Dilma está em Palermo para visitar a Capela Palatina (c.1130/1140)
De volta da Índia, a presidente Dima Rousseff acaba de desembarcar em Palermo, capital da Sicília. Seu avião está sendo reabastecido. Enquanto isso, ela se desloca para o centro da cidade onde visitará um dos bens mais preciosos da Humanidade - a Capela Palatina.
Todo o interior do templo é recoberto por refulgentes mosaicos do século XII, que só encontram paralelo nos de Ravenna e Constantinopla: os mosaicos representam cenas do Antigo e do Novo Testamento e os Atos dos Apóstolos. Nossos olhos descobrem, a cada centímetro, uma maravilha a mais (foto principal).
Dedicada a São Pedro a capela, de decoração árabe e normanda, é dividida em três naves divididas por dez colunas de granito vindas do Oriente, que sustentam a cúpula que a protege (foto acima)
A figura central, o foco que a todas domina, é o Cristo Pantocrator, que vemos no altar-mor e no teto. As cores dos mosaiscos são profundas e vívidas e o ouro e a prata colaboram para o efeito quase mágico (fotos abaixo).
altar-mor (1)
o teto da nave principal (2)
O teto de madeira trabalhada em alvéolos é composto em grupos de quatro octógonos que formam uma estrela, de inspiração islâmica mas dispostos de modo a formar uma cruz, símbolo dos cristãos. As pinturas na madeira são preciosas pela raridade dos temas, sobretudo em igrejas cristãs: cenas de caçadas, de danças, até de um piquenique num harém. Mas são excepcionais também na arte islâmica, especialmente em um edifício religioso. Simbolizam a vida após a morte e as delícias do Paraíso, conceito comum às duas religiões monoteístas.
O piso em mármore de várias cores forma desenhos geométricos de beleza extasiante e a palavra aqui não é usada em vão.
O trono real, elevado e colocado no vão central da nave, ao nível do coro, lembra a tipologia carolíngea. A analogia é completada pelos mosaicos colocados acima do trono e que representam o Cristo em toda sua majestade. O candelabro do círio pascal é um exemplo refinado da escultura do século XII.
O interior da capela fez com que o grande escritor e contista francês, Guy du Maupassant, em 1885, a tenha definido como “A mais bela igreja do mundo, a mais surpreendente joia religiosa imaginada pelo homem”.
colunas e arcos que sustentam a cúpula (3)
A história da Sicília, por sua localização, é uma sucessão de invasões e lutas por povos mediterrâneos que procuravam expandir suas terras e seus domínios. Durante muitos séculos os gregos foram seus senhores a ponto de Siracusa ser considerada rival de Atenas. No correr do tempo os gregos enfrentaram e perderam a ilha para os romanos que por sua vez a perderam para os bizantinos e esses para os árabes.
Em Palermo foram os árabes que construiram o Qasr, palavra que significa castelo–fortaleza: quando os normandos invadiram a ilha, em 1072, sob o domínio do rei Rogério II d’ Altavilla, trataram de ampliar e transformar o Qasr no Palácio Real que iria abrigar a maravilhosa Capela Palatina.
É o encontro das culturas bizantina, árabe e latina que consegue o que parece ter sido a pretensão de seus religiosos e artesãos: juntar a terra ao céu e o homem a Deus. A luz do sol, que chega ali tenuemente filtrada, colabora para tornar o ambiente imaterial, espiritual, fantástico.
Capella Palatina, Palácio Real, Palermo, Sicília
Fotos instagram 1,2 e 3 - Ricardo Noblat
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