Nesta segunda-feira Ronaldo anuncia o fim de sua carreira. Dezoito anos depois de sua estreia pelo Cruzeiro, com mais de 400 gols em sete clubes e na seleção brasileira, incluindo 15 em Copas, e único brasileiro a ter sido eleito três vezes melhor jogador do mundo pela Fifa, o atacante do Corinthians cedeu ao cansaço. "Não aguento mais", disse neste domingo, em entrevista exclusiva ao Estado. "Eu queria continuar, mas não consigo. Penso uma jogada, mas não executo como quero. Tá na hora. Mas foi lindo pra caramba."
Ronaldo tinha contrato com o Corinthians até o fim do ano, mas a eliminação na pré-Libertadores desanimou o jogador. Com nove cirurgias e inúmeras lesões musculares, seu corpo vinha dando sinais graves nos últimos meses. Nos treinos, não podia correr demais que ambos os joelhos inchavam. "Até para subir escada sinto dores", diz Ronaldo, que fez só 12 gols em 27 jogos em 2010.
Ter saído no fim de 2009, depois de ganhar dois títulos pelo Corinthians e marcar 23 gols em 38 jogos, teria sido melhor? "Não, eu queria terminar com o gosto da vitória na Libertadores. Infelizmente, não deu. O ano passado foi complicado, as lesões foram cruéis comigo." Ronaldo diz que os acontecimentos com a torcida depois da eliminação diante do Tolima, que levaram o amigo Roberto Carlos a ir para a Rússia, não foram a causa da aposentadoria. Chegou a dizer que não ia "dar esse gostinho para eles". Mas pensou melhor: "Eles não importam. O que importa é que fui até onde pude." Em 2011, foram quatro jogos e nenhum gol.
Os números contrastam com o do menino franzino que com 16 anos apareceu fazendo um gol por jogo no Cruzeiro, foi para o PSV da Holanda e seguiu com essa média até chamar a atenção do Barcelona. Ali, antes de fazer 19 anos, explodiu para o mundo. Em 49 jogos fez 47 gols, alguns dos quais antológicos. Na Inter de Milão, em 1997, ganhou o apelido "Il Fenomeno". Na seleção só não fez mais gols do que Pelé.
A carreira também foi marcada por polêmicas pessoais e esportivas, como a convulsão inexplicada antes da final da Copa de 1998 e o sobrepeso que a torcida passou a acusar desde 2005. Mas, por mais rigoroso o balanço, é difícil discordar de sua própria síntese: "Foi lindo".
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