sexta-feira, 8 de junho de 2012

POBRES MILIONÁRIOS, À CUSTA DO POVO BRASILEIRO!


Banqueiros quebrados têm tratamento desigual do BC

Banqueiros quebrados têm tratamento desigual do BCFoto: Folhapress

INTERVENÇÃO NO CRUZEIRO DO SUL, COM ROMBO INICIAL DE R$ 1,3 BILHÃO, PROVOCA BLOQUEIO NOS BENS DE LUIZ OTÁVIO ÍNDIO DA COSTA; SILVIO SANTOS, AO QUEBRAR O PANAMERICANO EM R$ 4,5 BILHÕES, TEVE FORTUNA PESSOAL PRESERVADA; SALIM SCHAHIN NEM PRECISOU DAR GARANTIAS PARA EMPRÉSTIMO DE R$ 250 MILHÕES NO FGC

08 de Junho de 2012 às 07:26
247 – No Brasil, os banqueiros quebrados são uns mais iguais que os outros. É o que se depreende da recente intervenção do Banco Central no Cruzeiro do Sul, de Luiz Octavio Índio da Costa. Como registra editorial do jornal Folha de S. Paulo desta sexta-feira 8, "desta vez, ao menos, o patrimônio dos controladores, que arriscavam dinheiro de clientes, está indisponível e assim deve ficar para cobrir o máximo possível de prejuízo". De outras vezes, porém, o que se viu foram espetáculos de exceções.
O caso mais notório é que tem como personagem principal o empresário Silvio Santos. A partir de uma aproximação com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o famoso apresentador de tevê que sempre demonstrou apetite pelas economias das pessoas mais humildes – vide o histórico carnê Baú da Felicidade, que há décadas recolhe mensalidades do público de classes C e D sob a promessa de sorteios de brindes e devolução das aplicações, embrião do Panamericano – saiu absolutamente ileso de uma quebra de R$ 4,5 bilhões. Durante anos, Silvio Santos manteve amigos e parentes em cargos de comando do Banco Panamericano. Eles levaram a instituição à bancarrota, mas na hora de pagar com seu patrimônio, Silvio Santos alegou que nada sabia sobre atividade bancária, deu um sorriso amarelo e conseguiu sair de fininho. A instituição foi vendida para o BTG Pactual e a Caixa Econômica Federal, sem que o antigo controlador precisasse gastar um real sequer de sua fortuna para tapar o rombo que sua irresponsabilidade gerencial abriu. "Eu nem sei onde fica a sede do banco", disse ele à época da quebra, noticiada em novembro de 2010 e cujo desfecho, sem incômodo para SS, se deu em fevereiro de 2011.
Uma solução um tanto diferente,  mas que igualmente preservou a fortuna dos responsáveis por maus negócios, se deu em torno da extinção do Banco Schahin. Os irmãos Salim e Milton Schahin não precisaram nem dar garantias individuais para um empréstimo, junto ao FGC – Fundo Garantidor de Crédito, de R$ 200 milhões que viabilizou a compra, pelo banco BMG, da instituição que eles próprios levaram para o buraco. Toda a negociação teve como pano de fundo os bilionários contratos que os Schahin mantêm, por meio de sua companhia de perfuração de poços de petróleo, com a Petrobras. A antiga relação com a estatal, acredita-se no mercado, pesou favoravelmente para um desfecho 'soft' em torno da quebra do Schahin.
Como nota o editoral da Folha, o problema das diferenciações de tratamento é que cada uma delas, de maneira direta ou indireta, envolve dinheiro público ou, a menos, do público. Os recursos do FGC são formados por depósitos de bancos estatais e privados, extraídos de uma taxa de 0,3% ao ano sobre depósitos a prazo. "O custo é repassado ao depositante", registra o jornal da família Frias. O ponto é importante para balizar eventuais futuras operações de resgate sobre bancos com problemas. Se na Europa são os grandes que sofrem com a necessidade de bilhões de euros em aportes, aqui as dificuldades parecem estar entre os pequenos e médios.

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