Crise na Gol chega aos pilotos e comissários
Empresa espera adesão de 220 a programa de licença não remunerada de um ano
14 de março de 2012 | 22h 59
Marina Gazzoni, de O Estado de S. Paulo
Depois de cortar empregos na equipe de solo e até na diretoria em 2011, os pilotos são os próximos alvos da Gol. A empresa abriu no dia 6 de março um programa de licença não remunerada de um ano para pilotos e comissários. A intenção da empresa é evitar demissões, que podem ocorrer se não houver adesão ao programa, diz o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Gerson Fochesatto.
A Gol disse, em comunicado, que "não há reestruturação em curso", mas confirmou a existência de um programa de licenças sem vencimentos. "O programa de licença existe, principalmente, para compensar os períodos de bCrise na Gol chega aos pilotos e comissáriosaixa demanda. Ele garante a manutenção do quadro de tripulantes da companhia", afirmou
Segundo o sindicato, a meta da Gol é conseguir a adesão de 120 pilotos ao programa de licenças e mais 100 comissários. Ao todo, a Gol tem 1.800 comandantes e copilotos.
Os funcionários que optarem pelo programa entrarão de licença em 1º de abril e não poderão voltar ao trabalho antes de um ano, de acordo com documento enviado aos funcionários ao qual o Estado teve acesso e que informa as regras do programa. Os funcionários também não receberão benefícios sociais e não terão estabilidade no retorno, segundo o documento.
"O sindicato não apoia a licença não remunerada. É um processo que a empresa abre para evitar demissões. Se não houver adesão, é claro que ela vai demitir", diz Fochesatto.
Custo. As companhias aéreas costumam poupar os pilotos dos planos de demissão. Eles são profissionais caros - a estimativa do sindicato do setor é que o treinamento de cada comandante custe cerca de US$ 50 mil às empresas. As companhias levam cerca de seis meses para treinar um piloto e colocá-lo em atividade em voos regulares.
Pela lei, cada piloto pode voar 85 horas mensais. Mas as companhias costumam manter uma quadro com capacidade maior para assumir os novos aviões assim que eles chegarem. "A decisão de dispensar pilotos mostra que a empresa pisou no freio e não vai voltar a crescer tão cedo", disse um consultor do setor, que não quis se identificar.
A Gol anunciou em fevereiro um plano conservador de expansão da oferta em 2012, entre zero e 2%. Em entrevista em janeiro, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, admitiu que a companhia poderia repassar aeronaves novas que seriam entregues à Gol para renovar a frota da Webjet, formada por aeronaves mais antigas.
Setor. A Gol não está sozinha. A TAM também reduziu seu plano de frota para 2012. Com a oferta mais conservadora, as companhias tentam encher os aviões, pressionando as tarifas.
Mas, além de segurar a expansão da frota, a Gol também admite reduzir frequências neste ano. Em comunicado enviado aos funcionários no último dia 6, obtido pelo Estado, a Gol diz que está "reavaliando a malha aérea e reduzindo os voos com baixo rendimento". Em comunicado, a empresa diz que reduziu sua malha de 940 para 920 voos diários por questões sazonais.
"As companhias aéreas contrataram pilotos para acompanhar um crescimento no setor que não aconteceu. E agora está sobrando piloto", diz Fochesatto.
As empresas aéreas brasileiras perderam dinheiro em 2011. A Gol ainda não divulgou o balanço financeiro do ano, mas registrou prejuízo líquido de R$ 516,5 milhões no terceiro trimestre de 2011. As perdas da TAM somaram R$ 335 milhões.
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