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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
NÓS, OS OTÁRIOS, É QUE PAGAMOS ESTAS MARACUTÁIAS TÔDAS!
Lavô-tá-novo
1 de fevereiro de 2011 | 18h28
Celso Ming
A operação de salvamento do Banco Panamericano pode ter sido uma maravilhosa obra de engenharia política e financeira, mas razões há para entender que o sistema bancário nacional ficou mais vulnerável a lambanças de todo tipo.
Um rombo acima de R$ 4 bilhões, aparentemente cavado pelos diretores, foi prontamente coberto pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que vai assumir as perdas em nome da preservação do sistema. Quando se imaginava que o déficit fosse de R$ 2,5 bilhões ainda se exigiu garantia de todos os bens do acionista controlador. Quando foi ampliado para acima de R$ 4 bilhões já não se pediu mais nada. Vá entender.
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Silvio Santos. “Não perdi nada” (FOTO: Leonardo Soare/AE)
Com enorme sorriso estampado em todos os veículos de comunicação, Silvio Santos (Senor Abravanel) comemorou quanto pôde: “Não ganhei nem perdi nada. A televisão não está mais à venda, a Jequiti também não está mais à venda e as Lojas do Crediário do Baú também não estão mais à venda. A única coisa que foi vendida foi o banco”.
Desta vez não foram empenhados recursos públicos, no sentido de que não saíram do Tesouro e tenham sido puxados do bolso do contribuinte. Mas não dá para dizer que esse FGC seja constituído de recursos unicamente privados. Tem, sim, administração privada e é formado por contribuições dos bancos. Como essas contribuições constituem custos dos bancos é óbvio que a conta está sendo disfarçadamente empurrada para o correntista e para o cliente das instituições, que cobrem esses custos ou por meio de pagamento de tarifas ou por meio de corte de remuneração para suas aplicações financeiras.
Enfim, ao final de uma história de desmandos, não há culpados nem responsabilizados. Há apenas um buracão de R$ 4 bilhões agora generosamente tapado. Levado às suas últimas consequências, esse desfecho está passando o recado de que os administradores de bancos podem aprontar à vontade, podem submeter as finanças da instituição que administram a todas as formas de criatividade. Se, lá pelas tantas, aparecerem coisas esquisitas no balanço do banco – descobertas não pelos auditores, porque estes não enxergam nada, mas por técnicos do Banco Central – ou o governo ou um fundo garantidor qualquer tratará de lavar tudo. É o princípio do lavô-tá-novo, aplicado aos bancos.
Esta surpreendente imunidade não é exclusividade nossa. A crise mostrou que a única vítima dos descalabros financeiros que se viram em escala global foi o Lehman Brothers. Os demais, tanto na Europa como nos Estados Unidos, foram socorridos, capitalizados ou absorvidos, quase todos com verbas públicas ou com verbas privadas regadas por favores de um ou vários governos.
Antes, ainda se dizia que apenas os grandes bancos não podiam quebrar, porque desencadeariam quebra em cadeia (crise sistêmica). Agora, até mesmo nanicos, como o Panamericano, estão defendidos contra riscos de administração incompetente ou fraudulenta.
Grandes naufrágios estão sendo evitados. Mas não foram evitadas outras consequências, especialmente aquilo que os ingleses chamam de “moral hazard” (expressão mal traduzida por “risco moral). Ou seja, não foi acionado nenhum mecanismo punitivo para que essas coisas não se repitam. Ao contrário, os mais espertos também estão felizes.
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