21/02/2011 - 17h28
Alckmin diz ser grave vazamento de vídeo de escrivã despida
DE SÃO PAULO
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta segunda-feira que é grave o vazamento de um vídeo da Corregedoria da Polícia Civil que mostra uma escrivã investigada por corrupção tendo sua roupa arrancada em uma delegacia.
Caso de delegados que deixaram escrivã nua é arquivado
Imagens divulgadas no fim de semana pelo blog do jornalista Fábio Pannunzio mostram que, durante a abordagem, dois delegados determinaram que a escrivã tirasse a roupa para checar se ela havia escondido dinheiro de propina dentro da calcinha.
Para Alckmin, o vazamento do vídeo será apurado, pois se trata de documento interno da polícia. No sábado (19) Alckimin já havia cobrado explicações sobre o caso. "Nós pedimos à Corregedoria da polícia que levante todas as informações da polícia, do Ministério Público e do Judiciário para verificar exatamente o caso e as suas consequências."
ARQUIVAMENTO
Antes de o governador cobrar explicações, a Corregedoria arquivou o inquérito que investigava os dois delegados, suspeitos de abuso de autoridade durante a prisão da escrivã, que trabalhava no 25º DP, no bairro de Parelheiros (zona sul de SP).
Conforme a denúncia, os policiais Eduardo Henrique de Carvalho Filho e Gustavo Henrique Gonçalves, ambos da Corregedoria, tiraram a calça e a calcinha de uma escrivã que era investigada pelo crime de concussão, quando um servidor exige o pagamento de propina.
O caso aconteceu em junho de 2009. Ao longo dos 12 minutos do vídeo, a escrivã diz que os delegados poderiam revistá-la, mas que só retiraria a roupa para policiais femininas. Mas nenhuma investigadora da corregedoria foi até o local para acompanhar a operação.
SEM ROUPA
Ao final, o delegado Eduardo Filho, uma policial militar e uma guarda civil algemam a escrivã, retiram a roupa dela e encontram quatro notas de R$ 50. A escrivã foi presa em flagrante e, após responder a processo interno, acabou sendo demitida pela Polícia Civil. No mês seguinte, seus advogados recorreram da decisão.
"Foi um excesso desnecessário. Ela só não queria passar pelo constrangimento de ficar nua na frente de homens", disse o advogado Fábio Guedes da Silveira.
Para a Corregedoria, não houve excessos na ação dos dois delegados. Segundo a corregedora Maria Inês Trefiglio Valente, eles agiram "dentro do poder de polícia".
O promotor Everton Zanella foi ouvido no inquérito que investigou os policiais e disse que a retirada da roupa foi uma consequência do transcorrer da operação.
"Houve apenas um pouco de excesso na hora da retirada da calça da escrivã, todavia, em nenhum momento vislumbrei a intenção do delegado que comandava a operação de praticar qualquer ato contra a libido da escrivã", disse o promotor no inquérito.
Além de ser expulsa, a escrivã responde a um processo criminal. A primeira audiência do caso só deverá ocorrer em maio, conforme seus advogados.
Os delegados Eduardo Filho e Gustavo Gonçalves continuam trabalhando na Corregedoria da Polícia Civil. A corregedora os caracterizou como policiais "corajosos e destemidos". A Folha não localizou os policiais para comentar o assunto.
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Um comentário:
É uma vergonha atrás da outra.
Primeiro: a escrivã corrupta (se for confirmado).
Segundo: a corregedoria praticando o abuso.
Terceiro: a corregedoria pedindo arquivamento do inquérito.
Quarto: o Ministério Público opinando pelo arquivamento.
Quinto: o juiz autorizando o arquivamento.
Sexto e o pior de todos: o governador Alckmin dizendo a opinião mais ridícula que já vi na minha vida - “Isso é evidente que é grave, e vai ser apurado, como é que um documento interno da polícia acabou indo a exposição pública”.
Faça me o favor!
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