04/08/2010 10h39
- Atualizado em
04/08/2010 10h39
Alencar descarta se submeter a DNA em processo de paternidade
'Se for minha filha, ela obviamente será recebida de braços abertos', disse.
Vice-presidente foi entrevistado no Programa do Jô.
Alencar foi entrevistado por Jô Soares nesta quarta
(Foto: Divulgação/TV Globo)
O vice-presidente José Alencar descartou se submeter a um exame de DNA no processo movido pela professora aposentada Rosemary Morais, de 56 anos, que busca o reconhecimento de paternidade. Alencar deu a declaração em entrevista ao Programa do Jô, veiculada na madrugada desta quarta-feira (4).
Em 21 de julho a Justiça determinou que Alencar reconheça a paternidade de Rosemary. O advogado do vice-presidente informou que vai recorrer da decisão.
Alencar disse que espera que seja suspenso o segredo do justiça no caso para que ele possa se manifestar livremente sobre o tema. O pedido já foi encaminhado por seu advogado à Justiça. Durante a entrevista, Alencar negou ter tido relação com a mãe da professora e admitiu, porém, ter frequentado a "zona boêmia" de Caratinga, em Minas Gerais, cidade onde viveu dos 16 aos 28 anos.
Ele ressaltou que não há indícios de que ele seja pai da professora e usa a afirmação como justificativa para não realizar o exame de DNA. "Os próprios tribunais falam, tem que ter indícios. Se fosse assim, todo mundo que foi à zona um dia, pode ser (pai). Não é possível. São milhões de casos de pessoas que foram à zona, só que grande parte desses casos não tenham sido objeto de interesse, nem político nem econômico. Agora, pelo fato de eu ter sido, vou me submeter a um DNA, que também não é 100%?", questionou.
Apesar da disposição em manter a disputa na Justiça, o vice-presidente disse que fica "honrado" com a possibilidade de ter uma filha com 56 anos. "Se ela for minha filha, ela obviamente será recebida de braços abertos", disse o vice-presidente. Apesar disso, afirmou que "não se pode fazer as coisas desse jeito", criticando a condução do processo.
"Eles (defesa da professora) fizeram uma joint venture, contrataram ficcionistas admiráveis e fizeram um troço que tiraram não sei de onde. Então eu não vou me submeter a uma coisa dessa de forma nenhuma. Do contrário, todo mundo vai chegar e dizer você tem que fazer isso, fazer aquilo, com uma chantagem qualquer. Eu não estou habituado a ceder a chantagens", afirmou.
Rosemary Morais, 55 anos, suposta filha do vice-presidente José Alencar (Foto: Arquivo
pessoal/Divulgação)
Versão da professora
Em 22 de julho, a professora aposentada disse ao G1 que sua mãe, Francisca Nicoline de Morais, morta há sete meses, queria obter o reconhecimento da paternidade da filha pelo vice-presidente José Alencar “por uma questão de honra”.
Rosemary conta que, há 14 anos, sua mãe ficou doente e decidiu contar sobre a identidade do pai. Segundo ela, Francisca mostrou a foto de um dos filhos de Alencar em um jornal e disse: “Este é seu irmão, filha”.
Segundo a professora, a mãe era enfermeira em Caratinga e teve um relacionamento com Alencar no início da década de 50. “Por ela ser muito humilde, ele [Alencar] deixou minha mãe de lado, não deu importância para a gravidez. Ela contava que ele não era de ficar presenteando. Ia na casa dela, dormia e no dia seguinte ia trabalhar. Não era um namoro de apaixonado. Era um caso apenas”, conta a professora aposentada.
Rosemary lembra que procurou Alencar na época em que ele estava em campanha para o Senado e se apresentou como filha dele. Segundo ela, um interlocutor do vice-presidente teria pedido que ela deixasse para tratar o assunto depois das eleições. “Disse que, depois da política, ia resolver e não resolveu nada. Depois, tentei falar com assessores deles e me mandaram procurar a Justiça”, disse Rosemary.
A aposentada afirma que só entrou com a ação contra Alencar porque teve ajuda de amigos e que, apesar de se sentir rejeitada, admira o vice-presidente pela “honestidade e coragem”.
“Eu peço muito a Deus que dê vida a mim e a ele e que nos dê uma chance para conversar pelo menos um pouco, para que ele saiba quem eu sou. Só essa mágoa que eu tenho, de ele nunca ter me dado a oportunidade de conversar. Nesse ponto, ele decepciona muito. Ele é esse homem honesto, exemplo de fé em Deus, de vontade de viver, mas quando chega nessa questão, ele me deixa triste”, afirmou Rosemary.
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