Curtas & Finas (Assange & Barankov)
Jules Assange é aquele rapagão australiano, pirata de profissão, que recebeu asilo do governo equatoriano-bolivariano de Rafael Correa, e se encontra refugiado na embaixada do Equador em Londres para nâo ser extraditado para a Suécia onde é investigado por supostos crimes de estupro e assédio sexual.
Assange pede que o presidente Barack Obama “faça a coisa certa” e cesse a “caça às bruxas” sobre o Wikileaks, o portal que ele fundou e que vazou documentos secretos do governo americano e de outros. Assange que teve programa numa televisão controlada pelo governo russo, virou garoto-propaganda de Correa em campanha de reeleição, animado para confrontar os EUA e empenhado em vitaminar seu peso regional, agora que o mentor Hugo Chávez está mal de saúde.
Eu, da minha parte, refugiado nas minhas perplexidades, peço que o presidente Rafael Correa cesse o assédio contra a imprensa equatoriana e que também não extradite Alexander Barankov, o ex-capitão do Exército da Bielorrússia, para o seu país, onde ele pode ser executado por crime de traição.
Como o fundador do Wikileaks, Barankov atuou para denunciar escândalos no governo ditatorial da Bielorrússia na Internet. O alarde em torno de Assange ofusca o drama de Barankov, que pode ser extraditado a qualquer momento para o país, que é o novo aliado de Correa, normalmente descrito como a “última ditadura” na Europa.
Barankov chegou a Quito em 2008 favorecido pelas leis frouxas de imigração no Equador. Ele, que também foi policial, criou um blog para denunciar corrupção e outros crimes supostamente cometidos pelas forças de segurança do ditador Alexander Lukashenko. No começo, Barankov recebeu o status de refugiado, mas em junho passado, após uma visital oficial de Lukashenko a Quito, Barankov foi preso e aguarda decisão da justiça sobre o pedido de extradição. A situação de Barankov evidencia a hipocrisia do governo Correa e a sem-vergonhice de Assange, pronto para denunciar os segredos de alguns e buscar acolhida junto a outros que abafam a livre expressão.
Onde o governo Correa irá se refugiar moralmente se entregar Barankov para o amigo ditador da Europa Oriental? Lukashensko é o sujeito que disse que é melhor “ser um ditador que ser gay”. Melhor não ser amigo dele.
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