NOSSA REGIÃO
Jornal O VALE
June 8, 2012 - 03:30
Cury cria bônus de até 60% para comissionados
Em ano eleitoral, prefeito institui gratificações para servidores que exercem cargos de confiança
Filipe Manoukian
São José dos Campos
Às vésperas da campanha eleitoral, o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB), criou gratificações de até 60% para servidores de carreira que ocupam cargos de confiança na administração municipal.
A concessão do benefício pode gerar uma despesa extra de mais de R$ 800 mil apenas neste ano.
Os bônus foram instituídos por meio de uma lei de autoria do prefeito, aprovada pela Câmara no final de abril e sancionada no mês passado. Uma emenda negociada com os vereadores estendeu as gratificações a assessores do Legislativo.
Antes, os funcionários de carreira lotados em cargos de confiança podiam optar entre manter os antigos vencimentos ou receber a referência salarial da função comissionada, dependendo de qual fosse mais vantajosa.
Isso porque, em função de benefícios previstos no antigo plano de carreira da categoria, muitos servidores ganhavam em suas funções de origem mais do que secretários municipais.
A partir de agora, os funcionários efetivos que assumirem cargos de confiança terão a possibilidade de continuar recebendo seus salários de origem com acréscimos entre 30% e 60% ao mês, dependendo da função. Hoje, a prefeitura tem quase 300 cargos comissionados.
Polêmica. Defendida pela administração como forma de “valorização do funcionalismo”, a alteração no Estatuto do Servidor é vista como imoral pelo sindicato que representa os cerca de 8.000 trabalhadores da categoria.
“Estamos há 16 anos pedindo aumento real, pedindo a revisão do piso ao governo. Agora, com a eleição chegando, eles resolvem criar um benefício só para os que estão em cargo de chefia”, disse o diretor do sindicato, Donizetti Aparecido de Souza, o Zetão.
“Se formos olhar só a medida, é positiva, porque para muitos não compensava financeiramente assumir mais responsabilidade. O que criticamos é a falta de diálogo para tentarmos melhorias para todos os servidores e a época do ano que eles soltaram essas gratificações”, emendou.
Interesses. O sindicalista afirmou que as gratificações teriam objetivos eleitoreiros.
“Nós pedimos para eles anteciparem o gatilho \[salarial\] para antes de abril, e nada”, disse Zetão.
“Agora eles fazem isso \[anúncio de novas gratificações\] para agradar o servidor, atrair os que estão em cargos de chefia para ‘bandeirar’ na campanha. Ou seja, a preocupação não é pagar mais ao funcionário”, completou.
Defesa. O secretário de Administração de São José, Sergio Luiz Pinto Ferreira, negou qualquer caráter eleitoreiro na alteração do Estatuto do Servidor.
“A imensa maioria dos servidores de carreira são apartidários. Quem faz campanha são os comissionados. Eles \[sindicato e oposição\] querem desvirtuar a lei, que veio para beneficiar o servidor.”.
O secretário explicou que as novas gratificações têm como objetivo “valorizar o servidor que se destaca e remunerá-lo por isso”.
“Muitos servidores, do meio para o fim da carreira, não sentem interesse em assumir uma chefia, porque financeiramente não compensa. Por isso, o inventivo”, disse.
São José dos Campos
Às vésperas da campanha eleitoral, o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB), criou gratificações de até 60% para servidores de carreira que ocupam cargos de confiança na administração municipal.
A concessão do benefício pode gerar uma despesa extra de mais de R$ 800 mil apenas neste ano.
Os bônus foram instituídos por meio de uma lei de autoria do prefeito, aprovada pela Câmara no final de abril e sancionada no mês passado. Uma emenda negociada com os vereadores estendeu as gratificações a assessores do Legislativo.
Antes, os funcionários de carreira lotados em cargos de confiança podiam optar entre manter os antigos vencimentos ou receber a referência salarial da função comissionada, dependendo de qual fosse mais vantajosa.
Isso porque, em função de benefícios previstos no antigo plano de carreira da categoria, muitos servidores ganhavam em suas funções de origem mais do que secretários municipais.
A partir de agora, os funcionários efetivos que assumirem cargos de confiança terão a possibilidade de continuar recebendo seus salários de origem com acréscimos entre 30% e 60% ao mês, dependendo da função. Hoje, a prefeitura tem quase 300 cargos comissionados.
Polêmica. Defendida pela administração como forma de “valorização do funcionalismo”, a alteração no Estatuto do Servidor é vista como imoral pelo sindicato que representa os cerca de 8.000 trabalhadores da categoria.
“Estamos há 16 anos pedindo aumento real, pedindo a revisão do piso ao governo. Agora, com a eleição chegando, eles resolvem criar um benefício só para os que estão em cargo de chefia”, disse o diretor do sindicato, Donizetti Aparecido de Souza, o Zetão.
“Se formos olhar só a medida, é positiva, porque para muitos não compensava financeiramente assumir mais responsabilidade. O que criticamos é a falta de diálogo para tentarmos melhorias para todos os servidores e a época do ano que eles soltaram essas gratificações”, emendou.
Interesses. O sindicalista afirmou que as gratificações teriam objetivos eleitoreiros.
“Nós pedimos para eles anteciparem o gatilho \[salarial\] para antes de abril, e nada”, disse Zetão.
“Agora eles fazem isso \[anúncio de novas gratificações\] para agradar o servidor, atrair os que estão em cargos de chefia para ‘bandeirar’ na campanha. Ou seja, a preocupação não é pagar mais ao funcionário”, completou.
Defesa. O secretário de Administração de São José, Sergio Luiz Pinto Ferreira, negou qualquer caráter eleitoreiro na alteração do Estatuto do Servidor.
“A imensa maioria dos servidores de carreira são apartidários. Quem faz campanha são os comissionados. Eles \[sindicato e oposição\] querem desvirtuar a lei, que veio para beneficiar o servidor.”.
O secretário explicou que as novas gratificações têm como objetivo “valorizar o servidor que se destaca e remunerá-lo por isso”.
“Muitos servidores, do meio para o fim da carreira, não sentem interesse em assumir uma chefia, porque financeiramente não compensa. Por isso, o inventivo”, disse.
SAIBA MAIS
Bônus
Cargos de confiança
Servidores concursados que ocuparem cargos de confiança na prefeitura poderão ter uma gratificação de até 60%
Escalonamento
variação
Servidores em cargos de supervisão terão bônus entre 30% e 35%. Chefes de Divisão, 40%. Diretor de Departamento e Procurador-Chefe, 50%. Para secretários adjuntos e assessores especiais, 55%. <MC2>O servidor que assumir uma secretaria terá bônus de 60%
Exemplo
Acréscimos
Um servidor que ganha R$ 10 mil, se for convidado para ser secretário, por exemplo, passaria a receber R$ 16 mil
Cargos de confiança
Servidores concursados que ocuparem cargos de confiança na prefeitura poderão ter uma gratificação de até 60%
Escalonamento
variação
Servidores em cargos de supervisão terão bônus entre 30% e 35%. Chefes de Divisão, 40%. Diretor de Departamento e Procurador-Chefe, 50%. Para secretários adjuntos e assessores especiais, 55%. <MC2>O servidor que assumir uma secretaria terá bônus de 60%
Exemplo
Acréscimos
Um servidor que ganha R$ 10 mil, se for convidado para ser secretário, por exemplo, passaria a receber R$ 16 mil
Gatilho fica congelado até 2013
São José dos Campos
O gatilho salarial dos servidores municipais de São José ficará congelado até o ano que vem.
O secretário de Administração da prefeitura, Sérgio Luiz Pinto Ferreira, afirmou que a medida visa atender a legislação eleitoral, que restringe a revisão geral da remuneração dos servidores durante a campanha.
“Nós estamos impossibilitados, e por isso não vamos dar aumento, com o gatilho, aos servidores neste ano porque a legislação eleitoral veta qualquer reajuste”, disse.
O gatilho salarial é disparado pela prefeitura toda vez que a inflação acumulada atinge 5%, como forma de recompor as perdas salariais.
Em dezembro do ano passado, o governo do prefeito Eduardo Cury (PSDB) antecipou 2,92% de aumento a todo o funcionalismo --índice referente à inflação acumulada desde o mês de maio de 2011, quando o último gatilho foi disparado.
A alegação, já no final do ano passado, era de que não seria possível pagar a totalidade do gatilho neste ano, pois o índice de 5% seria atingido só em abril deste ano.
Em março último, o Sindicato dos Servidores tentou negociar uma nova antecipação junto ao governo municipal, mas, segundo o diretor Donizetti Aparecido de Souza, o Zetão, a prefeitura não quis dialogar.
Em 2008, quando disputou a reeleição, Eduardo Cury também congelou o gatilho do funcionalismo. A medida foi um dos seus principais pontos de desgaste na campanha.
Histórico. Desde que foi instituído, durante o governo da ex-prefeita Angela Guadagnin (PT), em 1994, o gatilho foi disparado 23 vezes.
O aumento beneficia aproximadamente 10.700 colaboradores da prefeitura, entre funcionários concursados, assessores, servidores temporários e estagiários.
