A LOTERIA DA VIDA: ONDE É MELHOR NASCER EM 2013
Em 1988 o Brasil ocupava o 30º lugar na escala dos melhores países do mundo para se nascer e viver. Em 2013, fomos rebaixados para o 37º lugar, segundo os critérios da revista The Economist. Ela acaba de criar, como o fez há 25 anos, a lista de classificação das nações do mundo a partir da qualidade de vida que oferecem
24 DE JANEIRO DE 2013 ÀS 19:12
Por: Equipe Oásis
Warren Buffett, provavelmente o mais bem sucedido investidor do mundo, disse que tudo de bom que lhe aconteceu podia ser resumido ao fato de que ele nasceu no país certo, os Estados Unidos, e no momento certo (em 1930). Um quarto de século atrás, quando o estudo The World in 1988 (O mundo em 1988) fez o “Elenco dos 50 melhores países para se nascer em 1988”, os Estados Unidos foram apontados em primeiro lugar, o Brasil em 30º. Qual seria o melhor lugar do mundo para se nascer em 2013?
Para responder a pergunta, a Economist Intelligence Unit (EIU), empresa irmã da revista The Economist, criou critérios ainda mais sérios e rigorosos para medir qual país tem condições de oferecer as melhores condições para uma vida saudável, segura e próspera a partir de agora e nos anos que virão.
Os critérios de qualidade de vida utilizados para a elaboração dessa lista resultam de padrões subjetivos de satisfação – o quão feliz as pessoas declaram se sentir – junto a determinantes objetivos de qualidade de vida encontrados nos diferentes países. Ser rico ajuda mais do que qualquer outra coisa, mas não é o único fator que conta; coisas como crime, delinquência e corrupção governamental, confiança nas instituições públicas, saúde pública, características da vida familiar, também são de grande importância. Ao todo, o índice leva em consideração 11 indicadores estatisticamente significativos. Eles constituem um grupo misto: alguns são fatores fixos, tais como a geografia; outros mudam lentamente através do tempo (demografia, várias características sociais e culturais); e alguns fatores dependem das políticas locais bem como do estado da economia mundial.
Lista “Onde é melhor nascer em 2013”
Lugar País Pontos
1 Suíça 8,22
2 Austrália 8,12
3 Noruega 8,09
4 Suécia 8,02
5 Dinamarca 8,01
6 Singapura 8,00
7 Nova Zelândia 7.95
8 Holanda 7,94
9 Canadá 7,81
10 Hong Kong 7,80
11 Finlândia 7,76
12 Irlanda 7,74
13 Áustria 7,73
14 Taiwan 7,67
15 Bélgica 7,51
16 Alemanha 7,38
16 Estados Unidos 7,38
18 Emirados Árabes 7,33
19 Coreia do Sul 7,25
20 Israel 7,23
21 Itália 7,21
22 Kuwait 7,18
23 Chile 7,10
23 Chipre 7,10
25 Japão 7,08
26 França 7,04
27 Grã-Bretanha 7,01
28 República Checa 6,96
28 Espanha 6,96
30 Costa Rica 6,92
30 Portugal 6,92
32 Eslovênia 6,77
33 Polônia 6,66
34 Grécia 6,65
35 Eslováquia 6,64
36 Malásia 6,62
37 Brasil 6,52
38 Arábia Saudita 6,49
39 México 6,41
40 Argentina 6,39
40 Cuba 6,39
42 Colômbia 6,27
43 Peru 6,24
44 Estônia 6,07
44 Venezuela 6,07
46 Croácia 6,06
46 Hungria 6,06
48 Letônia 6,01
49 China 5,99
50 Tailândia 5,96
51 Turquia 5,95
52 República Dominicana 5,93
53 África do Sul 5,89
54 Argélia 5,86
54 Sérvia 5,86
56 Romênia 5,85
57 Lituânia 5,82
58 Irã 5,78
59 Tunísia 5,77
60 Egito 5,76
61 Bulgária 5,73
62 El Salvador 5,72
63 Filipinas 5,71
63 Sri Lanka 5,71
65 Equador 5,70
66 Índia 5,67
66 Marrocos 5,67
68 Vietnã 5,64
69 Jordânia 5,63
70 Azerbaijão 5,60
71 Indonésia 5,54
72 Rússia 5,31
73 Síria 5,29
74 Cazaquistão 5,20
75 Paquistão 5,17
76 Angola 5,09
77 Bangla Desh 5,07
78 Ucrânia 4,98
79 Quênia 4,91
80 Nigéria 4,74
Uma escala progressiva de elementos também entra em jogo. Embora vários indicadores de qualidade de vida mudem lentamente, algumas variáveis precisam ser previstas para este item. Entre elas a renda per capita. Os criadores da classificação usaram as previsões econômicas do Economist Intelligence Unit (www.eiu.com/index.asp?& - /index.asp?& -) para 2030, ano em que, aproximadamente, as crianças nascidas em 2013 atingirão a idade adulta.
Apesar da forte crise econômica global ainda em andamento, em certos aspectos os tempos atuais nunca foram tão bons. Os índices de crescimento têm declinado nos últimos anos em todo o mundo, mas os níveis de renda atingem hoje os seus máximos índices históricos. A expectativa de vida continua a aumentar de modo constante e as políticas de liberdade cada vez mais se espalham em toda a parte, mais recentemente na África do Norte e no Oriente Médio. Por outro lado, a crise deixou marcas profundas – na zona do euro, mas também no resto do mundo – particularmente em termos de desemprego e de segurança pessoal. Nesse sentido, ela provocou uma maior erosão tanto no âmbito da estrutura familiar quando da vida comunitária.
O que tudo isso significa para um bebê que nasce neste ano de 2013? Após análise de uma imensidade de dados e números, a EIU elegeu a Suíça para ocupar o topo da lista. A Austrália vem em segundo lugar.
Pequenas economias dominam os dez primeiros lugares. Metade delas são europeias, mas apenas uma, a Holanda, pertence à zona do euro. Os países nórdicos brilham, enquanto as economias em crise do sul da Europa (Grécia, Portugal e Espanha) ficam para trás, apesar da grande vantagem constituída pelo clima favorável de que desfrutam. As economias europeias mais importantes (Alemanha, França e Grã-Bretanha) não se apresentam particularmente bem na lista.
Os Estados Unidos, cujos bebês irão herdar os enormes débitos da atualidade, foram para trás e ocupam agora um modesto 16º lugar. Apesar do seu dinamismo econômico, nenhuma das quatro nações do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) alcançou pontuação significativa. Dentre as 80 nações consideradas, a Nigéria está em último lugar: é o pior lugar para um bebê chegar ao mundo em 2013.
Estabilidade, não importa se tediosa
Os que gostam de polêmicas irão, com certeza, encontrar mais falhas nesse estudo do que num pedaço de queijo suíço. E por falar em Suíça, primeiro lugar da lista em 2013, esse país sempre foi considerado a pátria do tédio. Orson Welles, no filme “O Terceiro Homem”, faz um personagem protagonista comentar que “a Itália, nos trinta anos de guerras, terror e assassinatos que durou o período dos Bórgia, produziu Michelangelo, Leonardo da Vinci e todo o Renascimento; a Suíça, nos seus 500 anos de paz e democracia, só produziu o relógio-cuco”. A frase não deixa de ser historicamente correta, mas ela também descreve o valor da estabilidade tediosa nos tempos incertos que correm...