Uma semana antes de morrer em banco, empresário denunciou vigia em MT
Família entrou com ação contra agência em que empresário foi morto.
Vigilante confessou o crime e é considerado foragido da Justiça.
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Uma semana antes de ser assassinado, o empresário Adriano Henrique Maryssael de Campos, de 73 anos, denunciou que era constantemente barrado na porta giratória da agência do Banco Itaú, na Avenida Carmindo de Campos, em Cuiabá, conforme consta no inquérito policial do caso que o G1 teve acesso.
Na ocasião, Adriano disse à gerência do banco que era impedido de entrar no local pelo segurança Alexsandro Abilio de Farias, 28 anos, que aparece nas imagens do circuito interno matando a tiros o empresário. O vigia é considerado foragido pela Justiça de Mato Grosso.
O advogado Janoni Pereira, que defende o ex-vigilante, disse em entrevista ao G1 que o suspeito pretende se apresentar em outra oportunidade quando passar o “clamor do público”. Ele disse que o vigilante está com medo de sofrer represália e que assim que for feita a denúncia do Ministério Público deverá prestar informações em juízo.
O crime
O assassinato ocorreu por volta das 11h30 do dia 21 de junho de 2011. No entanto, no dia 14 do mesmo mês, o empresário havia relatado que já havia ocorrido um tumulto na porta giratória. Na oportunidade, o cliente tentou entrar pela porta giratória que travou. Ele fez a reclamação para a gerente comercial da agência. No depoimento à polícia, a gerente disse que o empresário contou que todas que vezes que tentava entrar na agência, a porta travava. Diante da informação, ela afirmou à polícia que fez o registro da reclamação na conta corrente do cliente.
“A maior revolta foi saber que isso poderia ter sido evitado. Se o banco tivesse levado a sério a reclamação de um cliente de 30 anos, isso não teria acontecido. Meu pai estaria vivo”, reclamou a filha do empresário, a psicóloga Stephania Lodi Maryssael de Campos, em entrevista ao G1. "As imagens me revoltaram muito. Me dá uma espécie de desespero. Uma náusea. Não dá para explicar. É horrível. A vontade que tenho é de voltar no tempo e dizer 'pai não entre aí'”, indignou-se. Para a família, o crime foi premeditado.
A filha do empresário disse que a família já entrou com uma ação na Justiça pedindo indenização ao banco. “Entramos com uma ação de indenização por danos materiais e morais”, comentou o advogado da família, Flávio Alexandre Bertin.
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A reportagem do G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa do Banco Itaú para se manifestar sobre o pedido de indenização e também sobre a reclamação feita à gerência da unidade. Por meio de nota oficial, a instituição respondeu apenas que o banco lamentou o crime. "O Itaú lamenta muito o ocorrido e informa que desde o dia do incidente se colocou à disposição da família e das autoridades que apuram os fatos", informou a assessoria do banco.
Últimos momentos
As imagens me revoltaram. A vontade que tenho é de voltar no tempo e dizer 'pai não entre aí'"
Stephania de Campos, filha do empresário
Os últimos momentos do empresário foram registrados por quatro câmeras do circuito interno do banco. As imagens mostram que várias pessoas passaram pela porta de segurança do local com bolsas e capacetes sem que a porta fosse travada. Mas no instante em que o empresário chega à agência e tenta passar pela porta, o detector de metais o impede de entrar.
Nesse instante, o vigia se aproxima e libera a porta-giratória. Porém, o empresário estava apenas com uma folha de papel na mão. Por ter sido barrado, as imagens mostram que ele faz um gesto com a mão para o vigia. Momento em que supostamente o empresário teria ofendido o funcionário e seguiu em direção ao balcão de atendimento.
O circuito interno de segurança revela ainda que a vítima permaneceu por 14 minutos dentro da agência. Depois de ser atendido, Adriano vai a um caixa eletrônico e paga algumas contas. Após realizar as operações bancárias, o empresário tenta sair do estabelecimento mas não consegue, porque novamente a porta é travada. O vigia então se aproxima da vítima e com um revólver em punho efetua os disparos.
O tiro fatal foi na cabeça da vítima. O vigia, como mostram as imagens, teve tempo de atirar no vidro para sair da agência. Já na avenida, o segurança consegue parar um motociclista que trafegava na pista e rouba o veículo para fugir.
O ex-segurança, de 28 anos, que confessou o crime e está foragido, foi indiciado por homicídio qualificado. O Ministério Público Estadual (MPE) já recebeu o inquérito policial, mas ainda não decidiu se irá oferecer denúncia contra o indiciado.
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