Acordo com General Motors adia demissões
Montadora colocará 940 funcionários em suspensão temporária de contratos de trabalho e abrirá novo programa de demissão voluntária para reduzir o quadro de pessoal na fábrica de São José
04 de agosto de 2012 | 15h 49
- leide Silva e Gerson Monteiro, de O Estado de S. Paulo
Texto atualizado às 21h20
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SÃO JOSÉ DOS SANTOS - A General Motors do Brasil colocará 940 funcionários em lay-off (suspensão temporária de contratos de trabalho) por quase quatro meses e abrirá novo programa de demissão voluntária para reduzir o quadro de pessoal na fábrica de São José dos Campos (SP). A empresa informou ter 1.840 funcionários excedentes no complexo que emprega 7,5 mil trabalhadores. Também informou que vai manter, até o fim do ano, a produção do modelo Classic, que estava ameaçado de sair de linha, como ocorreu no mês passado com o Corsa, Meriva e Zafira.
"Afastamos o perigo imediato da demissão em massa e vamos continuar brigando para manter todos os postos", mas o risco de corte não está totalmente afastado, admitiu o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Antonio Ferreira de Barros. A empresa ameaçava demitir entre 1,5 mil e 2 mil funcionários.
O acordo entre as partes foi assinado neste sábado, 4, após reunião que durou 9 horas. Participaram o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho, Manoel Messias de Melo, o secretário do Trabalho do Estado, Carlos Ortiz, e o prefeito da cidade, Eduardo Cury (PSDB).
Nos próximos 60 dias, empresa e sindicato negociarão condições para flexibilização de jornada, banco de horas e redução do nível de salários - considerados muito altos pela direção da montadora.
"Do ponto de vista do governo federal é importante a sinalização para a economia e o mercado, sem que isso signifique um processo de perda de emprego", comentou Messias de Melo.
O diretor de relações institucionais da GM, Luiz Moan, afirmou que, em quatro meses, o Classic deixará de ser produzido na unidade e, até lá, somente 900 metalúrgicos serão necessários na linha de montagem chamada de MVA. Ele afirmou ainda que existe a possibilidade de a fábrica do Vale do Paraíba ser incluída em um novo programa de investimentos, mas vai depender das negociações que vão ocorrer nos próximos dois meses com o sindicato.
Assembleia
O acerto entre as partes será apresentado em assembléia com os trabalhadores na terça-feira e só a partir da aprovação as medidas serão colocadas em prática. Antes de iniciar o lay-off os 940 funcionários serão dispensados para 15 dias de férias coletivas e terão mais três meses e 10 dias de contrato, período em que receberão cursos de qualificação e receberão o salário integral (R$ 1163 pagos com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT, e o complemento sendo pago pela montadora).
Na sexta-feira, 3, o ministro da Fazenda Guido Mantega, mandou recado, via assessoria de imprensa, de que não iria tolerar o descumprimento nos acordos de não demissão dos setores beneficiados pelo estímulo de redução de IPI dado pelo governo. Segundo ele, demissões "serão interpretadas como descumprimento do acordo".
A mensagem não fez menção a nenhum setor específico, mas o recado foi direcionado à GM. Na terça-feira, 31, contudo, após reunir-se com representantes da GM, Mantega havia dito que o saldo de emprego no setor automotivo era positivo e que não olharia o problema da GM isoladamente.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos disse que a entidade vai brigar para manter os níveis de emprego. "Queremos trazer novos investimentos para garantir novos empregos", apontou Antonio Ferreira de Barros, presidente do Sindicato.
Neste sábado, cerca de 50 pessoas ligadas ao sindicato, que é filiado à central Conlutas, e à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, de oposição, permaneceram em frente ao local do encontro, na sede do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) com faixas e cartazes.
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