Esta história é interessante para vermos como um país consegue acabar com pessoas brilhantes fraudando documentos e destruindo grandes projetos. Tudo isso envolvido em interesses financeiros, protegendo poderosos industriais e ajudando-os a continuar vendendo suas tecnologias ultrapassadas interrompendo um boom tecnológico que se iniciaria na indústria automobilística norte-americana. norte-americana.
Impedindo que uma nova tecnologia fosse colocada no mercado, as indústrias da época podiam continuar vendendo seus automóveis sem se preocuparem em alterar suas fábricas e processos de fabricação. Afinal de contas, quem comprasse um automóvel sem os avanços tecnológicos, alguns anos depois iria querer comprar outro de melhor tecnologia. Assim, a indústria venderia automóveis a uma mesma pessoa duas, três ou até mesmo quatro vezes no decorrer de uma década. Quanto mais vezes fossem divididos os avanços tecnológicos, mais automóveis seriam vendidos no total. É como fazem hoje os fabricantes de celulares: começaram fabricando modelos grandes sendo que, dentro deles, haviam espaços vazios e os celulares podiam ter seu tamanho reduzido. Depois, lançam celulares menores, porém com menos recursos que os grandes. Os compradores só vão descobrir isso depois que já adquiriram os novos aparelhos. Então, depois de mais um certo tempo, um novo modelo é lançado, também pequeno e com os mesmos recursos da primeira linha de celulares grandes. Então, as pessoas adquirem, mais uma vez, o novo modelo. Após isso, são lançados modelos menores ainda (ou mais leves, ou com mais recursos) e todo esse ciclo processual começa novamente. Tente lembrar de quantos celulares você já comprou até hoje e veja como o mercado domina todos nós.
Este mesmo processo de lançamentos sucessórios de produtos cada vez menores e com mais recursos está acontecendo com o nosso sonho de consumo: as máquinas fotográficas digitais. Verifique que os modelos com mais recursos são maiores que os demais, exatamente para, quando lançarem novas câmeras fotográficas digitais com os mesmos recursos, porém menores, haver uma nova onda de vendas.
Mas, vamos voltar ao assunto da indústria automobilística norte-americana e ver como uma pessoa pode ser tão massacrada num país simplesmente por ser um excelente inventor e ter uma mente brilhante. Esta é a história de Preston Tucker.
Preston Tucker e seu revolucionário Tucker Torpedo
A carreira de Preston Tucker
Preston Tucker nasceu em Capac, no estado de Michigan, nos Estados Unidos em 21 de setembro de 1903 e teve o seu primeiro emprego como office-boy na sede da Cadillac Motor Company.
Depois de casado, trabalhou como vendedor numa concessionária de Memphis, no Tenessee, chamada Mitchell Dulian. Vinte anos mais tarde, o dono dessa concessionária passaria a ser o diretor comercial da Tucker Corporation.
Em 1933, Preston Tucker já era diretor comercial da Pierce-Arrow. Pouco tempo depois, já era proprietário de uma concessionária Packard em Indianápolis. Durante toda sua vida, Tucker sempre elaborou planos industriais.
Em 1940, inaugurou em Ypsilanti, Michigan, a Tucker Aviation Corporation, indústria que fabricava aviões, tanques e canhões para a Segunda Guerra Mundial. Com o fim da guerra, em 1945, ele destinou seu dom industrial ao seu grande sonho: construir um automóvel que fosse seguro, rápido, baixo, comprido e com boa aerodinâmica. Nascia o projeto Tucker Torpedo, um carro que estava anos à frente da concorrência em matéria de engenharia, velocidade, com estilo futurista, além de ser extremamente seguro. Em quinze anos de projeto, o carro recebeu diversas inovações como o design aerodinâmico desenvolvido pela indústria da aviação, além de apresentar uma segurança muito avançada para a época com cintos de segurança e compartimento deformável dos passageiros. O pára-brisas do Tucker Torpedo também recebeu uma atenção especial: ficava encaixado sobre uma espuma de borracha, fazendo com que ele saltasse para fora do carro em caso de colisão. Este carro também possui um farol central que vira acompanhando a direção do volante para iluminar nas curvas.
Para se ter idéia de como Tucker se preocupava com a segurança dos passageiros, as maçanetas internas do veículo ficavam para dentro das portas para evitar que seus ocupantes se machucassem em caso de acidente. O interior do carro era todo acolchoado, inclusive o painel; e, o retrovisor interno, era de plástico flexível.
Tucker Torpedo também tinha um sistema de suspensão independente, freios a disco nas quatro rodas e era um carro com motor de 6 cilindros horizontais de 5,8 litro (9,6 litros na primeira versão), o mesmo usado no helicóptero Bell, dotado de uma potência de 150cv, capaz de atingir 190 km/h. Os cilindros do Torpedo, em 1947, já eram alimentados por injeção de gasolina! Enfim, o Tucker Torpedo seria o carro dos sonhos de todos os americanos, por um preço que grande parte deles poderia pagar: apenas US$ 2.450,00.
O belo e potente Tucker Torpedo com um terceiro farol na frente que inclina junto com o volante para iluminar nas curvas
Após a divulgação do seu projeto, Preston Tucker conseguiu encomendas de 300 mil unidades de pessoas que queriam possuir o "carro dos sonhos". Com isto, conseguiu atrair 28 milhões de dólares através do mercado de ações dos Estados Unidos para iniciar o seu projeto, que foi colocado em prática numa antiga fábrica de aviões alugada em Chicago, onde chegaram a ser construídas algumas unidades do carro.
Por ter um projeto totalmente inovador e que poderia abalar as montadoras norte-americanas, algumas pessoas afirmam que as grandes montadoras da época, juntamente com o próprio governo norte-americano, fizeram uma grande conspiração contra Tucker com um marketing negativo agressivo e expansivo de ataque ao industrial com calúnias, processos e fraudes em seus projetos e balanços que colocaram Tucker como um dos maiores fraudadores do país, como se tivesse enganado acionistas e concessionários, sendo comparado até mesmo a Al Capone.
Tentaram condenar Tucker com uma pena que poderia variar de 20 a 155 anos de prisão. Mas, com habilidade de mostrar como o país estava sendo injusto com ele, Tucker conseguiu ser absolvido do processo. Mesmo assim, sua fábrica já havia sido fechada pelo poder norte-americano e o carro já havia conquistado fama de fraude, o que culminou no fim do seu sonho nos Estados Unidos, em 1949.
Apenas 51 unidades do Tucker Torpedo chegaram a ser construídas. Destas, 47 ainda existem com colecionadores
No filme Tucker - Um Homem e Seu Sonho, de Francis Ford Coppola, (assista o filme!) após toda a conturbação, Tucker decidira projetar uma mini-geladeira para pobres com espaço para colocar apenas alguns litros de leite. Mas, na vida real, ele tentou construir, no Brasil, o Carioca, um carro econômico, com desenho esportivo e com inovações já testadas no Torpedo.
Um Tucker Torpedo chegou a desfilar nas ruas do Rio de Janeiro e São Paulo para tentar conseguir acionistas. Mas, com a dificuldade de se encontrar investidores, seu projeto não saiu do papel. Preston Tucker, o criador de um mito da indústria automobilística, morreu de câncer, em 1956, no Rio de Janeiro. Como os Estados Unidos não tinham interesse que Tucker construísse automóveis, estando o fato bem evidente no filme, penso que a morte de Tucker não tenha sido natural, e sim planejada.
Em 1949, o lendário Tucker Torpedo chegava a 190 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em apenas 10 segundos
Infelizmente, o mundo perdeu, na década de 40, uma revolução automobilística que ocorreria com o Tucker Torpedo, um carro que, nos testes realizados na pista oval de Indianápolis, entrava nas curvas a 170 km/h e atingia cerca de 190 km/h nas retas. Também fazia de 0 a 100 km/h em apenas 10 segundos, impressionante para a época. Atualmente, são vendidas réplicas do Tucker nos EUA por cerca de US$ 150 mil.
Para se ter idéia de como os avanços tecnológicos criados por Tucker ficaram parados no tempo, somente agora, mais de meio século depois, a Mercedes-Benz resolveu relançar a idéia de Tucker nos seus carros, instalando faróis que viram de acordo o volante do veículo, para iluminar melhor as curvas. Uma matéria a respeito pode ser lida no endereço www.mecanicaonline.com.br/2002/agosto/tecnovidade/farois_giratorios.html.
Saiba mais sobre o Tucker Torpedo ou Tucker 48 (como também era chamado, devido ao ano de seu lançamento) acessando o site do Clube do Tucker no endereço www.tuckerclub.org; conheça mais detalhes da história do lendário Tucker acessando o endereço www.tuckerclub.org/tuckfaq.html; e veja as fotos e onde está cada automóvel Tucker Torpedo ainda existente visitando o endereço www.tuckerclub.org/tuckcars.html.
Evitando qualquer processo judicial que poderia ocorrer contra a minha pessoa, declaro que o conteúdo deste site pode não corresponder à realidade e expressa apenas as minhas idéias a respeito do assunto, idéias estas publicadas aqui preservando e colocando em uso o meu direito de liberdade de expressão.
( SITE:- http://blogs.abril.com.br)
The Tucker Automobile Page - "Keeping the Legend On-line"
Tucker Car Guide
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So you want to see a Tucker? There are currently many Tucker '48 automobiles on public display in museums all across the United States, as well as Japan and Brazil.
If you plan on going to any of these museums, please check first to see if the car is actually at the museum, since these cars do change hands, and, in addition, they are quite popular and museums often loan them out to other museums and displays.
All information, including car color and location, are to our best knowledge. If any of the information below is incorrect, please let us know.
Instructions:
Click on a photo below to see more details about the car, including extra photos, location, special notes, and where to see it.
OBS:- ESTE ESTÁ NO BRASIL EM PÉSSIMO ESTADO - Nº 1035
Região
Jornal ValePraibano - 28.03.2010
Tucker, a saga do carro de US$ 1 milhão
Único modelo no Brasil é retirado de museu em Caçapava e transferido para Bebedouro
São José dos Campos
Guilhermo Codazzi da Costa
Preston Tucker tinha um sonho. Após a Segunda Guerra Mundial, quando fabricava tanques e aviões, decidiu construir o 'carro dos sonhos'. Rápido, seguro, com um desenho arrojado e preço bem camarada. Em 1947, nascia o revolucionário Tucker Torpedo.
Tinha início uma história literalmente cinematográfica, repleta de polêmica, mistérios e teorias conspiratórias, com algumas de suas páginas escritas no Vale do Paraíba.
Na fábrica construída em Chicago, foram fabricados 51 Tuckers Torpedo, do número 1001 ao 1051. A saga do carro 1035 está ligada à região. Ele é uma das peças que compõem o acervo do Museu do Automóvel de Caçapava, fechado desde a década de 1990. O veículo, após décadas de abandono, é uma sombra do que foi. Em 2008, um Tucker foi vendido por US$ 1 milhão.
Dos 51 Torpedos fabricados, apenas dois estão fora dos EUA -- um deles no Japão e outro no Brasil. Para entender a saga do Tucker 1035, é necessário voltar aos anos 40, quando teve início o projeto Torpedo.
POLÊMICA - Ao prometer um carro rápido, seguro e barato, o industrial atraiu o apoio de investidores e do público consumidor. Atraiu também, no entanto, a ira das grandes montadoras do país, insatisfeitas com o 'carro dos sonhos'. O lobby, apoiado pelo governo norte-americano, deu resultado.
Tucker foi acusado de fraude e teve de suportar um ferrenho bombardeio de calúnias e marketing negativo. Foi julgado e absolvido.
Apesar da decisão, o sonho havia sido arruinado. Em 1949, a fábrica fechou e o projeto Tucker Torpedo teve seu ponto final.
Depois da falência, atraído pela informação de que o Brasil pretendia implantar uma indústria automobilística, Tucker fez as malas e viajou para o Rio de Janeiro, onde abriu um escritório. Projetou o 'Carioca', modelo esportivo que havia herdado algumas características do Torpedo. Tentou, em vão, contatos com o governo federal.
Na bagagem, o industrial trouxe o Tucker número 1035, que desfilou pelas ruas de Copacabana. Uma jogada de marketing. Em 1956, antes da conclusão do projeto do Carioca, um câncer no pulmão tirou a vida do pai do Torpedo, então com 43 anos.
Após a morte do projetista, no Rio, a saga do número 1035 sofreu reviravoltas. Há relatos de que ele tenha sido rifado na praça da Sé, em São Paulo. Ele teve os seguintes proprietários: Agop Toulekian, Orlando Bombarda e Eduardo Matarazzo.
Esse último, cedeu o veículo para Roberto Eduardo Lee, criador do Museu do Automóvel de Caçapava. O motor, o mesmo usado em helicópteros, permaneceu no Museu do Automóvel de Bebedouro.
ABANDONO - Dono de uma grande fortuna, Lee tinha nos automóveis sua paixão. Ao longo da vida, adquiriu mais de 50 carros de luxo e conseguiu realizar um sonho -- criar um museu do automóvel nos idos de 1963. Após o assassinato dele, em 1975, o museu e seu acervo, tombado pelo patrimônio histórico, foram entregues ao abandono e à ação de bandidos.
Entre os 97 automóveis raros, estava o Tucker número 1035. Sim, estava.
"Do acervo, há carros que sumiram, outros que permanecem lá e também aqueles que foram retomados, quem cedeu requereu de volta. Ele está no museu de Bebedouro", disse o conselheiro Ricardo Augusto Yamazaki, do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).
"Fui ao museu em outubro, o Tucker estava uma judiação, deplorável, estava com os vidros laterais quebrados, com falta de peças. É lastimável, foi um carro revolucionário, é uma perda para a região", disse Aldo Donizeti de Toledo Fusco, 54 anos, presidente do Clube de Autos Antigos de Taubaté.
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