Assad teria ‘vendido’ número do telefone de Kadafi à França
LONDRES - O presidente sírio Bashar al-Assad teria “vendido” o número do telefone via satélite de seu suposto aliado líbio Muamar Kadafi em troca de menos pressão internacional contra seu regime, informou um agente líbio ao “Daily Telegraph” no domingo. A informação foi essencial para que a Otan planejasse uma armadilha para o ex-ditador líbio e informasse milicianos de sua localização, segundo Rami El Obeidi, ex-chefe de Inteligência Exterior dos rebeldes que tomaram o poder em Trípoli.
De acordo com o agente, Assad estava preocupado que as atenções da comunidade internacional se voltassem para os horrores que já aconteciam na Síria antes da queda do regime na Líbia. O governo de Damasco ofereceu, então, o número do telefone do ditador líbio, que fez com que agentes da inteligência francesa conseguissem rastreá-lo e monitorar seus movimentos.
- Em troca dessa informação, Assad conseguiu a promessa de mais tempo da França e menos pressão contra seu regime, o que ocorreu - diz Obeidi.
A versão oficial da Otan para a morte de Kadafi é que aeronaves britânicas teriam avistado e atacado um comboio que tentava fugir da cidade de Sirte, sem saber que o ex-ditador viajava em um dos veículos. A seguir, um grupo de milicianos chegou ao local e encontrou Kadafi escondido em um cano próximo aos carros atacados.
Segundo a versão de Obeidi, os agentes franceses foram responsáveis por orquestrar toda a operação, depois que o ditador ligou para dois aliados: Yusuf Shakir, um partidário fiel, e Ahmed Jibril, um líder palestino na Síria. O agente acrescentou que o governo francês não demonstrou grande preocupação sobre como Kadafi seria tratado depois de capturado, e apenas pediu que ele fosse entregue às autoridades com vida.
O diário “Daily Telegraph” lembra o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy teve um papel de grande importância na denúncia da repressão a manifestações na Síria e também nas ações da Otan na Líbia, durante a guerra civil no país norte-africano. No fim de semana, o primeiro-ministro líbio Mahmoud Jibril confirmou que um agente “estrangeiro” estava envolvido na operação que causou a morte de Kadafi, mas não divulgou mais detalhes.
O jornal italiano “Corriere della Sera” afirma ter consultado órgãos de inteligência ocidentais que confirmaram que o suposto “agente” seria “quase certamente francês”. O diário também acrescenta o ex-presidente temia que Kadafi divulgasse que doou dinheiro para a campanha do conservador francês à Presidência em 2007.
- Sarkozy tinha todos os motivos para querer se livrar do ditador e o mais rápido possível - disse uma das fontes ao “Corriere della Sera”.
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