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Jornal O VALE
September 7, 2012 - 02:00
Chery pode contratar 1.500 caso GM confirme demissão
Fábrica da Chery em Jacareí deve entrar em operação no final do ano que vem Foto: Thiago Leon
Proposta negociada pelo governo prevê que ‘chinesa’ em Jacareí absorva excedente da montadora de S. José no fim do ano
Xandu Alves
São José dos Campos
O Ministério do Trabalho vai intermediar o cadastro de eventuais trabalhadores demitidos da General Motors de São José dos Campos para a montadora chinesa Chery, que está construindo uma fábrica em Jacareí.
Desde 27 de agosto, 940 funcionários da GM estão com o contrato de trabalho suspenso, medida conhecida como “layoff” e que vale até 30 de novembro.
Para a GM, eles fazem parte de um contingente excedente de 1.840 trabalhadores que corre o risco de perder o emprego com o fechamento da linha de produção MVA, que atualmente só produz o Classic. Os modelos Corsa, Zafira e Meriva deixaram de ser fabricados.
O ministro do Trabalho, Brizola Neto, recebeu há duas semanas em Brasília representantes da Chery no Brasil, entre eles o vice-presidente Du Weiqiang.
Eles discutiram a possibilidade de contratar trabalhadores que eventualmente venham a ser demitidos da GM de São José, em novembro.
A montadora chinesa se mostrou interessada em absorver cerca de 1.500 desses funcionários na fábrica de Jacareí, que deve entrar em operação até o final de 2013 e que pode alcançar 4.000 operários em 2014. A capacidade de produção prevista é de 50 mil veículos.
Será aberto um cadastro com a apoio do Ministério do Trabalho para atrair os metalúrgicos interessados.
Em nota, a Chery confirmou que o Ministério “dará apoio aos possíveis futuros processos resultantes dessa negociação com os trabalhadores”. Informou ainda que a maneira como será estruturado o banco de dados está “em fase de estudo”.
Mantendo 17 unidades produtivas em 13 países, a Chery erguerá em Jacareí a primeira fábrica fora da China com regime completo de produção.
A meta é de contratar, a partir de junho de 2013, cerca de 1.200 trabalhadores na primeira fase de implantação da unidade na região. Parte desse contingente poderia vir de demitidos da GM, que passariam por cursos de capacitação técnica com apoio do Ministério.
Curso. Os trabalhadores da GM afastados iniciaram nesta semana curso de qualificação organizado pelo Senai.
A participação é obrigatória para que sejam incluídos no Bolsa Qualificação do Ministério do Trabalho e recebam auxílio de R$ 1.163 do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), com complemento salarial da GM. Não há garantia de permanência no emprego após o período de “layoff”.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José e a GM terão nova rodada de negociação em 13 de setembro.
Os sindicalistas preparam várias manifestações para defender os postos de trabalho em São José. Eles participarão hoje pela manhã do desfile da Independência, em São José, e de uma audiência pública no Senado, em Brasília, em 16 de outubro.
“Nossa prioridade é manter os empregos na cidade. Acreditamos que a GM tenha condições para isso”, disse Luiz Carlos Prates, o ‘Mancha’, secretário geral da entidade.
Para ele, não é hora de discutir o interesse da Chery nos trabalhadores da GM.
“Isso é uma negociação à parte. Não é hora de conversar sobre isso, mesmo porque estamos interessados em evitar qualquer demissão na GM.”
Outro lado. Em nota, a GM informou que não vai comentar o assunto durante a fase de negociação.
Metalúrgicos ameaçam greveSão José dos Campos
Os trabalhadores da General Motors, de São José dos Campos, rejeitaram ontem a proposta da empresa de reajuste salarial e ameaçam greve a partir da próxima semana.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José, a empresa ofereceu 2% de aumento real mais inflação. A categoria pede 7% mais inflação, chegando a 12%.
Assim, os trabalhadores da GM se juntam aos operários de outras empresas que ameaçam greve a partir da próxima semana. Eles se organizam para dar início às paralisações como forma de mobilização da campanha salarial deste ano.
O sindicato já protocolou o aviso de greve e as empresas têm até segunda-feira para negociar as reivindicações da categoria. Caso não haja acordo, a greve pode começar na terça.
Pedidos. Os metalúrgicos de São José reivindicam reajuste salarial de 12%, sendo 7% de aumento real. “As empresas estão tendo exoneração fiscal do governo mas ao mesmo tempo dão um reajuste insuficiente”, disse o secretário-geral do sindicato, Luiz Carlos Prates.
Taubaté. Em Taubaté, o Sindicato dos Metalúrgicos também prepara greves para a próxima semana.
A categoria rejeitou a proposta das empresas, que tem até segunda-feira para atender aos pedidos do sindicato.
Os trabalhadores pedem reajuste salarial de 4,5% mais a inflação, chegando a 10% de aumento. “É uma forma de pressionar as empresas. Elas ofereceram 2% e aumento real”, disse o secretário geral do sindicato, Cláudio Batista.