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domingo, 29 de maio de 2011
Suspeita de acordo secreto Embraer-Bombardier
Documentos vazados pelo Wikileaks apontam que houve um acordo entre asempresas para dividir as encomendas, após sérias disputas no setor aéreo, algo que as duas companhias negam
Por Agência Estado
Jatos da série Phenom, fabricados pela Embraer: segundo Wikileaks, empresa fechou acordo com concorrente Bombardier
Telegramas secretos da diplomacia norte-americana, publicados pelo grupo WikiLeaks, revelam novos bastidores da guerra comercial entre Brasil e Canadá em torno dos subsídios ao setor aéreo. Segundo os documentos, os Estados Unidos acreditavam que Embraer e Bombardier só resolveram a disputa após selar um acordo de cavalheiros em que dividiram encomendas. A fabricante brasileira nega, enquanto a canadense não comenta.
A preocupação dos EUA não era com a defesa do livre comércio, mas com os interesses da norte-americana Boeing e como a empresa poderia ser afetada pelo suposto "duopólio". Os telegramas, aos quais a reportagem teve acesso, também evidenciam a percepção da diplomacia dos Estados Unidos sobre os vínculos estreitos entre empresas e governos no setor de aviação.
A disputa entre Bombardier e Embraer é uma das maiores guerras comerciais em que o Brasil já esteve envolvido. Para apoiar as empresas, os governos brasileiro e canadense se acusaram mutuamente na Organização Mundial de Comércio (OMC). Iniciados em 1996, os processos se arrastaram por sete anos e só terminaram quando ambos os países foram condenados a modificar os programas de apoio à exportação de aeronaves.
Nos EUA, porém, não prevaleceu a versão de que a guerra acabou com fim dos subsídios ilegais. Em um telegrama enviado em 4 de agosto de 2005, a embaixada americana em Ottawa, no Canadá, relata o caso ao Departamento de Estado e diz que "a disputa só esfriou em 2002-2003 com uma paz negociada. Bombardier e Embraer dividiram encomendas importantes da US Airways e da Air Canadá".
Dois anos antes, em 7 de novembro de 2003, outro telegrama do consulado americano em Montreal tocaria no mesmo ponto. "Os rumores são de que tanto a Bombardier como a Embraer teriam dado um forte desconto no preço de compra de seus aviões em uma encomenda de 170 jatos no valor de US$ 4,3 bilhões pela US Airways", diz o documento. "A encomenda, anunciada em maio, foi dividida entre as duas fabricantes de aviões".
Procuradas pelo Estado, Embraer e Bombardier reagiram à divulgação dos documentos. "Isso é um absurdo, uma leviandade. Nunca sentamos para conversar com a Bombardier", afirmou o presidente da Embraer, Frederico Curado. "Não comentamos discussões entre governos", disse Haley Dunne, porta-voz da Bombardier, em Montreal. A empresa também não discute telegramas vazados pelo grupo WikiLeaks. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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