RIO - A campanha “Preconceito racial não é mal-entendido” — dos pais da criança negra de 7 anos que teria sido expulsa por um funcionário da Concessionária Autokraft, na Barra, no dia 12 passado — ganhou apoio de autoridades, instituições e de mais de 80 mil internautas no Brasil e em outros países. A Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos publicou nota de repúdio contra o que considerou uma ofensa aos direitos da criança e informou que irá acionar a Chefia de Polícia para que investigue criminalmente o caso:
“Com o fim de apurar a efetiva prática do delito pelo funcionário da referida concessionária, a SEASDH enviará ofício à chefe de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, solicitando a deflagração do inquérito policial, no âmbito do qual serão colhidas as provas que eventualmente poderão embasar o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público”.
Ainda na nota, a SEASDH lembra que “o estado brasileiro é parte da Convenção Internacional sobre Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, a qual dispõe, em seu artigo 1°, que toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto ou resultado anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública”.
A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que a 16ª DP (Barra) já havia instaurado inquérito para apurar o caso de suposto racismo, na última quarta-feira. O gerente da concessionária foi chamado e vai depor na próxima terça-feira. Os pais da criança também serão intimados.
Já a Secretaria de Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) publicou nota em seu site parabenizando os pais da criança, Priscilla Celeste e Ronald Munk, e lembrando que racismo é um crime grave.
“Diversas crianças negras e suas famílias são discriminadas cotidianamente. Neste episódio, a indignação motivou uma campanha extremamente legítima e necessária. Preconceito racial não é mal-entendido, não é brincadeira, é crime e impacta na vida e na morte de milhares de jovens negros, no acesso a bens e serviços, em toda a sociabilidade de cidadãos e cidadãs negros e negras.”
A campanha no Facebook ganhou apoio até o fim da tarde de ontem de mais de 87.500 pessoas no Brasil e no exterior, e ganhou destaque na Revista Forbes, uma das mais famosas revistas dos Estados Unidos.
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