A força do interior
Cidades paulistas de médio porte se tornam polos de atração de investimentos, superam a capital e emergem como o maior mercado consumidor do Brasil
Mariana Queiroz Barboza
Símbolos clássicos do desenvolvimento de uma cidade, os shopping centers são o retrato acabado do fenômeno da descentralização do crescimento econômico no Brasil. Com três shoppings que, na última década, foram os principais pontos de encontro de seus 600 mil moradores, Ribeirão Preto (a 320 quilômetros de São Paulo) já estava distante do que os paulistanos gostavam de chamar de “caipira”, apesar de ainda bastante ligada à cultura do agronegócio. Agora se prepara para a abertura de dois novos centros de compras e a ampliação de outro, totalizando investimentos de R$ 740 milhões. Não por acaso, a cidade puxa a lista dos municípios onde o consumo – e sua participação no Estado – mais cresce. Nos últimos cinco anos, o total gasto pelos consumidores de Ribeirão praticamente dobrou, segundo estudo da IPC Marketing. De acordo com o mesmo levantamento, em 2012 o interior de São Paulo vai ultrapassar, pela primeira vez na história, a região metropolitana da capital como o maior mercado consumidor do País.“Há dez anos, via o interior como uma região promissora, que prometia muito, mas não tinha a infraestrutura e a pujança que tem hoje”, diz o empresário paulistano Cláudio Guirão. “Agora olho como um investidor atento.”
Símbolos clássicos do desenvolvimento de uma cidade, os shopping centers são o retrato acabado do fenômeno da descentralização do crescimento econômico no Brasil. Com três shoppings que, na última década, foram os principais pontos de encontro de seus 600 mil moradores, Ribeirão Preto (a 320 quilômetros de São Paulo) já estava distante do que os paulistanos gostavam de chamar de “caipira”, apesar de ainda bastante ligada à cultura do agronegócio. Agora se prepara para a abertura de dois novos centros de compras e a ampliação de outro, totalizando investimentos de R$ 740 milhões. Não por acaso, a cidade puxa a lista dos municípios onde o consumo – e sua participação no Estado – mais cresce. Nos últimos cinco anos, o total gasto pelos consumidores de Ribeirão praticamente dobrou, segundo estudo da IPC Marketing. De acordo com o mesmo levantamento, em 2012 o interior de São Paulo vai ultrapassar, pela primeira vez na história, a região metropolitana da capital como o maior mercado consumidor do País.“Há dez anos, via o interior como uma região promissora, que prometia muito, mas não tinha a infraestrutura e a pujança que tem hoje”, diz o empresário paulistano Cláudio Guirão. “Agora olho como um investidor atento.”
À frente do grupo carioca Global Equity Properties, Guirão vai investir R$ 300 milhões em um complexo multiuso em Ribeirão Preto, que terá seis torres residenciais, hotel, shopping e cinemas. A obra deve consumir R$ 650 milhões e gerar 2,4 mil empregos diretos. Focado em outra ponta, Marcos Romiti, responsável pela construção do Shopping Buriti na antiga fábrica da Antarctica, quer explorar a classe C com um aporte de R$ 300 milhões. “A capital é muito interessante, mas hoje as oportunidades estão aparecendo no interior, então é para lá que vamos”, afirma. Entre 2009 e 2011, o Produto Interno Bruto (PIB) do município cresceu, em média, 8%. A título de comparação, o PIB brasileiro de 2010 foi de 7,5%. A prefeita Dárcy Vera diz que a chegada de novos empreendedores é impulsionada não só pelo potencial de expansão do consumo, mas pelas facilidades que o interior também oferece a indústrias, como uma carga tributária mais leve. “Como a cidade é menor, o acesso à prefeitura e às associações comerciais é bem mais amplo”, afirma.
A transferência de unidades industriais das capitais para o interior é um processo que começou na década de 90, mas que ganhou em intensidade nos últimos anos. Sorocaba, a 95 quilômetros da capital paulista, recebeu há três semanas a nova fábrica de automóveis da japonesa Toyota, orçada em US$ 600 milhões. A menos de dez minutos da planta, as obras do Shopping Cidade Sorocaba avançam para a inauguração em maio de 2013. “Quando decidi construir o empreendimento na zona norte há cinco anos, me chamavam de louco, porque não tinha nada lá”, diz Paulo Walter dos Santos, dono do projeto. “Nesse período, a prefeitura concluiu obras de infraestrutura e a região se valorizou muito.” A aposta certeira custou R$ 260 milhões.
A chegada de novas indústrias também foi o que estimulou a Multiplan a colocar mais de R$ 300 milhões no Jundiaí Shopping, a 60 quilômetros da capital. No último ano, o município se beneficiou do recorde de investimentos estrangeiros no Brasil e recebeu fábricas como as da chinesa Foxconn, da americana Pilot Pen e da espanhola Exal. Em reportagem recém-publicada, o jornal britânico “Financial Times” destacou melhores serviços, índices menores de criminalidade e melhor mobilidade urbana como fatores atrativos para os investimentos. “Antigamente as pessoas precisavam ir para a capital para ter um bom emprego e consumir com qualidade”, diz Guillermo Bloj, superintendente do shopping. “O fluxo se inverteu.”
Alain Ryckeboer, diretor-geral da francesa Leroy Merlin, uma das maiores lojas de material de construção do mundo, vê como natural a virada rumo ao interior devido à escassez de terrenos na Grande São Paulo. “No interior, a oferta é grande e a terra mais barata”, diz. A companhia, que estuda sua implementação em cidades com população acima de 400 mil habitantes, anunciou recentemente um investimento de R$ 60 milhões em São José do Rio Preto, a 450 quilômetros da capital. De 2007 para cá, o consumo dos moradores de Rio Preto cresceu 70%. “As capitais já estão muito sufocadas em seus serviços essenciais”, diz o professor Edgard Merlo, da Faculdade de Economia e Administração da USP de Ribeirão Preto. “A ida ao interior traz benefícios mútuos: as empresas ganham espaço e consumidores a um custo menor e a população desfruta de um aumento do nível salarial.”
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=396529
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