Ladrão arrombador
26 de agosto de 2011 | 21h38
Cley Scholz
“No Bosque da Saúde foi preso um ladrão quando enterrava uma valise com ferramentas próprias para arrombamento. Na segunda quinzena de outubro último, procedente do Rio, chegava a esta capital o grego João Jorge Diamandides, de 38 anos de idade, indivíduo que, apesar de boa aparência, provocou logo suspeitas na casa em que se hospedara, no Hotel Nacional, antigo Cantagallo, à rua Santa Thereza nº 21-A. O estranho hóspede, ali dava entrada na manhã de 23, conservando-se em repouso durante todo o dia. estava sempre perturbado e as suas recomendações aos empregados do hotel traduziam alguma coisa de extraordinário, pois não permitia que ali se fizesse limpeza e ainda conservava em seu poder a chave do departamento que ocupava, o quarto número 8. Habitualmente, na curta estadia, o grego esquivava-se de servir-se de refeições a horas regulamentares, e entrava a hora avançada da madrugada. Na manhã de 26 do referido mês, despertando mais cedo que nos outros dias, João Jorge saia do hotel com uma das suas valises, tomando rumo dos lados da Vila Mariana, com o propósito de procurar um lugar deserto. Daquele bairro, o misterioso homem seguia em direção ao Bosque da Saúde, onde chegava depois das oito horas, carregando sempre a valise, que parecia muito mesada, pelo esforço que fazia em transportá-la. Uma vez naquele sítio pitoresco, transpondo as alamedas circundadas de espessa mataria, João Jorge fez o percurso por um caminho que ia ter numa baixada, onde estava certo de que não seria visto. Nesse local, abria uma pequena valeta e enterrou a valise que transportava, cobrindo-a com um jornal e deitando terra e capim por cima dela. Com toda a serenidade de espírito, tranquilo, sem demonstrar a mais ligeira preocupação, João Jorge voltava pelo mesmo percurso, quando de súbito se via rodeado de diversas pessoas que pretendiam detê-lo…”
10 de novembro de 1916.
Abaixo, a continuação da reportagem:
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