como instrumentistas; b) as músicas continuam muito ruins, mesmo com o peso adicional que foi colocado em cada uma delas; c) os caras estão visivelmente preocupados em deixar de ser uma "banda de fã histérica", algo sinalizado até mesmo pela participação do bom rapper Emicida em "Só Rezo"; d) o vocalista Di Ferrero precisa parar de cantar como se estivesse chorando; e) vai ser difícil o grupo deixar de se transformar em uma espécie de "Linkin Park brazuca", algo igualmente ruim para eles e para nós, claro, que vamos ter que agüentar mais chororô pseudoadulto.
O show do Stone Sour foi aquilo que se esperava, com exceção da presença do Mike Portnoy na bateria, que substituiu temporariamente o titular das baquetas, o bom Roy Mayorga. O som da banda paralela do vocalista do Slipknot, Corey Taylor, continuou com aquela manjada mistura de Nickelback com nu metal, mais manjado que prato-feito. Foi outra prova de que bons músicos não necessariamente produzem boas canções.
Capital Inicial fez o de sempre: tocou um monte de músicas que a molecada curte em maiores ou menores doses de devoção, com Dinho utilizando a sua tradicional "vocalização igual para todas as músicas", com aquele timbre que ninguém mais agüenta ouvir e que é o paraíso para os detratores.
Tenho que confessar que apesar de adorar as canções do Snow Patrol, a apresentação dos caras foi decepcionante, tanto pela equivocada escolha do repertório como pela desanimada presença de palco, mais a própria execução em si. Para piorar, a platéia, ansiosa pelo show seguinte, contribuiu ainda mais para o fracasso do grupo escocês.
Red Hot Chili Peppers começou sua apresentação de maneira arriscada, com uma música nova, "Monarch of Roses", mas mostrando uma bem vinda animação se comparada aos últimos tempos com o depressivo John Frusciante na guitarra. Aliás, o substituto deste, Josh Klinghoffer, se mostrou um guitarrista medíocre, sem mostrar um pingo de criatividade, identidade e mesmo consistência em seu som — quer apostar que esta cara não vai durar muito na banda? Muito diferente disto foi o que apresentou a fantástica cozinha rítmica formada pelo baixista Flea e pelo batera Chad Smith. Ambos tocam como se tivessem começado a fazer jams desde seus tempos de berçário. Já o vocalista Anthony Kiedis cantou mal a maior parte do tempo, algo que vem se repetindo há muito tempo, mostrando apenas em alguns momentos o grande cantor que ele um dia já foi.
25/09 — domingo
Bem, eu avisei que a agressividade de araque do Glória só iria entusiasmar adolescente debilóide que pensa que heavy metal de verdade quem faz é o Avenged Sevenfold, né? Pois foi exatamente isto o que aconteceu. De nada adiantou os caras aumentarem muito o peso das guitarras, colocar um garoto fenomenal na bateria — Elói Casagrande, preste atenção a este nome — e tentarem mostrar que são do "movimento" fazendo cover do Pantera. As músicas continuam horríveis, com letras patéticas e recheadas com poses de malvados, gritos e palavrões tão gratuitos quanto falsos. O que estes caras estavam fazendo no palco principal, enquanto o Sepultura estava em um palco secundário, ainda é um mistério para mim...
A seguir veio o que para mim foi uma das grandes surpresas até agora, que foi o show do Coheed and Cambria. Espertamente, os caras alteraram o repertório e escolherem tocar suas canções mais pesadas e mais simples, soando como se o pessoal do Mars Volta fosse fã do Rush. O resultado foi muito bom: canções mais enxutas, menos progressivas e tocadas com extrema habilidade, conduzidas pelo carismático — e bom — guitarrista/vocalista Claudio Sanchez. Teve até "The Trooper", do Iron Maiden, tocada com a devida exatidão e reverência.
Com o Motörhead não tem erro: o show foi ótimo, até mesmo quando o baixo do Lemmy deu algumas sumidas ao longo da apresentação — depois da apresentação, um câmera da TV flagrou o Lemmy tirando satisfações com o técnico de som até o momento em que foi impedido de continuar registrando a cena pelo próprio guitarrista Phil Campbell. De resto, foi a pauleira maravilhosa de sempre, com o Mikkey Dee justificando a opinião do próprio Lemmy, que diz que ele é "o melhor baterista do mundo".
Eu já sabia que a apresentação do Slipknot seria bacana, mas o que vi superou a minha expectativa. Os caras mandaram muito bem e escolheram um repertório perfeito para a ocasião, que aumentou ainda mais o impacto de seu conceito visual — que é muito bem bolado, diga-se de passagem — dentro daquilo que acontece no palco. Além disto, tocaram muito bem, notadamente o ótimo guitarrista Mick Thomson, o "Seven", e o sensacional batera Joey Jordison, que chegou a pegar um truque emprestado do Tommy Lee, do Mötley Crüe, e botou a sua bateria para girar na vertical enquanto tocava. A interação da banda com a platéia é impressionante, com direito a "mosh" de integrante no meio do público e mobilização para "pulo coletivo". O pandemônio — no bom sentido, claro — foi generalizado. Muito bom!
O que é possível se escrever de inédito a respeito de um show do Metallica? Pouco importa que Lars Ulrich seja um dos bateras mais sem noção de andamento da história do heavy metal e que Kirk Hammett já esteve em melhor forma na hora de elaborar solos consistentes — embora tenha dado uma dentro ao citar "Samba de uma Nota Só" em um de seus solos. Eram tantas canções sensacionais, uma atrás da outra — a emenda de "One" com "Master of Puppets" é algo indescritível -, que até mesmo músicas do álbum Death Magnetic logo serão alçadas a condição de "clássicas", algo que já acontece com "Fuel", do injustamente criticado Reload. Mais uma vez, os caras fizeram um showmemorável.
Dos trechos as atrações do Palco Sunset que consegui assistir, um grande destaque precisa ser dado ao Sepultura e sua parceria com o surpreendente Tambours Du Bronx, e também ao bom showfeito pelo Korzus. Por outro lado, senti uma imensa "vergonha alheia" ao ver o Angra em cima do palco, tentando driblar a desastrosa atuação de seu vocalista, Edu Falaschi. Vê-lo e ouvi-lo assassinando o já horrível tema do musical O Fantasma da Ópera ao lado da bela e igualmente desafinada "soprano de araque" Tarja Turunen foi algo que, infelizmente, vai demorar a ser esquecido. Meu Jesus na cruz!
Para terminar, algumas considerações…
A gritaria contra a escalação do evento é injustificada. Ou todo mundo esqueceu que as edições passadas tiveram coisas do naipe de New Kids on the Block, Roupa Nova, Ivan Lins, Elba Ramalho, Daniela Mercury, Sandy & Junior, 'N Sync e Carlinhos Brown? Qual é o estranhamento? Por que a indignação? Quer coisa mais bunda mole do que o vídeo contra as drogas lançado poucos dias antes do evento? Isto é propaganda "a favor das drogas", isto sim...
Aceite o fato irrefutável: rock não é mais sinônimo de contestação contra o sistema, de transgressão, de rebeldia. O sistema engoliu, absorveu e domesticou o gênero a seu favor, assim como fez com opunk. Você se espanta vendo artista vendendo carro, telefone celular, tênis, refrigerante, creme para espinhas e o escambau a quatro? Desculpe, mas eu não. Até agora, o máximo de "rebeldia" que vi no evento foi o Anthony Kiedis vestindo a camiseta com propaganda de cerveja, só que da marca concorrente da patrocinadora do festival. Não dá, né?
Agora, é inacreditável que uma emissora do porte da Rede Globo tenha colocado alguém tão despreparado como o Zeca Camargo, que não parou de falar um monte de asneiras e, pior, passou informações erradas para as pessoas. Desde quando esta foi a primeira vez que o Motörhead veio ao Brasil? E desde quando isto aconteceu porque a banda compôs uma música chamada "Going to Brazil"? Como é que é???
Outra coisa: desde quando dois manés como Bruno de Luca e André Marques sabem alguma coisa de música? Quem botou as lindas Didi Wagner e Luisa Micheletti para fazerem papel ridículo, como se fossem um "Beavis & Butthead de saias e politicamente correto", nos bastidores do evento? Isto sem contar as entrevistas com os artistas globais, todos desmiolados e completamente deslocados dentro do evento — teve uma atriz/modelo/manequim/passista de escola de samba, cujo nome me foge à memória, que disse que tinha ido assistir ao Sepultura porque acha as "músicas muito gostosas". Hein? Como é que é????
É o fim da picada...