Após captar R$ 9,7 bi, Eike começa a sair da bolsa
Foto: Divulgação_Silésio Correa/Divulgação
VENDENDO NO MERCADO ABERTO PROJETOS QUE AINDA NÃO SAÍRAM DO PAPEL, ELE CHEGOU AO POSTO DE 8º HOMEM MAIS RICO DO MUNDO; AGORA, QUANDO NÃO ENTREGA O PROMETIDO, COMEÇA A RECUAR DA BOLSA, DEIXANDO MILHARES DE PARCEIROS CRENTES A VER NAVIOS
247 – "O golpe do ano... Decepção com Eike". Assim define, no portal especializado em mercado financeiro Infomoney, um dos primeiros leitores da principal notícia desta segunda-feira 30: a confirmação, pelo próprio Eike, do fechamento de capital da LLX Açu Operações Portuárias. O movimento será feito por meio de uma OPA – Oferta Pública de Aquisição de Ações, ao valor de R$ 3,13 por ação. Para quem está comprando, repita-se, o próprio Eike por meio de sua holding OGX, é um grande negócio. Afinal, apenas este ano o papéis da LLX se desvalorizaram mais de 15%, resultado de uma série de frustrações em relação à construção do porto no litoral do Rio de Janeiro – feita em águas rasas, a obra demandou a estruturação de um longo pier e, até o momento, não tem plataforma para que qualquer navio possa ali atracar. O fracasso em relação à obra foi, é claro, notado pelo mercado, em que pese a divulgação, nos últimos tempos, de mais de 50 fatos relevantes pela LLX, todos eles transbordantes em otimismo.O anúncio do fechamento de capital fez com que, antes das 11h00 desta segunda 30, as ações da LLX se valorizassem em 5,96%.
Em 2008, quando lançou a LLX em bolsa, Eike conseguiu com a operação uma parte do total dos R$ 9,7 bilhões que suas empresas, sob as asas da OGX, obtiveram em bolsa de investidores de todos os portes nos últimos anos. O bilionário usou como estratégia combinar os interesses de suas companhias, de modo a produzir a sensação de intenso desenvolvimento. A LLX, por exemplo, nasceu para carregar o minério que seria extraído pela MMX que, por sua vez, seria transportado em navios da OSX. Até aqui, porém, não há minério, nem porto, nem navios. Mas o dinheiro que entrou nos IPOs – a sigla em inglês para abertura de capital – chegou a fazer de Eike o oitavo homem mais rico do mundo, no ranking da revista Forbes.
Hoje, com a derrocada das operações e a decepção com os papéis de suas companhias, ele já desce para o 21º lugar no ranking de bilionários da agência Bloomberg, mas ainda assim com uma fortuna avaliada em US$ 20,7 bilhões.
A frustração é, efetivamente, grande. Tome-se o exemplo do desempenho da OSX, empresa de estaleiros do grupo EBX. Ela aparece em primeiro lugar no ranking mundial das empresas com pior desempenho nas ofertas públicas iniciais de ações, segundo a edição de agosto da revista Bloomberg Markets, que já circula.
A OSX abriu capital em março de 2010 e, nos primeiros três meses de negociação, segundo a publicação, viu seus papéis recuarem mais de 43%. Em segundo lugar, aparece a empresa polonesa Jastrzebska Spolka Weglowa, cujas ações caíram 40,22%.
Quanto a LLX, cujos rumores de fechamento de capital eram negados com veemência até a semana por Eike, nos últimos pregões o movimento foi o inverso, com altas expressivas. A valorização desses papéis chegou a 28,96% no mês de julho, mas ainda assim as perdas em relação ao início do ano era de mais de 15%. As altas dos últimos dias podem ter levado investidores grandes da LLX, entre os quais, talvez, o próprio Eike, a aproveitar o momento para vender papéis. O certo, porém, é que ele os comprará por R$ 3, 13 cada um, o que é bem menos que os mais de R$ 4 que valiam nos tempos da abertura de capital. Ou seja, quem ficou com o papel até agora, acreditando nas projeções de Eike, só perdeu.
Abaixo, notícia do portal Infomoney sobre o fechamento de capital da LLX:
O empresário Eike Batista confirmou nesta segunda-feira (30) os planos de fechar o capital da LLX (LLXL3), braço de logística do grupo EBX, conforme adiantado pelo Portal InfoMoney na semana passada.
Em correspondência enviada ao conselho de administração da empresa, o bilionário informou a intenção de, diretamente ou por meio de afiliadas, adquirir até 100% das ações da LLX em circulação no mercado.
A ideia é fazer uma OPA (oferta pública de aquisição de ações) para cancelar o registro de companhia aberta da LLX junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e, consequentemente, da saída da LLX do Novo Mercado.
O preço máximo por ação na OPA será de R$ 3,13, o qual deverá ser pago integralmente em dinheiro. O valor por ação inclui um prêmio de aproximadamente 25% sobre o preço médio ponderado pelo volume de R$ 2,50 das ações da LLX na BM&FBovespa nos últimos 20 pregões.
Segundo maior acionista
Em comunicado, a companhia explica que a Ontario Teachers Pension Plan (Teachers'), o segundo maior acionista da LLX, depois de Eike Batista, firmou o compromisso de aumentar sua participação societária minoritária na empresa, por meio da OPA.
Em comunicado, a companhia explica que a Ontario Teachers Pension Plan (Teachers'), o segundo maior acionista da LLX, depois de Eike Batista, firmou o compromisso de aumentar sua participação societária minoritária na empresa, por meio da OPA.
A operação passará pela aprovação dos acionista em Assembleia Geral Extraordinária, ainda sem data definida. Cabe lembrar que a OPA ainda está sujeita a aprovações regulatórias pela CVM e pela BM&FBovespa.
De acordo com o ranking de bilionários da agência Bloomberg, o empresário Eike Batista ocupa, nesta quinta-feira (19), o 21º lugar. O brasileiro, que chegou a ocupar a oitava posição no mês de março, tem sua fortuna avaliada atualmente em US$ 20,7 bilhões.
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