Empresas de ônibus alegam um prejuízo de R$ 101 milhões
São José dos Campos
As três empresas que operam o sistema do transporte de massa de São José dos Campos afirmam que operam com um prejuízo acumulado de R$ 101 milhões.
O suposto déficit foi uma das justificativas usadas pelas concessionárias para o pedido de reajuste do valor da passagem de ônibus, que passa de R$ 2,80 para R$ 3,30 a partir de segunda-feira.
Segundo as empresas, o setor acumula prejuízos desde o início das atuais concessões, na gestão do ex-prefeito Eduardo Cury (PSDB).
As empresas Expresso Maringá e CS Brasil assinaram contrato em abril de 2008. A Viação Saes Pena, em outubro de 2010.
Alegações. Os dados constam de comunicado publicado ontem pela Avetp (Associação Valeparaibana das Empresas de Transporte de Passageiros).
“Desde o início do contrato, as operadoras identificaram características das linhas e outros fatores que oneravam os custos previstos no edital da licitação de concessão e consequentemente nos contratos, provocando uma defasagem constante entre o contratado e a realidade”, diz o texto.
As empresas apontam, por exemplo, que a quilometragem real rodada pela frota de ônibus é bastante superior à contratada.
A Viação Saens pena informa que a sua frota roda mensalmente 984,7 mil, km ante os 837mil km contratados. A Maringá diz que roda 994,3 mil km/mensais ante os 801,3 mil previstos. A CS Brasil informa que roda 947,9 mil km/mês, ante os 863,2 mil contratados.
Perdas. As operadoras mencionam outros fatores que “contrariam o edital e o contrato”, entre eles, a tarifa promocional aos domingos (que, com o reajuste, passará de R$ 2,30 para R$ 2,80), a perda de receita para o transporte alternativo e a exigência de cobradores em número superior ao previsto no edital e contrato.
As empresas também ressaltam que, desde janeiro de 2011, a passagem de ônibus não era reajustada.
“O edital contratado previa uma racionalização de todo o sistema, o que ainda não ocorreu. Desde de 2009 as empresas vem tentando propor alterações que poderiam amenizar estas diferenças. Porém, este diálogo não foi considerado”, afirmam as operadoras.
As operadoras frisam ainda que os salários dos motoristas e cobradores em São José estão entre os mais altos do país.
Contestação. O ex-secretário de Transportes Anderson Farias Ferreira contestou as informações das empresas.
“As operadoras sabiam que a cidade tem transporte alternativo e tarifa menor no domingo. Isto está no edital. Quanto aos cobradores a mais, foi uma decisão da Justiça do Trabalho, mas o custo foi embutido na tarifa de 2009”, disse.
Ferreira também afirmou que os números das quilometragens contratadas informados pela Maringá e CS Brasil estariam incorretos e frisou que as empresas “não operam com prejuízos”.
O governo Carlinhos Almeida (PT) informou ontem que não comentaria o assunto.
PSDB questiona impacto de gratuidades
São José dos Campos
O ex-secretário de Transportes de São José dos Campos Anderson Farias Ferreira acusa o governo do PT de embutir dados incorretos no cálculo da tarifa do transporte de massa da cidade, que foi reajustada em 17,86% e passará de R$ 2,80 para R$ 3,30 a partir de segunda-feira.
Segundo ele, o índice de gratuidade usado pela Secretaria de Transportes não “corresponde à realidade”.
“A secretaria que a incluiu os usuários da integração no conjunto da gratuidade, quando isso não pode ser feito, pois, esses passageiros pagam tarifa”, afirmou.
“Com esse cálculo, a gratuidade representa cerca de 30% do total de usuários do sistema. Na verdade, a gratuidade representa apenas 16%. Essa diferença pode influenciar no cálculo da tarifa”.
Ferreira relatou que a gratuidade é para o grupo formado por idosos com mais de 60 anos, portadores de necessidades especiais e acompanhantes e parte dos estudantes.
De acordo com dados das operadoras, no ano passado, 13,1 milhões de passageiros não pagaram passagem.
Outro lado. “Todos os índices apresentados pela Secretaria de Transportes estão corretos. As gratuidades somam pouco mais de 20%. Em nenhum momento foi colocado custo da integração no cálculo da tarifa”, informou a pasta.
“A porcentagem de gratuidades e o percentual de integração não influenciam em nada o cálculo da tarifa”.
Segundo a secretaria, os técnicos que fizeram o estudo da tarifa são os mesmos do governo anterior.