quarta-feira, 13 de julho de 2011

SADIA COMPRA PERDIGÃO, AZAR DO CONSUMIDOR!

Mesmo com restrições, fusão entre Sadia e Perdigão vai prejudicar o consumidor, dizem analistas

O último capítulo do julgamento da fusão entre Sadia e Perdigão no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pode não trazer um final feliz para o consumidor. Mesmo que a BRF Foods seja obrigada a aceitar alternativas mais restritivas - como a venda de aproximadamente um terço de seus ativos, além da suspensão da marca Perdigão nos mercados onde há forte concentração junto com a Sadia - para que a operação seja aprovada, analistas ainda veem uma concentração elevada nos diversos segmentos em que atua. Um cenário que ainda permitirá, segundo especialistas, que a BRF controle preços e limite bastante a atuação da concorrência. Para o consumidor, isso pode se traduzir em preços mais elevados e menos opções de compra.
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Segundo Cláudio Goldberg, especialista em varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV), qualquer saída que visa a atenuar o controle da BRF nos mercados reduz os danos ao consumidor. Contudo, continua, as alternativas propostas ainda não são suficientes para permitir uma concorrência mais pulverizada.
- As propostas feitas ao Cade são apenas um caminho para o "sim". Qualquer retrocesso, porque na prática a fusão já existe, seria benéfico. Ou melhor, menos pior para o consumidor - disse Goldberg.
Na avaliação de Marco Quintarelli, diretor da consultoria de varejo Grupo Azo, tirar das prateleiras a Perdigão pode, em alguns mercados, ser um atenuante à concentração. Mas, para ele, a proposta não dá um fim ao poderio da BR sobre preços e concorrência.
- Em nível nacional, a concentração seguiria elevada. O que, na prática, ainda permitiria um controle dos preços - comentou o especialista, para quem a saída da Perdigão de alguns mercados pode não levar, necessariamente, a uma migração de consumo para a Sadia. - Mas, de qualquer maneira, a Sadia seria bastante agressiva para conquistar consumidores e isso, claro, teria efeitos na concorrência.
Órgãos de defesa do consumidos já se posicionaram contrários à fusão. Caso do Procon-SP, que entende que "a concentração de mercado é prejudicial ao consumidor, pois diminui a concorrência". O Idec, por sua vez, se mostrou preocupado com os efeitos da fusão e lembra que a BRF chega a concentrar 90% do mercado de congelados, pizzas, pratos prontos e embutidos.
- A proposta inicial de desconcentração que fez ao Cade foi considerada insuficiente, porque, apesar de abrir mão de algumas marcas (Rezende, Wilson, Batavo e Confiança) e ativos (fábricas e centros de distribuição), não chegava a abrir possibilidades reais a concorrentes. Resta ver o que a BRF vai propor novamente. De qualquer modo, a concentração é tanta que vai ficar difícil abrir espaço a novos concorrentes que possam equilibrar esse mercado. Por isso, operações dessa ordem de grandeza e grau de concentração deveriam ser apresentadas previamente ao órgão antitruste - comentou o gerente de informação do Idec, Carlos Thadeu de Oliveira.

Um comentário:

Anônimo disse...

que derrota o pobre sempre sai perdendo fora que a qualidade vai ser menor pois sem uma concorrente de peso eles vão relaxar!