Serra nega conversa com executivo da Siemens e vê informação 'absurda'
Suposta reunião entre executivo e Serra teria ocorrido em 2008, diz 'Folha'.
Em e-mail, diretor da Siemens diz que Serra sugeriu acordo, afirma jornal.
O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) contestou nesta quinta-feira (8) informações contidas em e-mail de um executivo da empresa alemã Siemens a superiores,publicadas hoje pelo jornal "Folha de São Paulo". De acordo com a publicação, o funcionário da Siemens afirma que Serra sugeriu que a empresa entrasse em acordo com a concorrente espanhola CAF para evitar que uma possível disputa judicial de ambas pelo contrato provocasse atraso na entrega de trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
ENTENDA O CASO
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O Cade investiga suposto acordo entre empresas para inflar preços cobrados depois que a Siemens delatou o esquema, segundo reportagem do jornal "Folha de S.Paulo". O governo de SP nega ligação com suposto cartel e também apura denúncia. Leia mais
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Serra negou a conversa privada com funcionários da Siemens e elencou fatos para questionar as informações, que qualificou de "absurdas". Ele diz:
1 – Na data da troca de e-mails dos executivos da Siemens, a licitação já havia sido concluída, e a Siemens já havia recorrido à Justiça e ao Banco Mundial para anular o pleito. Portanto, segundo ele, não faria sentido propor que a Siemens fizesse acordo com a vencedora CAF.
2 – Segundo Serra, o processo licitatório para a aquisição dos trens foi conduzido pelo Banco Mundial (Bird), que adota regras rígidas para concorrências. Só o Bird poderia cancelar ou suspender a licitação contestada pela Siemens, segundo o ex-governador.
3 – O governo do Estado de São Paulodefendeu na Justiça a licitação, contra ação movida pela Siemens, disse o ex-governador.
4 – A Siemens não fez outros contratos com o governo paulista, o que descarta a possibilidade de a empresa ter sido compensada pela perda da licitação do metrô, disse José Serra.
O ex-governador disse que defendeu a concorrência vencida pela CAF, que permitiu reduzir em 15% o valor dos trens. "Um paradigma", segundo ele.
O ex-governador disse que defendeu a concorrência vencida pela CAF, que permitiu reduzir em 15% o valor dos trens. "Um paradigma", segundo ele.
Diretor diz que Serra sugeriu acordo
Segundo a "Folha de S.Paulo", o e-mail faz parte da documentação entregue pela Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ligado ao Ministério da Justiça, que apura a suspeita de formação de cartel para a venda e manutenção de trens do Metrô e da CPTM em São Paulo.
Segundo a "Folha de S.Paulo", o e-mail faz parte da documentação entregue pela Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ligado ao Ministério da Justiça, que apura a suspeita de formação de cartel para a venda e manutenção de trens do Metrô e da CPTM em São Paulo.
A reportagem afirma que a Siemens, que fez a segunda melhor proposta na licitação para compra de 40 trens, ameaçava entrar na Justiça contra a concorrente espanhola CAF, que havia vencido a disputa.
A mensagem, segundo o jornal, relata uma conversa que o então diretor da Siemens, Nelson Branco Marchetti, diz ter mantido com o ex-governador e com o então secretário de Transportes Metropolitanos do governo do PSDB, José Luiz Portella, durante um congresso na Holanda.
De acordo com o e-mail, diz o jornal, Serra avisou que cancelaria a licitação se a CAF fosse desqualificada na briga judicial, mas que ele e o secretário considerariam outras soluções para "atenuar de alguma forma o apertado cronograma de entrega".
Ainda de acordo com o jornal, com base no e-mail do executivo da Siemens, uma das soluções sugeridas seria a CAF dividir o pedido com a Siemens, subcontratando a empresa alemã para a execução de 30% do contrato – 12 dos 40 trens previstos. A outra solução seria a CAF encomendar à Siemens componentes dos trens.
O acordo, no entanto, não ocorreu. A CAF foi vencedora da licitação e a Siemens não obteve sucesso judicialmente no recurso. O contrato foi executado pela empresa da Espanha sozinha, sem subcontratar a Siemens ou outras empresas.
O ex-secretário Portella afirmou ao jornal que "as acusações são absurdas" e negou irregularidades. A Siemens divulgou, em nota, que está colaborando com as investigações.
Cade apura suposto cartel
A empresa Siemens, segundo reportagem da "Folha de S.Paulo" de 2 de agosto, entregou documentos ao Cade em que afirma que o governo de São Paulo sabia e deu aval à formação de um cartel que envolveria 18 empresas – participantes subsidiárias da francesa Alstom, da canadense Bombardier, da espanhola CAF e da japonesa Mitsui. O suposto cartel teria funcionado de 1998 a 2008, nos governos Covas, Alckmin e Serra, do PSDB.
A empresa Siemens, segundo reportagem da "Folha de S.Paulo" de 2 de agosto, entregou documentos ao Cade em que afirma que o governo de São Paulo sabia e deu aval à formação de um cartel que envolveria 18 empresas – participantes subsidiárias da francesa Alstom, da canadense Bombardier, da espanhola CAF e da japonesa Mitsui. O suposto cartel teria funcionado de 1998 a 2008, nos governos Covas, Alckmin e Serra, do PSDB.
Atualmente, na Promotoria de Justiça da Cidadania há mais de 200 inquéritos que investigam irregularidades envolvendo Metrô e CPTM, informaram os promotores.
No Brasil, o Ministério Público de São Paulo investiga em 45 inquéritos possíveis irregularidades em licitações do Metrô e da CPTM. As apurações foram retomadas após um acordo assinado pela Siemens com o Cade, no qual a empresa delata a existência de um suposto conluio entre empresas para ganhar licitações aumentando os valores cobrados para instalar trens e metrô no Estado.
Segundo reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" na quarta (7), um relatório da Justiça alemã concluiu que a empresa Siemens pagou ao menos 8 milhões de euros (cerca de R$ 24 milhões, pelo câmbio atual) a dois representantes de funcionários públicos brasileiros em um esquema de corrupção em contratos no país.
As informações fazem parte de uma investigação alemã que resultou na condenação da empresa, em 2010, ao pagamento de multa bilionária pelo esquema de corrupção internacional da Siemens.
A Siemens afirma cooperar "integralmente com as autoridades, manifestando-se oportunamente quando requerido e se permitido pelos órgãos competentes" e salienta que "não pode se manifestar em detalhes quanto ao teor de cada uma das matérias que têm sido publicadas".
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