O BÊBADO E O PADRE

O BÊBADO E O PADRE

Merlânio Maia

Seis horas da madrugada

Terminal Rodoviário

À espera da condução

Sentado ao banco um vigário,

Nisso um homem embriagado

Se escorna, assim, desleixado

Abre o jornal e vai lendo

Com o seu bafo de cachaça

Olha o vigário acha graça

E pergunta ao reverendo:

- “O senhor sabe dizer

A artrite o qué que é?”

O padre então aproveita

Pra dar-lhe um sermão com fé

E capricha na sentença:

- “A artrite é a doença

De uma vida de pecado

Bebida ou droga qualquer

E adultério com mulher,

Deixam o homem nesse estado!”

- “A artrite meu amigo

É a doença da maldade

De quem vive assim bebendo

Nos infernos da cidade

Atravessa a noite inteira

Com luxúria e bebedeira

Na lama da perdição

Deixando a mulher e os filhos

Com a vida fora dos trilhos

Sofrendo na solidão!”

O bêbado logo agradece

E volta a ler o jornal

Mas o padre achou que foi

Bem mais duro que o normal

E assim tentou remendar

Foi falando devagar:

- “Perdoe-me na outra etapa

Mas a artrite é o seu mal?

- “Não! É que nesse jornal

Diz que quem tem é o PAPA!”