As confusões de Netinho
CGU cobra R$ 1 milhão do vereador do PCdoB, que também precisa explicar a apresentação de notas frias à Câmara Municipal de São Paulo
Alan Rodrigues
O pagodeiro e vereador paulistano José de Paula Neto, o Netinho do PCdoB, saiu das eleições do ano passado carregado por quase oito milhões de votos na disputa por uma vaga no Senado. Com esse cacife, Netinho começou 2011 procurando se posicionar como peça importante no tabuleiro da sucessão da Prefeitura de São Paulo. O pagodeiro que quase virou senador sonha ser candidato a prefeito ou vice-prefeito em qualquer chapa que lhe assegure legenda. Contratou o cientista político Antônio Lavareda para avaliar os erros e os acertos de sua campanha ao Senado, mas esqueceu-se de explicar como tem feito uso do dinheiro público tanto em seu gabinete na Câmara Municipal como no Instituto Casa da Gente, ONG ligada diretamente a ele. Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), o instituto terá que devolver ao governo cerca de R$ 1 milhão, que saiu dos cofres públicos através de três convênios que não foram cumpridos. Desde 2003, Netinho não explicou, por exemplo, a destinação dada a R$ 790 mil creditados nas contas do instituto. O dinheiro foi liberado após parcerias de Netinho com o Ministério do Esporte, o Ministério da Cultura e a Presidência da República.
A maior parte dos recursos recebidos pela Ong foi para a implantação do projeto Segundo Tempo, principal programa do Ministério do Esporte, para atuar em áreas de risco e vulnerabilidade social. Na prática, o Instituto Casa da Gente criaria núcleos esportivos para cerca de 1,3 mil crianças e adolescentes na região de Carapicuíba (Grande São Paulo), reduto eleitoral de Netinho. De acordo com o governo e a CGU, porém, passados mais de sete anos, o instituto não disse onde e de que forma gastou o dinheiro
Netinho também é suspeito de desviar verbas municipais. Até a quinta-feira 3, ele terá que explicar à Corregedoria da Câmara o que tem feito com sua verba anual de R$ 184.725. Uma auditoria identificou na prestação de contas do vereador, entre 2009 e 2010, notas fiscais supostamente frias e outras com endereços fantasmas. Netinho diz que tudo não passa de perseguição política. “Não sou bandido e serei prefeito dessa cidade, quer queiram, quer não queiram”, diz o vereador. O problema é que contra ele há fatos que nem mesmo um “mago das pesquisas”, como FHC se referia a Lavareda, é capaz de solucionar.
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