sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

MAGIC SLIM MORRE, MAS OUÇA O QUE ELE DEIXOU


Magic Slim morre nos EUA aos 75 anos

Bluesman morreu na Filadélfia, na tarde de quarta-feira; estava internado desde janeiro depois de passar mal devido a problemas respiratórios

22 de fevereiro de 2013 | 2h 09
O Estado de S.Paulo
O bluesman Magic Slim morreu na Filadélfia, na tarde de quarta-feira, aos 75 anos. Slim estava internado desde janeiro depois de passar mal devido a problemas respiratórios. De sua geração, apenas ele e BB King faziam shows de blues pelo mundo.

Três acordes - Em meados da década de 40, no pequeno vilarejo de Torrence, no Mississippi, entre muitas plantações e poucas ruas, Morris Holt, um garoto negro nascido em agosto de 1937, dividia seu tempo entre o árduo trabalho na lavoura e a música - no coral da igreja e à frente do piano. E então, quando manuseava um descaroçador de algodão, Holt teve o quinto dedo da mão direita prensado e decepado por uma das moendas de sua ferramenta. Estava traçado o destino. "Depois do acidente, como não poderia mais continuar no piano, comecei a tocar guitarra", contou o bluesman ao 'Estado' em 10 de setembro de 2011. Quando perdeu o mindinho e se conformou de que precisaria desenvolver suas habilidades em outro instrumento, com dez anos sequer completados, Morris Holt tratou logo de agilizar o processo: com cerdas de uma vassoura da casa, improvisou o que entendia ser uma guitarra.

Grenada, para onde foi pouco depois, não era muito maior que sua terra natal. Não fez diferença, no entanto, quantas lojas havia ou quantas pessoas lá viviam. Já a camaradagem que construiu com um músico que encontrou na nova cidade, sim. Samuel Gene Maghett, ou Magic Sam para os íntimos, deu ao pupilo o privilégio de carregar consigo o título de mágico e um ensinamento precioso. "Sam me mostrou muito, mas, principalmente, me disse para que criasse um jeito próprio de tocar. E foi o que fiz".

Foi na companhia do parceiro que Magic Slim aportou em Chicago, em 1955. Depois de assumir a função de baixista na banda de Magic Sam por um curto período, inseguro com a qualidade de sua música, o jovem Morris Holt voltou para casa, deu a dois de seus irmãos baixo e bateria e formou o trio que seria batizado como Teardrops. Mais habilidosos, os três rumaram novamente à cidade do blues e aos poucos foram ocupando os espaços - bares, cabarés e casas de show - que lhes eram devidos.

Com mais de trinta discos gravados, Magic Slim tinha boa parte da sua produção dividida entre os selos Wolf Records e Blind Pig Records. Seu último trabalho, Raising the Bar, foi lançado em 2010 e segue à risca o que o mágico propõe: composições novas e antigas, interpretadas com o mesmo vigor daquele blues visceral da Chicago dos anos 50.


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