A interiorização da violência
Coluna Econômica - 29/09/2011
A violência está se desconcentrando, saindo dos grandes centros para as cidades do interior. Esta é a principal conclusão do Mapa da Violência, apresentado por Júlio Jacobo Waiselfisz, do Instituto Sangari, no Fórum Sobre Segurança Pública, do Projeto Brasilianas.
Em pouco mais de cinco anos, por exemplo, Maranhão passou de 5 para 15 homicídios por cada 100 mil habitantes.
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Há alguns fatores que explicam essa migração. O primeiro, a desconcentração do desenvolvimento econômico, com perda de dinamismo das regiões metropolitanas.
O segundo fator pode ter sido o Plano Nacional de Segurança Pública, de 1999, e o Fundo Nacional que, a partir de 2001, passou a canalizar recursos para o aparelho de segurança das regiões metropolitanas, diz Jacobo, deslocando os criminosos para o interior.
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A disseminação da violência é maior em três tipos de municípios.
O primeiro, os de zona de fronteira, no qual o crime organizado chega a dominar parte do território.
O segundo, os municípios de turismo predatório, dos quais o exemplo maior é Itamaracá, em Pernambuco.
O terceiro, o arco de desmatamento amazônico, como em Marabá, onde existe a grilagem de terra, madeireiras ilegais, extermínio de comunidades indígenas e as as áreas de pistolagem e/ou de caciquismo político, cujo exemplo maior é o polígono da seca, em Pernambuco.
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Há uma característica especial nos homicídios: não se trata de um fenômeno individual, mas social. Por isso mesmo, através das estatísticas é possível se prever índices de homicídio tanto no Brasil quanto na Suiça.
Professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Rogério Baptistini Mendes reforça essa visão e explica que no Brasil a violência é estruturada. Desde a colonização criou-se uma cultura da violência diferente das sociedades mais avançadas. Por isso mesmo, não se pode importar acriticamente metodologias de combate à violência.
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Jacobo concorda com essa visão e incluir Colômbia e Venezuela nessas sociedades intrinsicamente violentas.
O fato novo nas pesquisas é o aumento da violência entre os jovens, especialmente os integrantes de grupos, como as torcidas organizadas.
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O grande risco é a transformação da violência de epidemia em pandemia.
Segundo Jacobo, na faixa dos 5 homicídios por 100.000 habitantes, a violência não traz problemas. De 5 a 10, começa a fazer diferença, deixando a população desconfiada. De 10 para cima, é a fase epidêmica, na qual o cidadão não tem a menor confiança nas forças de segurança e as forças de crime começam a ocupar territórios.
A partir de 20, tem-se a pandemia estrutural, difícil de erradicar. Os índices brasileiros são de 27 homicídios por cada 100 mil habitantes.
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O especialista Roberto Genofre citou dados de pesquisa do professor Luiz Flávio Sapore, da PUC Minas. Constatou que 18,48% foram resultado do comércio de drogas ilícitas; 13,71%, de vingança; 11,62%, de relações afetivas; 8% de brigas em bares e similares.
De 2000 a 2010, estima-se que 20% das causas de homicídios foram ligados à droga, especialmente dos pequenos traficantes.
Otimismo na construção é o menor em 20 meses
O otimismo dos empresários sobre a atividade da construção em setembro é o menor desde janeiro de 2010: as expectativas dos industriais do setor para o nível de atividade nos próximos seis meses registraram 56,2 pontos, contra 60,1 pontos em agosto, segundo sondagem do setor elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a entidade, os empresários “percebem um ambiente bem menos favorável aos negócios agora do que em meses anteriores”.
Parlamento europeu aprova governança
O Parlamento Europeu aprovou a criação de um plano de governança econômica, em mais uma tentativa de tirar a região da crise. Agora, estão previstas sanções aos países-membros que não atenderem os objetivos de déficit e dívida. Entre outras medidas, a entidade poderá recomendar sanções de até 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) aos países que ultrapassem 3% do déficit e 60% da dívida pública, embora possa vetar a multa com o apoio de nove dos 16 sócios do euro.
Crise econômica tem componente político, diz CE
A crise econômica internacional que afeta diversos países da Europa também apresenta componentes políticos, segundo o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, ressaltando que é fundamental que se realize um esforço coletivo na tentativa de vencer as dificuldades. “É preciso ser honesto e absolutamente claro na análise do estado da União: estamos hoje confrontados com o maior desafio que, creio, a União (Europeia) conhece em toda a sua história”, disse.
Fluxo cambial tem saldo negativo na semana
O fluxo cambial apresentou mais saídas do que entradas ao longo da última semana, segundo informações do Banco Central. Entre os dias 19 e 23 de setembro, o déficit apresentado foi de US$ 431 milhões. Os números foram afetados pelo desempenho do segmento financeiro, onde as saídas ultrapassaram as entradas em US$ 2,319 bilhões. Já o fluxo comercial ficou positivo em US$ 1,888 bilhão. No ano, o saldo cambial está positivo em US$ 67,897 bilhões.
Brasil não é presa para crise, diz Dilma
Em evento na região Norte, a presidenta Dilma Rousseff disse que os programas e políticas sociais do governo também são ferramentas para enfrentar a crise financeira mundial, ressaltando que o país não é "presa fácil" para a crise. "Somos uma parte substantiva dessa grande defesa que é nosso mercado interno, é isso que faz com que esse país, quando cresce, quando investe, quando consome e faz política social, não seja presa fácil da crise internacional (...)", disse.
Ativos internacionais caem 3,4% em junho
Os ativos internacionais do sistema bancário chegaram a R$ 190,3 bilhões durante o mês de junho, apresentando uma retração de 3,4% em reais, e expansão de 0,8% em dólares, segundo dados divulgados pelo Banco Central. No mesmo período, o grau de internacionalização do sistema caiu de 4,9% para 4,6%. A autoridade monetária também ressalta a manutenção do ritmo de alta das operações com residentes, cuja participação passou de 32,7% para 33,4%.
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