Acordo entre GM e sindicato garante só parte dos empregos
São José dos Campos
A decisão, tomada após mais de nove horas de reunião, ainda precisa ser aprovada em assembleia pelos 7.200 empregados da empresa na cidade, o que deve acontecer amanhã.
O acordo prevê que, dos 759 funcionários que hoje estão em lay-off (contrato suspenso, 150 retornem à empresa dentro de dois meses porque têm estabilidade e o restante seja demitido com o pagamento de uma multa adicional de mais três meses de salários.
O restante do grupo considerado excedente, mas que não foi colocado em lay-off, cerca de 950, tem seu emprego garantido pelo menos até dezembro, prazo em que a GM garantiu a produção do Classic, único modelo que sobrou no MVA.
O grupo, no entanto, ficará em férias coletivas até 14 de fevereiro, tempo que a GM precisa para reorganizar a produção do Classic.
O acordo também prevê que a GM invista R$ 500 milhões no período de 2013 a 2017 na Powertrain, fábrica que integra o complexo de São José e produz motores e câmbios.
Além disso, o pacote ainda permite jornada flexível de compensação em caso de oscilações na produção e nova grade salarial para novos operários, caso a GM venha a contratar na cidade.
“O acordo que foi fechado não é o nosso sonho, mas certamente é o que foi possível de ser reconstruído neste momento”, disse Antonio Ferreira de Barros, o ‘Macapá’, presidente do sindicato.
Luiz Moan, diretor de Relações Institucionais da GM e responsável pelas negociações, ressaltou a manutenção do emprego de 950 dos 1.598 considerados excedentes.
“Nós garantimos o nível de emprego no período de produção do Classic. O
investimento não é baixo. E mais importante é colocar São José na rota dos investimentos”, disse Moan.
Moan ressaltou que a produção de novos modelos será oferecida à planta de São José em breve, o que poderá trazer de volta o nível de produção na cidade.
Do lado de fora da sede do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), onde aconteceu a reunião, cerca de 100 sindicalistas e funcionários da GM acompanharam o resultado da reunião. O grupo passou o dia em uma espécie de vigília no local.
O impasse entre GM e sindicato se estende desde meados do ano passado, mas a ameaça aos empregos começou bem antes, em 2008 (leia texto nesta página).
São José dos Campos
O impasse entre GM e sindicato que culminou na ameaça aos empregos em meados do ano passado começou bem antes, em 2008, quando a montadora norte-americana tentou trazer três novos modelos para São José mas desistiu após falta de acordo com o sindicato local.
Na época, a empresa pediu a adoção de banco de horas, mecanismo que permite equilibrar a jornada de trabalho às oscilações do mercado, a redução do piso salarial para novos contratados.
Ambas as propostas foram recusadas pelo sindicato e depois rejeitadas pelos funcionários em assembleia que gerou polêmica na época. Houve questionamentos sobre o resultado mas a decisão de rejeitar a proposta da empresa foi mantida. Mais tarde, a GM tentou novos acordos, em vão.
Com isso, a maior parte dos investimentos foi levada para as plantas de São Caetano do Sul, no ABC Paulista, e Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre (RS).
Em 2012, apenas a nova S10 começou a ser montada em São José. Com o fim da vida útil de três modelos --Zafira, Corsa e Meriva--, o MVA, maior setor produtivo da planta local, acabou esvaziado e com um único modelo, o Classic.
Assim, a GM decretou que tinha 1.800 empregados ociosos. Após PDV (Programa de Demissão Voluntária), restaram ainda 1.598 excedentes.